quinta-feira, 1 de abril de 2021

Crítica – Os Novos Mutantes

Análise Crítica – Os Novos Mutantes

Review Crítica – Os Novos Mutantes
Eu fiquei curioso por Os Novos Mutantes na época que foi anunciado. A ideia de um filme de terror situado no universo mutante parecia promissora e tinha potencial para trazer frescor ao molde já previsível de tramas de super-heróis. O problema é que veio a compra da Fox pela Disney e o filme, apesar de pronto e finalizado, ficou na gaveta enquanto a Disney pensava o que fazer com ele. Pelo menos duas ondas de refilmagens foram realizadas e a esse ponto eu já imaginava que quando fosse efetivamente lançado seria uma bagunça sem sentido do nível de Quarteto Fantástico (2015).

A trama começa quando a jovem Danielle Moonstar (Blu Hunt) chega a uma isolada instalação médica liderada pela doutora Reyes (Alice Braga). Dani acabou de passar por uma tragédia familiar, perdendo toda a família, e é informada por Reyes que foi acolhida na instituição por ter poderes mutantes e precisa colocá-los sob controle. Na instituição Dani conhece os outros jovens internos, Rahne (Maisie Williams), Sam (Charlie Heaton), Roberto (Henry Zaga) e Illyiana (Anya Taylor-Joy). Aos poucos coisas estranhas começam a acontecer no instituto conforme os personagens começam a ter visões de traumas passados.

A ideia aqui seria justamente ser mais um terror do que um “filme de herói” propriamente dito, focando na exploração dos traumas desses personagens e no mistério do que está por trás daquela instituição ou dos fenômenos estranhos que ocorrem no local. O problema aqui nem é a abordagem mais lenta, mas que não há muita substância para sustentar as propostas narrativas.

É difícil construir uma aura de mistério ao redor de Reyes, da intenções da instalação ou dos fenômenos estranhos quando é óbvio desde o início que Reyes quer fazer experimentos com os jovens mutantes (e não ajudá-los como declara) e que as visões são claramente fruto dos poderes psíquicos descontrolados de Dani. É curioso que Reyes, apresentada como uma cientista experiente em lidar com mutantes, não consiga perceber que as visões e experiências estranhas narradas por outros internos começam exatamente quando Dani chega ao local. É bem evidente para nós, a audiência, o que está acontecendo, mas ainda assim precisamos cruzar os braços e esperar que os personagens atentem para algo que já sabemos. Ainda assim, a narrativa consegue criar algumas imagens macabras como a cena da mina envolvendo Sam ou as criaturas sem rosto que aparecem para Illyiana

O elenco consegue trazer a natureza traumatizada desses jovens, cada um deles tendo machucado pessoas ao redor por conta de seus poderes, mas o texto passa muito rápido pelas histórias de cada um deles fazendo tudo soar superficial. É uma pena, já que há entrosamento no elenco, em especial na personalidade agressivamente debochada de Illyiana ou na relação entre Dani e Rahne, no entanto, fica a impressão de um filme que corre para chegar no clímax e entregar um confronto final mais próximo de um filme típico de super-herói.

O problema do clímax nem é a batalha em si, mas a forma fácil com a qual os traumas de Dani são rapidamente resolvidos. Como que por pura exigência de roteiro, a personagem simplesmente tem uma epifania que a liberta de todos os medos e a permite controlar os poderes. É um desenvolvimento que não soa devidamente construído ou merecido e simplifica demais os conflitos internos da personagem, reduzindo-os a um medo descontrolado e pouco lidando com o fato de que ela matou toda a família, algo que imaginamos que pesaria demais na consciência de uma jovem e não seria um trauma eliminado de modo tão fácil e rápido.

Não é o desastre que imaginei que seria, mas Os Novos Mutantes carece de uma atmosfera de suspense e estranhamento para funcionar como o terror que se pretende, além de ser prejudicado por um desenvolvimento superficial de seus personagens.

 

Nota: 5/10


Trailer

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