segunda-feira, 17 de maio de 2021

Crítica – Depois a Louca Sou Eu

 

Análise Crítica – Depois a Louca Sou Eu

Review – Depois a Louca Sou Eu
Tentando falar sobre questões sérias como transtornos de ansiedade de maneira acessível, Depois a Louca Sou Eu consegue apresentar o tema com leveza sem, no entanto, parecer menosprezá-lo. A trama é centrada em Dani (Debóra Falabella), que desde muito pequena sofre com problemas de ansiedade. Ao chegar na fase adulta, ela tenta diferentes meios de lidar com seus problemas, mas descobre que não há maneira fácil de conviver com isso.

O texto acerta em construir uma abordagem bem humorada sem, em geral, transformar o problema da personagem no principal alvo das piadas ou em um atributo que a torne patética. Digo em geral porque em alguns momentos, o humor parece se direcionar para nos mostrar a conduta de Dani sob uma ótica de ridículo, o que compromete a ideia de tentar fazer o público ter empatia por quem sofre desses problemas.

Ainda assim, o material reconhece as dificuldades em conviver com o problema e como cada tratamento ou medicação, apesar de resolver certos aspectos da questão, criam outros efeitos colaterais. O humor também mira em algumas pseudociências e tratamentos “alternativos” que prometem muito mais do que são capazes de cumprir e existem para arrancar dinheiro de pessoas desesperadas por algum tipo de cura.

A atriz Débora Falabella carrega o filme trazendo carisma e intensidade para Dani ao mesmo tempo em que nos apresenta um desejo palpável da personagem em tentar viver sem os problemas que a afligem. Ela transmite muito bem a inquietude, dor e desespero de alguém que constantemente se sente sobrepujada pelos problemas ao seu redor. A construção da personagem também é auxilida por um roteiro e direção que se esforçam para deixar o espectador imerso na subjetividade da protagonista, apresentando situações e imagens que visam nos fazer enxergar o mundo sob o ponto de vista de Dani.

Apesar das qualidades, o ritmo acelerado com a trama se desenvolve impede que as situações e consequências das ações da personagem tenham o devido impacto emocional e dramático. Mal ela começa um novo namoro e já terminou, mal ela entra em um novo emprego e já está em outro. Há saltos temporais enormes entre as cenas que são marcados por narrações expositivas da protagonista, como se ela estivesse resumindo a trama para nós e o que estivéssemos assistindo fosse um compilado de uma narrativa que deveria ter sido uma série ou minissérie.

Isso impacta principalmente o terço final e o modo como o filme aborda a overdose da protagonista, que é praticamente uma tentativa de suicídio, mas que passa tão rápido que não dá para sentir o peso desse acontecimento tão extremo. A impressão é que o filme quer manter o mesmo clima leve e não tornar a experiência pesada ou sombria demais para o espectador, mas essa escolha acaba impedindo que sintamos o devido impacto dos aspectos mais danosos do distúrbio de Dani.

Apesar de um ótimo trabalho de Débora Falabella e algumas escolhas criativas em como retratar os problemas da protagonista, Depois a Louca Sou Eu é prejudicado por uma ritmo tão acelerado que impede que os dramas da personagem principal tenham o devido impacto.

 

Nota: 5/10


Trailer

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