O texto acerta em construir uma abordagem bem humorada sem, em geral, transformar o problema da personagem no principal alvo das piadas ou em um atributo que a torne patética. Digo em geral porque em alguns momentos, o humor parece se direcionar para nos mostrar a conduta de Dani sob uma ótica de ridículo, o que compromete a ideia de tentar fazer o público ter empatia por quem sofre desses problemas.
Ainda assim, o material reconhece as dificuldades em conviver com o problema e como cada tratamento ou medicação, apesar de resolver certos aspectos da questão, criam outros efeitos colaterais. O humor também mira em algumas pseudociências e tratamentos “alternativos” que prometem muito mais do que são capazes de cumprir e existem para arrancar dinheiro de pessoas desesperadas por algum tipo de cura.
A atriz Débora Falabella carrega o filme trazendo carisma e intensidade para Dani ao mesmo tempo em que nos apresenta um desejo palpável da personagem em tentar viver sem os problemas que a afligem. Ela transmite muito bem a inquietude, dor e desespero de alguém que constantemente se sente sobrepujada pelos problemas ao seu redor. A construção da personagem também é auxilida por um roteiro e direção que se esforçam para deixar o espectador imerso na subjetividade da protagonista, apresentando situações e imagens que visam nos fazer enxergar o mundo sob o ponto de vista de Dani.
Apesar das qualidades, o ritmo acelerado com a trama se desenvolve impede que as situações e consequências das ações da personagem tenham o devido impacto emocional e dramático. Mal ela começa um novo namoro e já terminou, mal ela entra em um novo emprego e já está em outro. Há saltos temporais enormes entre as cenas que são marcados por narrações expositivas da protagonista, como se ela estivesse resumindo a trama para nós e o que estivéssemos assistindo fosse um compilado de uma narrativa que deveria ter sido uma série ou minissérie.
Isso impacta principalmente o terço final e o modo como o filme aborda a overdose da protagonista, que é praticamente uma tentativa de suicídio, mas que passa tão rápido que não dá para sentir o peso desse acontecimento tão extremo. A impressão é que o filme quer manter o mesmo clima leve e não tornar a experiência pesada ou sombria demais para o espectador, mas essa escolha acaba impedindo que sintamos o devido impacto dos aspectos mais danosos do distúrbio de Dani.
Apesar de um ótimo trabalho de
Débora Falabella e algumas escolhas criativas em como retratar os problemas da
protagonista, Depois a Louca Sou Eu é
prejudicado por uma ritmo tão acelerado que impede que os dramas da personagem
principal tenham o devido impacto.
Nota: 5/10
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