A trama é protagonizada por Kayla (Chloe Moretz), que conseguiu um emprego temporário em um hotel de luxo. Seu hotel está para ser o palco do casamento das celebridades Preeta (Pallavi Sharda) e Ben (Colin Jost) e o supervisor de Kayla, Terence (Michael Peña), pede que ela livre o hotel do rato que passou a morar no local, Jerry. Para conseguir espantar o rato, ela traz o gato Tom e assim espera salvar o emprego.
Como deu para perceber pela sinopse e pela fórmula que eu expliquei acima, Tom e Jerry são praticamente coadjuvantes no próprio filme, escanteados por personagens humanos com os quais ninguém se importa e são porcamente desenvolvidos pelo roteiro. O conflito principal gira em torno de um casamento cujos envolvidos mal conhecemos ou vemos na tela e mesmo quando os vemos, há muito pouco para que nos importemos com eles, especialmente Ben, que soa como uma babaca deslumbrado sempre que aparece em cena.
Poderíamos dizer que é com Kayla que devemos nos importar ou torcer, mas ela é uma página em branco. Em tese deveríamos nos importar porque ela está sob o risco de perder o emprego, mas porque exatamente ela tem essa urgência de não perder mais um trabalho depois que a vimos ser demitida nos minutos iniciais? Ela está para ser despejada do apartamento? Ela precisa do dinheiro para pagar a faculdade? Custear as despesas médicas de um ente querido? Não, o roteiro apenas nos informa que ela não quer perder o emprego e isso é aparentemente tudo que precisamos saber sobre ela, que não exibe mais nenhum outro traço de personalidade ou informação.
A maioria das tentativas de humor envolvendo os personagens
humanos causa mais constrangimento do que risos graças a diálogos pavorosos que
raramente fazem sentido e não conseguem nem criar um senso de absurdo ou
excentricidade, são apenas uma coleção de vários nadas feitos para encher a
minutagem de um longa-metragem. Chega a ser difícil ver atores como Michael
Peña (uma das coisas mais divertidas dos filmes do Homem-Formiga) serem
desperdiçados em um material tão desgraçadamente ruim.
A trama progride sem muito senso de ritmo ou lógica. É muito estranho que a primeira ideia de Kayla para lidar com um rato, por exemplo, seja a de trazer um gato de rua para um hotel ao invés de, sei lá, tentar chamar um exterminador. Bastaria algum diálogo de que o processo chamaria atenção demais dos hóspedes ou necessitaria de que o hotel fosse esvaziado para que fosse descartado como alternativa e, aí sim, faria sentido a personagem tentar recorrer a um gato para caçar a praga. Do mesmo modo, é difícil crer que Ben transportaria dezenas de animais exóticos sem informar previamente o hotel ou que o local aceitaria tranquilamente animais selvagens como tigres em seu saguão apenas para satisfazer um cliente celebridade arriscando as vidas e boa vontade de seus outros clientes ricos.
As cenas de perseguição entre Tom e Jerry são as coisas mais divertidas do filme, mas devem ocupar no máximo cerca de vinte minutos dos quase cem de duração. São breves lampejos do espírito caótico da animação original, infelizmente diluídos dentro de uma trama arrastada permeada por personagens entediantes. A maioria dessas gags são recriações de cenas dos desenhos clássicos, apelando para a nostalgia dos adultos ao mesmo tempo em que as reapresenta a um público mais novo. Isso, no entanto, deixa a pergunta, se a intenção era simplesmente trazer de volta esses momentos cômicos clássicos dos desenhos animados, porque não fazer uma nova série animada? Seria mais eficiente e barato do que torrar milhões para forçar um longa-metragem em personagens que sempre foram construídos ao redor de esquetes curtos, cujo conceito simples talvez não consiga sustentar um filme de pouco mais de uma hora e meia.
Com pouquíssimos momentos divertidos, Tom & Jerry se perde em uma narrativa inane, permeada de
personagens vazios que nunca chega perto de captar a energia dos desenhos
originais.
Nota: 2/10
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