segunda-feira, 31 de maio de 2021

Crítica – Cruella

 

Análise Crítica – Cruella

Review – Cruella
Não estava lá muito empolgado para este Cruella, tentativa da Disney de contar a origem da vilã de 101 Dálmatas (1961), que chegou a ser interpretada nos cinemas por Glenn Close. Meu principal temor é que fizessem com a vilã o mesmo que fizeram como Malévola nos filmes estrelados por Angelina Jolie, removendo a maldade da personagem e tratando-a mais como uma vítima incompreendida do que alguém que se regozija na própria maldade. Felizmente isso não acontece tanto aqui, com o filme conseguindo manter a natureza implacável de Cruella ao mesmo tempo em que nos dá razões para torcer por ela.

A trama se passa na década de 60 e segue a jovem Cruella (Emma Stone) vivendo de pequenos golpes ao lado dos amigos Gaspar (Joel Fry) e Horácio (Paul Walter Hauser) até conseguir uma oportunidade de trabalhar na butique mais luxuosa de Londres, a que vende as roupas da Baronesa (Emma Thompson), a mais importante estilista do país. Querendo se tornar uma designer de moda, Cruella começa a trabalhar para a Baronesa, mas logo descobre informações surpreendentes sobre seu passado.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Rapsódias Revisitadas – Tony Manero

 

Análise Crítica – Tony Manero

Review – Tony Manero
Misturar ditadura militar chilena com o icônico personagem de John Travolta em Os Embalos de Sábado à Noite (1977) parece algo que não faz sentido. Afinal, que relações podem ser estabelecidas entre esse personagem dançarino e um período brutal da história latino-americana? Para o diretor Pablo Larraín, responsável por este Tony Manero, a resposta é que se pode usar o personagem de Travolta para fazer uma poderosa metáfora sobre a ditadura chilena.

A trama se passa durante a ditadura militar chilena e é centrada em Raúl (Alfredo Castro), um pequeno criminoso de meia-idade que vive na periferia de Santiago e é completamente obcecado pelo filme Os Embalos de Sábado à Noite. Raúl deseja participar de um concurso de sósias de Tony Manero em um programa de televisão local e para isso quer construir uma performance e uma caracterização mais parecida possível com o personagem de Travolta.

A obsessão de Raúl com o filme o torna extremamente violento contra qualquer um que se coloque em seu caminho. Isso fica evidente, por exemplo, quando o cinema em que ele vai repetidas vezes assistir o filme de John Travolta tira a película de cartaz e a substitui por Grease: Nos Tempos da Brilhantina (1978). Quando isso acontece, Raúl vai até a sala de projeção e brutalmente espanca o projecionista. Em outro momento, o protagonista segue uma idosa até a casa dela para matá-la e roubar sua televisão a cores.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Crítica – Army of the Dead: Invasão à Las Vegas

Análise Crítica – Army of the Dead: Invasão à Las Vegas


Review Crítica – Army of the Dead: Invasão à Las Vegas

A ideia de um filme de roubo em meio a um apocalipse zumbi parece sob medida para um divertido blockbuster de ação que deixe o espectador entretido por algum tempo. Em tese Army of the Dead: Invasão à Las Vegas deveria ser isso, mas se alonga mais do que deveria considerando seu fiapo de trama ao ponto de ficar maçante.

Na trama, a cidade de Las Vegas e parte do estado de Nevada foram isoladas depois de um surto zumbi infestou a cidade. O governo planeja lançar em poucos dias uma bomba nuclear na região para resolver o problema. Em meio a isso está Scott (Dave Bautista) um dos poucos a ter enfrentado o início da infestação e ter saído com vida da cidade. Scott é procurado pelo bilionário Tanaka (Hiroyuki Sanada) como uma proposta lucrativa: recuperar 200 milhões guardados em um cofre subterrâneo no hotel-cassino de sua propriedade em Las Vegas aproveitando a desocupação das fronteiras da área de quarentena para penetrar na região, recuperar o dinheiro e sair antes do bombardeio.

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Crítica – Judas e o Messias Negro

 

Análise Crítica – Judas e o Messias Negro

Review – Judas e o Messias Negro
De início imaginei que o título deste Judas e o Messias Negro operava em uma grande hipérbole, mas, de fato, a trama do informante que entregou um dos principais líderes dos Panteras Negras em troca de dinheiro lembra a jornada de Judas entregando seu messias por um punhado de moedas.

Baseada em fatos reais, a narrativa acompanha Bill O’Neal (Lakeith Stanfield), um pequeno criminoso que é pego pelo FBI e é transformado em informante, sendo mandado para se infiltrar nos Panteras Negras e vigiar Fred Hampton (Daniel Kaluuya), líder da filial de Illinois do partido. A história é contada pela estrutura típica do infiltrado que se aproxima demais daquele que devia investigar, perde um pouco de sua perspectiva e fica em dúvida sobre a missão, mas o desenvolvimento dos personagens tem nuance o suficiente para envolver.

A narrativa capta bem o momento de instabilidade social da década de 1960 conforme diferentes movimentos sociais, como os movimentos negros, passaram a lutar por igualdade e direitos civis. Muitos desses movimentos, como os Panteras Negras, eram tratados como grandes ameaças à ordem pública pelas autoridades federais, temendo um levante da população menos favorecida.

terça-feira, 25 de maio de 2021

Crítica – Resident Evil: Village

 

Análise Crítica – Resident Evil: Village

Review – Resident Evil: Village
Me surpreendi positivamente com a maneira com a qual Resident Evil 7: Biohazard reinventava a famosa franquia de survival horror da Capcom investindo ainda mais no terror e no gerenciamento de recursos. Depois de dar nova vida à série, a Capcom decidiu continuar a história de Ethan Winters misturando elementos do jogo anterior com muitas mecânicas de Resident Evil 4, que considero o melhor da série, neste Resident Evil: Village.

A trama se passa alguns anos depois dos eventos na propriedade dos Baker. Ethan e Mia agora vivem na Europa com a filha recém-nascida Rose, protegidos por Chris Redfield e BSAA. Isso até que Chris invade a casa deles, mata Mia, leva Rose embora e captura Ethan. O comboio que levava Ethan preso é atacado e ele se vê em uma estranha vila no interior europeu que é povoada por estranhas criaturas. Quem lidera essas criaturas é a misteriosa Mãe Miranda, que aparentemente pegou Rose. Assim, Ethan precisa derrotar os quatro lordes monstros que governam a vila para chegar até Mãe Miranda.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Drops – Oxigênio

 

Análise Crítica– Oxigênio

Review Crítica– Oxigênio
Uma mulher (Melanie Laurent) acorda sem memória dentro de uma cápsula criogênica. A cápsula está defeituosa, perdendo aos poucos seu suprimento de oxigênio e ela só pode ser aberta com um código específico que a protagonista não se lembra. Assim, a mulher precisa se lembrar quem é e qual seu código para conseguir abrir a cápsula antes que o oxigênio se esgote. A premissa deste Oxigênio já é por si só carregada de tensão por seu espaço diminuto e corrida contra o tempo, o problema é como essa trama é conduzida.

Melanie Laurent traz um sentimento palpável de confusão e desespero da personagem, algo essencial para embarcarmos na história já que o rosto dela está presente durante 95% do filme. A principal interação da protagonista é com a inteligência artificial (voz de Mathieu Amalric) que controla o funcionamento da cápsula e a única maneira que ela tem de entrar em contato com o mundo exterior e entender o que está acontecendo.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Crítica – Monstro

 Análise Crítica – Monstro


Review – Monstro
O cinema hollywoodiano tem produzido diversas representações (ficcionais e documentais) do tratamento injusto que o sistema judiciário e policial dos Estados Unidos dá a populações não brancas, especialmente às comunidades negras. Este Monstro, adaptação de um romance de Walter Dean Myers, se encaixa nessa tendência, ainda que tenha pouco a acrescentar ao debate dessas questões.

A trama é centrada em Steve (Kelvin Harrison Jr), um jovem de 17 anos aspirante a cineasta e morador do Harlem que é acusado de um crime que não cometeu simplesmente por ser um adolescente negro de periferia que estava próximo do local quando tudo aconteceu. A trama acompanha o julgamento de Steve, as dificuldades dele em se adaptar à vida da prisão, bem como a vida pregressa do protagonista com todos os sonhos e planos que ele tinha.

A narrativa aponta o problema, a conduta preconceituosa de policiais e promotores que julgam Steve por sua cor e sua origem e não pelos fatos em si. Mostra como a sociedade tende a tratar automaticamente um negro periférico como bandido mesmo quando não há praticamente nenhuma evidência objetiva para tal, com o promotor inclusive tentando transformar qualquer elemento da vida de Steve, como sua paixão por cinema, em uma prova de que ele seria um criminoso dissimulado e estaria mentindo para os jurados do tribunal.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Crítica – Castlevania: 4ª Temporada

 Análise Crítica – Castlevania: 4ª Temporada


Review – Castlevania: 4ª Temporada
Chegando em sua quarta e última temporada, Castlevania se sedimenta como a melhor adaptação audiovisual de um jogo de videogame. Mesmo que a trama fique um pouco à deriva às vezes, o texto nunca esquece o desenvolvimento de seus personagens e constantemente adiciona camadas a eles, tornando-os indivíduos complexos e interessantes de acompanhar.

Repercutindo os eventos da última temporada, acompanhamos Trevor (Richard Armitage) e Sypha (Alexandra Reynoso) vagando pelo país caçando aqueles que insistem em tentar ressuscitar Drácula (Graham McTavish). Ao mesmo tempo, Alucard (James Callis) sai de seu isolamento e desconfiança da humanidade para ajudar uma vila próxima que está sendo atacada por criaturas da noite, sem desconfiar que está sendo usado como parte de um complexo plano arquitetado pelo alquimista Saint Germain (Bill Nighy) para ressuscitar Drácula.

Reconstrução parece ser o tema central desta temporada. Conforme os personagens vão percebendo que, de um jeito ou de outro, seus planos e suas jornadas estão próximas ao fim, eles começam a pensar nas possibilidades de reconstruírem suas vidas ou nos próximos passos após o fim. Isso fica evidente na jornada de Isaac (Adetokumboh M'Cormack), que começa a pensar no que vai fazer após concluir sua vingança contra Hector (Theo James) e Carmilla (Jaime Murray), usando suas habilidades para reconstruir as cidades que deixou em ruínas e até ponderando sobre como as criaturas da noite são muito mais que máquinas de matar irracionais.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Crítica – A Mulher na Janela

 

Resenha Crítica – A Mulher na Janela

Review – A Mulher na Janela
Dirigido por Joe Wright, este A Mulher na Janela mira em ser uma espécie de Janela Indiscreta (1954) contemporâneo, mas o resultado decepciona em relação à filmografia do diretor e fica mais próximo de tentativas desastrosas de suspense psicológico como A Cor da Noite (1994).

A trama acompanha Anna (Amy Adams) uma mulher agorafóbica que mora em Nova Iorque e há anos não sai de casa por conta de um trauma passado. A rotina dela muda com a chegada de novos vizinhos na casa da frente, cuja relação parece conturbada. O garoto, Ethan (Fred Hechinger), parece ter medo do pai, Alistair (Gary Oldman). Um dia Anna vê a esposa de Alistair, Jane (Julianne Moore), ser aparentemente esfaqueada por ele, mas quando denuncia à polícia, o vizinho mostra que a esposa está viva e bem, mas a mulher que aparece como Jane (Jennifer Jason Leigh) é bem diferente da que Anna conheceu. Assim, a mulher tenta descobrir o que está acontecendo.

O primeiro problema é a unidimensionalidade e histrionismo dos personagens. Apesar de Joe Wright conduzir tudo como um suspense sério e estilizado, todo mundo se comporta como se estivesse em um suspense B exagerado. Fred Hechinger pesa tanto a mão na composição de “jovem desequilibrado” que vira uma caricatura ridícula prejudicada por diálogos bizarros como aquele em que ele comenta sobre línguas de gato. Já Gary Oldman se limita a gritar o tempo todo e nem é aquela histeria divertida que o ator já apresentou em filmes como O Profissional (1994) quando interpretou um policial constantemente drogado, aqui soa despropositadamente excessivo.

terça-feira, 18 de maio de 2021

Crítica – Mortal Kombat

 Análise Crítica – Mortal Kombat


Review – Mortal Kombat
Eu estava empolgado por essa nova versão de Mortal Kombat nos cinemas. Ainda considero Mortal Kombat: O Filme (1995) uma das melhores adaptações de games para os cinemas, sendo fiel ao espírito dos jogos mesmo sem apresentar a violência extrema deles, um detalhe que só me dei conta quando reparei que a nova versão teria classificação indicativa alta por conta da violência e o filme de 1995 tinha uma classificação etária mais baixa. Mais do que trazer os brutais fatalities, o novo filme parecia entender e respeitar a construção de mitologia e universo que os games faziam em seus últimos exemplares. Tudo dava a entender que poderia ser muito bom, mas ao assistir o filme o único sentimento é o de decepção.

A trama apresenta Cole Young (Lewis Tan), um lutador decadente de MMA. Quando ele é visitado pelo major Jax Briggs (Mehcad Brooks), Cole descobre que a marca de nascença em forma de dragão que ele possui é na verdade uma marca que designa os lutadores escolhidos para defender a Terra em um torneio interdimensional chamado Mortal Kombat. Os adversários vem do lugar conhecido como Extoterra e são liderados pelo feiticeiro Shang Tsung (Chin Han) que estão a uma vitória de conseguirem invadir nosso planeta.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Crítica – Depois a Louca Sou Eu

 

Análise Crítica – Depois a Louca Sou Eu

Review – Depois a Louca Sou Eu
Tentando falar sobre questões sérias como transtornos de ansiedade de maneira acessível, Depois a Louca Sou Eu consegue apresentar o tema com leveza sem, no entanto, parecer menosprezá-lo. A trama é centrada em Dani (Debóra Falabella), que desde muito pequena sofre com problemas de ansiedade. Ao chegar na fase adulta, ela tenta diferentes meios de lidar com seus problemas, mas descobre que não há maneira fácil de conviver com isso.

O texto acerta em construir uma abordagem bem humorada sem, em geral, transformar o problema da personagem no principal alvo das piadas ou em um atributo que a torne patética. Digo em geral porque em alguns momentos, o humor parece se direcionar para nos mostrar a conduta de Dani sob uma ótica de ridículo, o que compromete a ideia de tentar fazer o público ter empatia por quem sofre desses problemas.

Ainda assim, o material reconhece as dificuldades em conviver com o problema e como cada tratamento ou medicação, apesar de resolver certos aspectos da questão, criam outros efeitos colaterais. O humor também mira em algumas pseudociências e tratamentos “alternativos” que prometem muito mais do que são capazes de cumprir e existem para arrancar dinheiro de pessoas desesperadas por algum tipo de cura.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Drops – O Informante

 Análise Crítica – O Informante


Review  – O Informante
Este O Informante é daqueles filmes que é bem executado, mas não faz nada que já não tenhamos visto em outras produções do gênero. A trama gira em torno de um pequeno criminoso, Koslow (Joel Kinnaman), que é transformado em informante por Wilcox (Rosamund Pike), uma agente do FBI. A missão de Koslow é se aproximar de um chefão da máfia polonesa, mas ação é estragada pela presença de um policial de Nova Iorque infiltrado na gangue que é descoberto acidentalmente por Koslow. Com o policial morto, a única maneira de Koslow manter o disfarce é aceitando ir para a prisão e assumir o tráfico dos poloneses dentro do presídio.

A operação se complica quando Grens (Common), um colega do policial morto, começa a investigar o caso, ameaçando a operação do FBI. Wilcox é colocada em um dilema entre se proteger e se desconectar de Koslow para não ser responsabilizada pela morte do policial ou manter a operação e proteger o infiltrado e a família dele. Ao mesmo tempo, o chefe de Wilcox, Montgomery (Clive Owen) quer que ela entregue Koslow a uma facção criminosa rival para que ele seja morto e apague as provas de que o FBI estava envolvido com a morte de um policial.

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Crítica – Últimas Notícias de Yuba County

 

Análise Crítica – Últimas Notícias de Yuba County

Review – Últimas Notícias de Yuba County
É difícil olhar para esse Últimas Notícias de Yuba County e não pensar na filmografia dos irmãos Coen, especialmente Fargo (1996) por conta de também ser um filme que transita entre vários gêneros e também contar a história de uma pessoa aparentemente comum que se envolve em um crime e desencadeia uma série de fatos bizarros. A questão é que enquanto o filme dos Coen usava isso para falar como não temos nenhum controle sobre as nossas vidas ou os laços caóticos que unem as vidas das pessoas, aqui o diretor Tate Taylor tem pouco a dizer sobre as ideias que sua narrativa apresenta.

Sue Buttons (Allison Jenney) é uma mulher classe média frustrada e desesperada por atenção. No dia do seu aniversário Sue descobre que o marido, Karl (Matthew Modine), a estava traindo e Karl tem um infarto fulminante no momento em que é descoberto. Ao invés de ter que explicar a morte do marido para as autoridades, Sue simplesmente decide ocultar o cadáver e avisar a polícia que ele desapareceu. O que ela não sabia é que Karl usava o trabalho dele em um banco para lavar dinheiro para criminosos e tinha roubado 3 milhões dele, o que torna Sue um alvo dos gângsteres Ray (Clifton Collins Jr.) e Mina (Awkwafina).

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Drops – Pesadelo nas Alturas

 Análise Crítica– Pesadelo nas Alturas

Review – Pesadelo nas Alturas
Um casal de ex-namorados está a caminho de um casamento em uma pequena ilha paradisíaca, mas o piloto do pequeno avião tem um infarto fulminante e os dois precisam manejar a aeronave em segurança mesmo com uma tempestade a caminho. Poderia até render um suspense envolvente se conseguisse trabalhar com habilidade suas situações de tensão, o problema é que isso nunca acontece.

A cena em que o piloto interpretado por Keith David tem um ataque cardíaco é o único momento realmente tenso da narrativa. De resto o filme tem tantas situações tão absurdas e fora da realidade que ao invés de nos deixar em suspense elas apenas me provocaram risos. Praticamente todas as cenas em um dos dois escala para fora do avião causariam desequilíbrio em uma aeronave tão pequena e provavelmente tornariam mais difícil se manter no ar. O mesmo pode ser dito da porta ficar aberta, já que a resistência do ar aumentaria o consumo de combustível.

terça-feira, 11 de maio de 2021

Crítica – Vozes e Vultos

 

Análise Crítica – Vozes e Vultos

Review – Vozes e Vultos
Partindo de uma típica premissa de casa assombrada, Vozes e Vultos tenta inserir vários outros elementos em sua trama, como um drama conjugal e uma ponderação metafísica sobre arte e espiritualidade. O problema é que a trama tem dificuldade de costurar tudo isso junto, com alguns elementos não funcionando.

A trama se passa na década de oitenta e segue o casal Catherine (Amanda Seyfried) e George Claire (James Norton). Quando George consegue uma vaga de professor em uma universidade no interior, o casal e sua filha pequena deixam suas vidas em Nova Iorque para viver em uma casa de campo perto de onde George trabalha. Enquanto George dá aula Catherine fica em casa trabalhando com suas pinturas, mas aos poucos vai percebendo fenômenos estranhos na casa.

Desde o início há um clima de estranhamento, de que há algo errado embora não saibamos exatamente o que é. Apesar de abusar de sustos súbitos gratuitos, como barulhos altos e outras estratégias batidas, a narrativa é bem sucedida em uma atmosfera de suspense por conta da animosidade crescente entre o casal principal. Catherine está descontente com a mudança, recorrendo a tiradas passivo-agressivas para mostrar seu desprezo e escondendo seu comportamento bulimico. Já George é o pior. Ele mente e trai a esposa constantemente, mantendo um caso com a jovem Willis (Natalia Dyer), além de tratar todos ao seu redor da maneira mais babaca possível.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Crítica – O Legado de Júpiter

 Análise Crítica – O Legado de Júpiter

Review – O Legado de Júpiter
Apesar de nunca ter lido, já tinha ouvido falar do quadrinho O Legado de Júpiter escrito por Mark Millar e desenhado por Frank Quitely, e fiquei curioso com o anúncio de que a Netflix faria uma série baseada nele. Em essência é uma história sobre conflitos geracionais e questões morais, no entanto essa primeira temporada apenas toca na superfície de alguns desses elementos.

Na trama, Sheldon (Josh Duhamel) é um homem que, ao lado de outras cinco pessoas, ganhou super-poderes na década de 1930, se tornando o poderoso Utópico. Nos dias de hoje, um pouco mais velho, mas longe de aparentar seus mais de 100 anos, o herói se preocupa em manter seu estrito código de não interferir na sociedade e não matar, valores que ele também tenta passar para seus filhos, Brendon (Andrew Horton), que tenta seguir os passos do pai e ser herói, e Chloe (Elena Kampuris), que apesar dos poderes tem pouco contato com a família e vive como supermodelo. Durante uma batalha contra o vilão Estrela Negra (Tyler Mane), Brendon decide matar o inimigo para salvar os pais e vingar a morte de outros heróis na batalha. A decisão incomoda o Utópico e cria um conflito entre ele e o filho sobre a aplicabilidade do código que os rege.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Drops – À Espreita do Mal

 

Análise Crítica – À Espreita do Mal

Review – À Espreita do Mal
Este À Espreita do Mal é aquele tipo de suspense que parece mais preocupado em concatenar reviravoltas do que efetivamente contar uma história envolvente. Existem algumas boas ideias em sua trama, mas em geral não são muito bem aproveitadas e se perdem em meio a várias escolhas que pouco fazem para tornar as múltiplas ideias em um todo coeso.

A trama é focada na família de Jackie (Helen Hunt), que está passando por um momento de crise. Jackie está se separando do marido, o policial Greg (Jon Tenney), depois de tê-lo traído. Connor (Judah Lewis), o filho adolescente do casal, não recebe bem a informação e fenômenos estranhos começam a acontecer na casa. Ao mesmo tempo, Greg investiga uma série de sequestros de crianças.

A trama do sequestro inicialmente parece não se conectar com a trama da casa e demora a se encontrar com o resto dos conflitos do filme. O fluxo da trama é prejudicado pela montagem cheia de cortes abruptos que propositalmente omite informações do espectador apenas para depois inserir a revelação do que de fato acontecia na casa. O expediente acaba soando mais desonesto do que capaz de evocar tensão. Ainda assim, a noção de que os eventos estranhos da casa não eram fruto de algo sobrenatural e sim de phrogging é uma boa reversão de expectativas.

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Crítica – Minari: Em Busca da Felicidade

 

Análise Crítica – Minari: Em Busca da Felicidade

Review – Minari: Em Busca da Felicidade
Ao tratar da imigração de uma família coreana para o interior dos Estados Unidos na década de oitenta imaginei que Minari: Em Busca da Felicidade fosse apenas repetir o que outros filmes sobre imigração falam. Pensei que fosse ser um filme sobre o preconceito contra imigrantes ou as barreiras que esses imigrantes encontram num país que não necessariamente os quer lá. Não é isso que o filme trata, preferindo focar na sensação de deslocamento, na incerteza de começar uma vida nova em um lugar tão distante de tudo que lhe é familiar e os conflitos geracionais de uma família com pais e avós que ainda se lembram do modo de vida e cultura do país natal e filhos pequenos que se identificam mais facilmente com o novo lar.

A narrativa foca na família de Jacob (Steve Yeun), que se muda para uma propriedade rural no interior do Arkansas na década de oitenta. Junto com ele estão a esposa Monica (Yeri Han) e os filhos Anne (Noel Cho) e David (Alan Kim). Jacob e Monica começam a trabalhar em uma granja, mas em paralelo Jacob tenta começar uma plantação de vegetais coreanos para criar um negócio próprio.

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Crítica – Passageiro Acidental

 

Análise Crítica – Passageiro Acidental

Review – Passageiro Acidental
Viajar através do espaço sideral é sempre uma empreitada perigosa. É um ambiente que não sustenta vida humana, então toda a viagem e recursos necessários precisam ser planejados com antecedência e precisão já que dificilmente será possível obter novos recursos durante a viagem. Lidar com esses recursos limitados diante de imprevistos é o tema central deste Passageiro Acidental.

A trama acompanha uma missão de dois anos rumo a Marte em uma espaçonave com três tripulantes, a comandante Marina (Toni Colette), a médica Zoe (Anna Kendrick) e o cientista David (Daniel Dae Kim). Após um lançamento tranquilo, eles encontram problemas ao descobrirem Michael (Shamier Anderson) um técnico ferido e desacordado em um dos dutos da espaçonave. Agora eles precisam gerenciar recursos planejados para três pessoas e fazê-los render para quatro, mas o principal problema é o suprimento limitado de oxigênio.

A narrativa aos poucos vai nos apresentando à rotina dos personagens dentro da espaçonave, a relação amistosa entre eles e a natureza altamente restrita de todos os recursos que eles dispõem. O trio principal é competente em nos convencer de que esses astronautas passaram tanto tempo juntos se preparando para a missão que já desenvolveram uma certa proximidade um com o outro, inclusive desenvolvendo suas próprias piadas internas.

terça-feira, 4 de maio de 2021

Crítica – Sem Remorso

 

Análise Crítica – Sem Remorso

Review – Sem Remorso
Baseado em um livro de Tom Clancy, este Sem Remorso é, na prática, um filme de vingança idêntico a todos os outros que já vimos, seguindo boa parte das batidas de trama que imaginamos que o filme irá seguir. Ainda assim,  a trama tem momentos de ação e tensão suficientemente bem construídos para valer a experiência.

Depois de uma missão na Síria na qual sua tropa encontrou e matou criminosos russos, o soldado John Kelly (Michael B. Jordan) retorna para casa para ficar com a esposa, grávida do primeiro filho do casal. Kelly e os demais membros de sua tropa, no entanto, se tornam alvo de operativos russos, que invadem a casa do protagonista e matam sua família. Apesar de baleado Kelly consegue sobreviver e ver o rosto de um dos agressores. Recuperado, Kelly decide ir atrás dos culpados, contando com a ajuda de sua antiga comandante, Greer (Jodi Turner-Smith, do ótimo e pouco visto Queen and Slim), que lhe dá os nomes dos possíveis envolvidos.

Em termos de narrativa não há nada aqui que já não tenhamos visto antes e ainda por cima reproduz alguns lugares comuns antiquados que não deveriam ter mais espaço em narrativas. Um exemplo é o velho clichê da esposa que não tem qualquer outro propósito na trama a não ser morrer para servir de motivação para as ações de um protagonista masculino, o velho tropo das “mulheres em geladeiras” que reduz personagens femininas a um mero adereço na jornada do homem. Claro, a trama apresenta personagens em posições de poder como a oficial Greer, mas isso não cobre o fato de que a esposa do protagonista existe apenas para ser assassinada.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Crítica – Invincible: 1ª Temporada

 

Análise Crítica – Invincible: 1ª Temporada

Review – Invincible: 1ª Temporada
Eu já tinha ouvido falar dos quadrinhos do personagem Invencível, criado por Robert Kirkman (a mente por trás dos quadrinhos de The Walking Dead), mas nunca tinha lido. Então quando a Prime Video anunciou que faria uma série animada fiquei curioso para conferir e devo dizer que o resultado deste Invincible é bem bacana.

A trama é protagonizada por Mark (Steven Yeun) cujo pai, Nolan (J.K Simmons), é ninguém menos que o maior super-herói do mundo, o Omni-Man. Mark aparentemente é um garoto normal, até chegar na adolescência e manifestar os mesmos poderes de seu pai. Assim, Mark decide se tornar um super-herói, assumindo o nome de Invencível, e Nolan passa a ensinar o filho sobre esse trabalho e também a respeito do planeta natal dele Viltrum. Ao mesmo tempo, Nolan mata todos os Guardiões do Globo (a versão desse universo da Liga da Justiça) sem que ninguém saiba que foi ele, colocando as autoridades para investigarem quem matou os heróis mais poderosos do mundo.