Na trama, Theo (Kevin Bacon) é um ex-banqueiro marcado pelo trauma da morte da primeira esposa. Ele viaja com a filha e a atual esposa, a atriz Susanna (Amanda Seyfred), uma mulher mais jovem que ele, para alguns dias de férias em uma casa de campo no interior do País de Gales. Logicamente, nem tudo é o que parece e fenômenos estranhos começam a acontecer na casa.
Há um esforço genuíno da parte de Kevin Bacon em dotar Theo de complexidade, fazendo dele um sujeito marcado por dor e trauma, mas, ao mesmo tempo, cheio de inseguranças em relação a estar casado com uma mulher mais jovem, algo evidenciado quando ele vai visitá-la num set de filmagem e reage incomodado ao ser perguntado se é o pai de Susanna. Todos esses problemas fazem o protagonista agir com certa amargura e de maneira passivo-agressiva em relação à esposa, com uma desconfiança que nos deixa em dúvida se é apenas insegurança ou se há algo ali. É um personagem difícil de se conectar por se comportar de maneira tão desagradável a maior parte do tempo, mas Bacon dá sentimentos tão verdadeiros a ele que conseguimos enxergar a humanidade machucada dentro dessa personalidade tão complicada.
As discussões entre ele e Susanna envolvem pela maneira mais seca com a qual a são filmadas, sem recorrer a histrionismos e gritos para marcar os conflitos entre aquelas duas pessoas. O que vemos são trocas de farpas e tentativas de não escalar a discussão ainda que ambos estejam claramente magoados com as palavras do outro. A questão é que lá pela metade da minutagem Susanna vai embora, deixando Theo sozinho na propriedade isolada com a filha e aí a coisa degringola.
O que se segue é uma tentativa de construir suspense em cima de uma série de sustos óbvios e clichês de casas mal assombradas. Alguns segmentos parecem saídos direto de O Iluminado, em especial um que envolve uma mulher em uma banheira, e todo o funcionamento da casa e o modo como ela funciona como uma espécie de farol para a obtenção de almas é definido de modo tão vago que é difícil saber do que o filme quer que tenhamos medo ou quando devemos ficar tensos pelos personagens. Assim como no fraco Vigiados (2020), o que começa como um estudo de personagem desaba em um terror genérico.
O desfecho até tenta amarrar tudo de volta na questão dos traumas de Theo, no entanto, a impressão é mais de um final pensado para chocar e criar a sensação de uma grande reviravolta. Afinal, até então não havia nenhum indicativo da informação dada pelo protagonista a respeito da morte da primeira esposa e a questão das mensagens em cadernos e paredes serem ele no futuro (a casa permite viajar no tempo? Como isso funciona?) é outro elemento jogado de qualquer jeito durante o clímax, sem a devida construção para funcionar de maneira orgânica na narrativa, mais parecendo um expediente pensado apenas para causar choque e surpresa.
Você Deveria Ter
Partido conta com uma interpretação dedicada de Kevin Bacon, mas o texto
parece mais interessado em reproduzir clichês de filmes de terror do que
explorar a complexidade de seu protagonista e a complicada relação dele com a
jovem esposa.
Nota: 4/10
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2 comentários:
Aff ! Filme chato e sem sentido ou eu sou muito burra
Eu acho que ele já s morto e não aceita partir.
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