Drops – Medalha de Bronze

 

Este Medalha de Bronze é estruturalmente uma narrativa sobre esporte bem típica, com a protagonista em uma jornada para se tornar uma versão melhor de si mesma, vencer uma competição e explorar seus traumas do passado. O que impede o filme de ser meramente uma coleção de lugares comuns é sua protagonista Hope Ann (Melissa Rauch, a Bernardette de The Big Bang Theory).

Na trama, Hope é uma ex-ginasta que continua vivendo da fama de ter vencido uma medalha de bronze nas Olimpíadas uma década atrás. Ela passa os dias vagando por sua cidade natal comendo e recebendo produtos de graça no comércio local. Quando sua antiga treinadora comete suicídio, Hope fica sabendo que ficará com a herança, mas para receber o dinheiro precisa treinar uma nova promessa local da ginástica, Maggie (Haley Lu Richardson).

Hope se comporta como uma criança mimada, achando que todos lhe devem reverência e obediência por conta de seu passado. A insistência da personagem andar vestida com o jaqueta da equipe de ginástica de dez anos atrás mostra como ela está parada nessa fase da vida. Se sentindo amargurada pela lesão que lhe tirou a chance de um futuro ainda melhor no esporte, ela se engaja em uma rotina autodestrutiva de consumo de drogas. Também apegado ao passado é o técnico interpretado por Sebastian Stan, que protagoniza, ao lado de Rauch, uma das cenas de sexo mais hilárias da história recente.

É uma personagem que poderia descambar para uma caricatura irritante, mas o trabalho de Rauch consegue inserir nuance suficiente para enxergarmos humanidade nela. Rauch deixa sempre uma insegurança subjacente em Hope, como se ela morresse de medo de ser esquecida. A atriz constantemente nos dá vislumbres sutis do que se passa sob a fachada abrasiva da personagem, como o leve sorriso que ela dá ao abraçar Ben (Thomas Middletich) no final do encontro dos dois, mostrando que, apesar de fazer graça com Ben, está genuinamente feliz de estar ali e saber que ele tem afeto por ela.

Ainda assim, imagino que muita gente terá dificuldade de embarcar no filme por conta da personalidade desagradável da protagonista. Sem ela, no entanto, o que sobra é uma trama relativamente previsível, já que mesmo a reviravolta envolvendo Maggie é algo que a trama dava leves dicas ao sugerir uma conduta meio oportunista da mãe da garota. O final também acaba resolvendo de maneira muito fácil e conveniente o temor de Hope em ser esquecida, mantendo o status quo da personagem ainda que ela tenha saído melhor da experiência.

 

Nota: 6/10

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