A trama segue Marie Curie (Rosamund Pike) desde o momento inicial de suas pesquisas, quando conheceu o marido, Pierre (Sam Riley), até a morte da cientista. Ao longo da trajetória conhecemos as contribuições de Marie para a ciência, bem como elementos de sua vida pessoal e os problemas que ela teve de enfrentar por ser uma mulher em um ambiente profissional dominado por homens.
A direção de Marjane Satrapi (responsável por Persépolis e As Vozes) tenta nos manter imersos no processo mental de Curie, com cortes rápidos que nos mostram os vários processos e experimentos entrecortados com imagens de átomos ou outros elementos gráficos que ajudem a tornar acessível a compreensão do trabalho da protagonista. Já era esperado um certo nível de exposição dos diálogos para falar sobre o trabalho científico de Marie, mas o filme traz uma exposição em excesso até para falar da vida pessoal da personagem.
Isso se deve muito às escolhas do roteiro, que fazem constantes saltos temporais e obrigam longas explicações para ficar situando o espectador do que aconteceu entre uma cena e outra. Tudo isso faz o filme soar excessivamente fragmentado, uma colagem de cenas malmente conectadas cujo todo acaba sendo menor que a soma de suas partes. Tudo passa rápido demais ao ponto de não ser capaz de causar muito impacto no espectador porque não houve tempo suficiente de construir certas relações ou eventos diante da câmera por conta da pressa da narrativa em abranger o máximo da vida de sua biografada. Mais parece que estamos diante de um VT de “melhores momentos” de Marie Curie do que de um estudo biográfico consistente. Muito é dito sobre o que os personagens sentem ou passam, mas pouco é efetivamente mostrado ou sentido.
O expediente de entrecortar as falas dos personagens com eventos futuros que mostram o impacto da radiação no mundo, como o bombardeio a Hiroshima ou o desastre em Chernobyl trabalham mais contra a trama, deixando ela ainda mais fragmentada e travando ainda mais seu ritmo, do que em favor dela. O primeiro destes segmentos, do bombardeio de Hiroshima intercalado com o discurso de Pierre sobre os perigos da radiação, até faz sentido por se conectar diretamente com a fala de um dos personagens e por ser breve o suficiente não prejudica o andamento da narrativa, mas em outros momentos esse dispositivo soa mais como uma interrupção que trava o progresso dos personagens.
Rosamund Pike faz o melhor que pode para trazer o estilo obstinado, a fala direta e as excentricidades do comportamento de Curie. A atriz, no entanto, é prejudicada por um texto que está mais interessado em apenas mostrar o que a cientista fez do que entender o que movia seu ímpeto de pesquisa ou como ela se tornou essa pessoa. Se a ideia era meramente explicar quem foi Marie Curie ao invés de tentar entendê-la, melhor seria fazer um documentário.
Com uma estrutura excessivamente fragmentada e expositiva, Radioactive apresenta um olhar
superficial para a vida de Marie Curie, embora traga uma interpretação
esforçada de Rosamund Pike.
Nota: 5/10
Trailer
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