Quando escrevi sobre Soul(2020) mencionei a tradição da
Pixar de pegar temas complexos e trazer discussões profundas sobre eles sem
abrir mão da acessibilidade para um público amplo, inclusive para um público
infantil. Falei também que, no caso de Soul,
a discussão sobre vida, encontrar um propósito e aproveitar o tempo que temos
era diluída pelo meio do filme que abandonava boa parte de seus temas para
investir no humor do protagonista transformado em gato. Pois algo similar
acontece neste Luca, que até tem
metáforas bem construídas para falar sobre preconceito e autoaceitação, mas se
perde em um miolo entediante.
A trama acompanha Luca, uma jovem
criatura marinha que tem curiosidade em saber como é a vida na superfície. Um
dia ele acidentalmente sai da água e descobre que assume uma forma humana
quando não está molhado e decide explorar o mundo humano ao lado de Alberto,
também um garoto monstro marinho que deseja se aventurar no mundo humano. O
problema é que os humanos odeiam as criaturas marinhas, então eles precisam ter
muito cuidado para não serem descobertos.
Eu perdi a conta de quantas vezes
vi e dei risada com o esquete Lying Brian da comediante Iliza Shlesinger. Em seu stand up, Iliza tinha um momento em que
narrava a história de ter conhecido um homem chamado Brian durante um voo e
acabou ficando amiga dele, uma amizade que se tornou namoro até que ela
descobriu que tudo a respeito da vida dele, o fato de cuidar da mãe doente de
câncer, de ser formado em uma universidade de prestígio ou trabalhar com fundos
de investimento, tudo era uma completa fabricação. A história em si já é
absurda o bastante por si só e a maneira como Iliza a contava tornava tudo
ainda mais engraçado, então fiquei curioso quando soube que ela adaptaria isso
em um filme neste À Segunda Vista.
Na trama, Andrea (Iliza
Shlesinger) é uma comediante que sente que a carreira está estagnando. Um dia
ela conhece Dennis (Ryan Hansen) em um voo e apesar dele não ser exatamente um
sujeito atraente e ser um pouco esquisito, Andrea se aproxima dele por
conta do jeito gentil e sincero do rapaz, eventualmente se apaixonando por ele.
O problema é que as histórias que Dennis conta sobre si nunca soam convincentes
e aos poucos Andrea e a melhor amiga Margot (Margaret Cho) começam a desconfiar
que talvez haja algo errado com Dennis.
De certa forma eu poderia dizer
que este First Cow: A Primeira Vaca da
América é um western. Pode
parecer estranho usar esse gênero para falar de uma história sobre um padeiro
que faz doces com leite roubado, mas a narrativa traz muitos elementos típicos
do western desde sua ambientação
durante a expansão para o oeste dos EUA (embora aqui focado nas áreas mais
noroeste ao invés das regiões mais ao sudoeste) a temas como civilização versus
barbárie e os mitos fundadores da sociedade do país, em especial a ideia de
meritocracia e esforço individual.
A trama é centrada em Cookie
(John Magaro), um padeiro de formação que acompanha um grupo de caçadores de
pele no norte do Oregon para tentar fazer dinheiro com o comércio de peles
durante a expansão ao oeste dos Estados Unidos. Durante a viagem ele conhece o
chinês King Liu (Orion Lee) e ambos acabam se tornando amigos. Quando King
descobre o talento de Cookie para fazer doces, ele sugere ao amigo que roubem
leite da vaca (a primeira e única da região) do chefe do entreposto comercial
em que moram para fazerem doces e venderem a preço alto já que ninguém ali
seria capaz de vender algo semelhante.
A primeira temporada de Lupin acabou com um tenso gancho que me
deixou ansioso pelo que viria a seguir. Esta segunda parte cumpre o que promete
ao entregar uma tensa disputa entre Assane (Omar Sy) e Pellegrini (Hervé Pierre)
que leva a astúcia do protagonista ao limite.
A narrativa começa no ponto em
que a primeira parte parou, com Raoul (Etan Simon) sendo sequestrado por um
capanga de Pellegrini e Assane tentando localizá-lo. Na empreitada o ladrão
acaba contando com a ajuda do policial Guedira (Soufiane Guerrab) que estava
seguindo Assane no trem. A partir disso o protagonista entende que se não
derrubar Pellegrini de uma vez por todas sua família será sempre alvo do
empresário inescrupuloso.
Essa segunda temporada tem um ritmo
mais ágil e mais movimentado que o primeiro ano por conta do crescente de
tensões entre herói e vilão. A narrativa é competente em estabelecer ambos como
oponentes formidáveis, sempre tentando antecipar os passos do adversário para
pegá-lo de surpresa. Se a temporada anterior forçava algumas situações em que
Assane agia de uma maneira ingênua que era contrária à sua personalidade apenas
para dar aos vilões algum momento de vantagem, aqui as situações em que ele se
vê acuado pelos inimigos soam mais críveis como os ardis de uma mente que
entendeu as vulnerabilidades do protagonista.
Fui conhecer o trabalho de Lin-Manuel
Miranda como criador de musicais da Broadway no excelente Hamilton, peça que retratava a vida de Alexander Hamilton, primeiro
ministro da fazenda dos EUA, como uma espécie de ópera rap protagonizada por
elenco todo composto por negros, latinos e asiáticos. Antes de Hamilton, porém, Miranda já tinha feito
outros musicais, um deles foi In The
Heights, que foi adaptado para os cinemas neste Em Um Bairro de Nova York.
A trama é centrada em Usnavi
(Anthony Ramos), um jovem filho de imigrantes dominicanos que tem uma pequena
mercearia em Washington Heights na periferia de Nova York. Usnavi sonha em
voltar para a República Dominicana, de onde partiu ainda bem pequeno enquanto
que seus vizinhos também lidam com os sonhos e as dificuldades do local,
especialmente com o aumento da especulação imobiliária que dá início a um
processo de gentrificação do bairro.
É um exame afetuoso e enérgico do
que significa ser um imigrante latino-americano ou caribenho nos Estados
Unidos, celebrando a força e união dessa comunidade ao mesmo tempo em que
reconhece as dificuldades experimentadas por um imigrante no país. De um lado
há o olhar sobre o sonho de uma vida melhor, a crença de que em um novo país é
possível tornar sonhos realidade e, ao mesmo tempo, se manter fiel às suas
raízes. De outro há o reconhecimento dos Estados Unidos como um país racista,
que trata imigrante como indivíduos de segunda categoria ou de maneira
desumana. De uma política e estrutura de poder que existe para manter essas
pessoas pobres e marginalizadas.
Certas decisões têm consequências
severas e acabam causando dano às pessoas a nossa volta ou a nós mesmos. De
certa forma essa é a moral deste Em
Guerra com o Vovô, mas também se aplica à carreira de Robert De Niro, que
depois de um divórcio custoso, aparentemente está precisando trabalhar em
porcarias como Tirando o Atraso (2016)
e esse filme para pagar os boletos no fim do mês. É uma pena, considerando o
talento de De Niro, embora ele não seja o único desperdiçado aqui, já que nomes
tarimbados Uma Thurman, Cheech Marin e Jane Seymour também participam dessa
bomba.
Na trama, Ed (Robert De Niro) é
um idoso que mora sozinho depois da morte da esposa. Quando ele machuca o
joelho em um supermercado, a filha dele, Sally (Uma Thurman), resolve levar Ed
para morar com ela. Com poucos cômodos, Sally coloca Ed no quarto do filho
caçula, Peter (Oakes Fegley), mudando Peter para o sótão da casa. Peter não
fica feliz com a decisão e decide declarar guerra ao avô, infernizando ele até
que ele decida ir embora, mas Ed não está disposto a deixar barato as
pegadinhas do neto.
O realismo fantástico é bem comum
na literatura latino-americana e o cinema dos países dessa região constantemente
bebe nessa fonte. Este Selva Trágica,
co-produção entre México, Colômbia e França, se vale de uma estrutura de
realismo fantástico para contar um história que dialoga com a mitologia maia.
Na trama, Agnes (Indira Rubie
Andrewin) é uma mulher que foge de um casamento arranjado atravessando a
fronteira de Belize para o México se embrenhando na selva maia. Enquanto é
caçada por homens britânicos, Agnes encontra um grupo de seringueiros fazendo
goma a partir da seiva das árvores. Ela se refugia com eles tentando evadir
seus perseguidores, mas coisas estranhas começam a acontecer e a jovem
demonstra ser mais do que apenas uma mulher indefesa.
A maneira como a diretora Yulene
Olaizola filma a selva confere um clima de mistério ao lugar ao mesmo tempo em
que dá a ele uma dimensão esplendorosa e presta reverência à imensidão verde do
lugar. Ela olha para essas paisagens e eventos sem pressa, com a trama se
desenvolvendo em um ritmo bem deliberado, mas provida de uma atmosfera de
estranhamento e deslumbre sempre presente. Essa reverência à natureza e a noção
de que talvez o homem não deveria interferir tanto nela é reforçada pelas
narrações no idioma maia que intercalam algumas cenas. Essas narrações contam a
história de Xtabay, uma espécie de espírito da floresta de aparência feminina
que atrai os homens e os faz se perderem pela selva.
O filme musical é normalmente
associado a histórias de romance e a um certo otimismo por conta das inúmeras
produções do gênero na Hollywood clássica. Isso não significa que não existam
musicais sobre histórias trágicas e dolorosas, Dançando no Escuro (2000), Lars Von Trier, é um bom exemplo disso,
mas há poucos nessa seara. Este O Que Se
Move, dirigido por Caetano Gotardo, de certa forma se encaixa nesse uso do
formato musical para contar histórias de dor e perda.
Ele se divide em três histórias
de mães que perderam seus filhos em circunstâncias bastante dolorosas. Na
primeira história há um suicídio, na segunda um bebê é esquecido no carro e na
terceira uma mãe reencontra o filho que tinha perdido há dezessete anos. São
tramas marcadas por dores e afetos intensos movendo essas personagens e os
números musicais ajudam a pontuar os sentimentos que atravessam esses
indivíduos.
Depois de mais de um ano e meio
de lançado Dragon Ball Z Kakarot
finalmente entrega o último DLC de seu passe de temporada. Seria possível
pensar que o atraso foi por conta da pandemia e, em certo grau, talvez tenha
sido, mas é importante lembrar que entre além das duas expansões planejadas o
jogo também inseriu um inexplicável multiplayer online na forma de um card game
que ninguém pediu nem precisava. Deslocar recursos para esse modo provavelmente
ajudou no atraso deste Trunks: O
Guerreiro da Esperança que, como tinha sido dito, oferece um conteúdo maior
do que os dois episódios anteriores.
As duas primeiras expansões iam
além de DBZ e traziam histórias de Dragon
Ball Super, adaptando os dois primeiros arcos. Imaginei que a última
expansão seguiria essa tendência adaptando o arco de Zamasu e o Trunks do
futuro, mas o que estava reservado era a história de outro Trunks do futuro. A
nova expansão nos coloca de volta nas tramas de Dragon Ball Z contando sobre o futuro em que os Androides 17 e 18
destruíram o mundo e Trunks foi o último guerreiro Z que restou. A trama então
acompanha os esforços de Trunks em sobreviver e lidar com a ameaça e surpreende
ao contar a história deste Trunks para além da derrota de Cell.
A despeito do título e da
temática sobre pessoas despertas, Awake é
um filme extremamente sonolento. É um daqueles casos em que alguém pensou uma
premissa curiosa sem a menor ideia de como desenvolvê-la em algo interessante
achando que essa premissa sozinha seria capaz de carregar o filme. Não é.
Na trama, Um evento
eletromagnético queima todos os aparelhos eletrônicos e deixa as pessoas
incapazes de dormirem. Isso tem consequências apocalípticas, já que o corpo
humano não consegue sobreviver durante muitos dias sem sono. A ex-militar Jill
(Gina Rodriguez) tenta manter a família em segurança, principalmente a filha
Matilda (Ariana Greenblatt), que parece ser uma das poucas pessoas capazes de
dormir. O caos que toma a humanidade, no entanto, torna isso mais difícil.
A narrativa estabelece algumas
regras sobre como as pessoas se comportariam depois de um período prolongado
sem dormir, mas nunca explica como a família principal consegue se manter
minimamente lúcida mesmo depois de dias se passarem e praticamente todas as
outras pessoas que encontram se tornaram irracionais e violentas. A impressão é
que isso acontece por pura necessidade de roteiro, já que se eles também
sucumbissem rápido à irracionalidade, o filme não duraria tanto.
Eu já tinha ouvido falar dos
quadrinhos de Sweet Tooth, de Jeff
Lemire, que falava sobre um garoto metade humano e metade cervo em um mundo
devastado por uma epidemia viral. Nunca li os quadrinhos, mas fiquei curioso
para conferir a série de mesmo nome da Netflix baseada nos quadrinhos de
Lemire.
A trama segue Gus (Christian
Convery), um garoto metade humano e metade cervo que vive isolado com o pai,
Richard (Will Forte), em uma cabana da floresta depois que um vírus dizimou os
humanos. Ao mesmo tempo em que o vírus surgiu, híbridos entre humanos e animais
começaram a nascer, fazendo muitas pessoas acharem que os híbridos foram os
responsáveis pelo vírus. Depois da morte do pai, Gus decide cruzar o país em
busca da mãe e para isso consegue a ajuda de Jepp (Nonso Anozie) que o protege
dos perigos desse mundo hostil e de pessoas como o general Abbot (Neil
Sandilands, fazendo seu melhor cosplay de Dr. Robotnik) que capturam híbridos
para usá-los como cobaias para uma possível cura do vírus.
Havia uma imensa expectativa em Final Fantasy VII Remake. Era um jogo
esperado há muitos anos, que sofreu atrasos na produção, com uma escolha
polêmica (ainda que relativamente compreensível para manter toda a trama do
original) de dividir em episódios (embora a falta de clareza em termos de
quantos serão é preocupante), além mudanças no gameplay e outros elementos
davam motivos para se preocupar. Felizmente o jogo não era apenas um excelente
remake, mas um excelente game por si só, que redefinia todo o universo
construído e aprofundava os personagens, justificando a divisão em episódios,
ainda que o final vire uma bagunça desnecessária.
Pois quase um ano depois o jogo
ganha uma versão para as novas gerações em Final
Fantasy VII Remake Intergrade que traz melhorias gráficas, como iluminação
dinâmica, efeitos de névoa e partícula melhorados e tempos de carregamento mais
rápido. Além disso, traz uma expansão que é exclusiva para a nova geração em Final Fantasy VII Remake: Intermission,
uma história curta protagonizada pela ninja Yuffie, que no jogo original
aparecia só mais adiante na trama e era uma personagem opcional.
Este Amonite é levemente baseado na história real da paleontóloga Mary
Anning. Digo levemente porque não há confirmação histórica do relacionamento
entre ela e Charlotte Murchinson ainda que seja amplamente falado que as duas
tiveram um relacionamento amoroso.
A trama se passa na Inglaterra do
século XIX, Mary (Kate Winslet) é uma prolífica paleontóloga que é subestimada
dentro do seu campo de atividade. Um dia ela é visitada por Roderick (James
McArdle), que paga Mary por um tour guiadopela praia na qual ela escava fósseis.
É aí que ela conhece Charlotte (Saoirse Ronan), esposa de Roderick com quem tem
uma relação fria e desprovida de afeto. Roderick parte em uma expedição e deixa
Charlotte, que está com problemas de saúde, aos cuidados de Amy. Aos poucos as
duas começam a se aproximar e o que era companheirismo vai dando lugar ao
romance.
A trama evidencia bem a solidão
dessas duas personagens. Ambas mulheres carentes, que se sentem invisíveis,
desvalorizadas e isso ajuda a entender a razão da forte conexõe que é
construída entre as duas, como se elas se reconhecessem na solidão da outra e
reparar isso na outra fosse reparar seus próprios problemas.
Eu já tinha ouvido falar bastante
do podcast Projeto Humanos: O Caso
Evandro do jornalista Ivan Mizanzuk sobre o escabroso caso do assassinato
de um garoto no interior do Paraná na década de 1990 e a investigação
labiríntica e problemática que se seguiu sobre caso. Entretanto nunca parei
para ouvi-lo, mesmo interessado na história real que ele contava. Então quando foi
anunciado que O Caso Evandro viraria
uma série documental na Globoplay com direção de Aly Muritiba, fiquei
imediatamente interessado.
A série aborda o caso real do
desaparecimento do garoto Evandro Caetano no interior do Paraná da década de 90.
O corpo dele foi encontrado mutilado dias depois em um matagal próximo e as
suspeitas é que tinham sido usado em um ritual de magia negra. O caso toma
atenção da mídia, principalmente quando testemunhas apontam a família do então
prefeito como envolvida no caso. Aos poucos, no entanto, surgem provas que a
história não é aquilo que imaginávamos.
Estruturalmente a série segue o
padrão de documentários de crimes reais que já vimos antes, com entrevistas,
imagens de arquivo e reconstituições com atores. Ainda assim, a narrativa
envolve pelo ritmo de tensão e suspense que Muritiba imprime nos eventos bem
como pela própria natureza surpreendente e pouco usual dos eventos narrados, um
daqueles casos em que a realidade se mostra mais bizarra que qualquer ficção.
Eu assisti todas as temporadas da
série clássica de Sailor Moon na
época em que passaram no Cartoon Network, então fiquei curioso quando a Netflix
anunciou o longa Sailor Moon Eternal,
que seria dividido em duas partes. Fiquei um pouco preocupado quando soube que
esses dois filmes de oitenta minutos fariam parte do cânone da recente Sailor Moon Crystal, remake da série que
era mais fiel ao mangá eliminando os fillers.
Especificamente Sailor Moon Eternal
contaria o quarto arco da história das guerreiras planetárias, correspondendo à
temporada Sailor Moon Super S na
série original (que consistia de 39 episódios) e obviamente temi que o
resultado fosse ser uma bagunça incompreensível.
Na trama, Chibiusa, uma
descendente da protagonista Usagi vinda do futuro, está prestes a voltar para
seu tempo de origem, quando o misterioso Dead Moon Circus chega à Terra criando
uma onda de energia que a impede de viajar no tempo. Usagi e as demais Sailors
decidem investigar o estranho circo, descobrindo que elas servem à misteriosa
rainha Nehelenia que veio à Terra roubar o lendário cristal dourado. Ao mesmo
tempo, Chibiusa começa a ter visões envolvendo um Pégaso que pode ser a chave
para derrotarem esses novos inimigos.
Tive pouco contato com a franquia
Virtua Fighter. Lembro brevemente de
ter jogado os dois primeiros jogos em fliperama e o péssimo port do primeiro
jogo para Mega Drive. Sempre fui mais interessado em jogos de luta 2D como Street Fighter, The King of Fighters ou Mortal
Kombat, então nunca fui muito de jogar esses games 3D como Virtua Fighter ou Tekken. No entanto,
fiquei curioso para conferir essa tentativa da Sega em reviver sua franquia de
luta com este Virtua Fighter 5: Ultimate
Showdown, uma espécie de remaster de Virtua
Fighter 5: Final Showdown originalmente lançado há quase 12 anos atrás.
Os gráficos e modelos de
personagem foram refeitos da Dragon Engine, motor gráfico usado na série Yakuza. Os personagens ganharam mais
detalhamento e texturas, aproximando-os da qualidade de um game contemporâneo e
toda a interface foi refeita também para melhorar a qualidade visual. Efeitos
de luz e saturação de cor foram melhorados e soam mais realistas. Os cenários,
por sua vez, receberam melhorias, mas não tem tanta qualidade quanto os modelos
dos personagens e mostram um pouco a idade.
Lançado em 2001, Coração de Cavaleiro ajudou a sedimentar
o ator Heath Ledger como um astro de Hollywood. Ele já vinha do sucesso modesto
da comédia adolescente Dez Coisas que Eu
Odeio em Você (1999) e aqui ele mostrou que poderia carregar uma produção
de grande orçamento, já que apesar da recepção morna da crítica da época, o
filme se saiu relativamente bem na bilheteria para ser considerado um sucesso
financeiro. É curioso pensar que a crítica não deu muita bola para ele em seu
lançamento considerando o quanto ele foi reprisado tanto em canais a cabo
quanto na tv aberta, sendo aquele tipo de filme que é tão carismático que a
gente sempre assiste um pouco quando vemos que está passando.
Dirigido e escrito por Brian
Helgeland, que vinha de uma vitória do Oscar melhor roteiro adaptado por Los Angeles: Cidade Probida (1997), a
trama se passa na Inglaterra medieval e segue o jovem escudeiro William (Heath
Ledger), que toma o lugar de seu suserano falecido e resolve participar das
competições de justa da nobreza em busca de glória e dinheiro como cavaleiro. Ao
lado dele estão os escudeirosWat (Alan
Tudyk) e Roland (Mark Addy), o arauto Geoffrey Saucer (Paul Bettany) e a ferreira Kate (Laura
Fraser). Em sua jornada rumo à glória William encontra um rival no conde
Adhemar (Rufus Sewell) e se apaixona pela bela Jocelyn (Shannyn Sossamon).
Filmes sobre viagem no tempo
existem de monte, mas a maneira com a qual Sychronic
constrói sua trama de viagem no tempo chama atenção pelo modo singular com o
qual tudo flui. A narrativa é centrada em Steve (Anthony Mackie) e Dennis
(Jamie Dornan), dois paramédicos trabalhando na cidade de Nova Orleans. Aos
poucos a dupla começa a receber chamados para ocorrências estranhas, muitas
dela soando fisicamente impossíveis ou cujas vítimas não conseguem explicar.
Conforme o número de ocorrências aumenta, eles percebem que esses eventos estão
conectados com uma estranha droga sintética que mexe na maneira com a qual as
pessoas experimentam o tempo.
A narrativa cria um competente
clima de suspense conforme inicialmente nos apresenta às ocorrências estranhas
com as quais os personagens se defrontam. Acerta também no clima convincente
entre os dois protagonistas, parceiros de anos que se conhecem tão bem que
sabem perceber os problemas e falhas do outro apenas com um olhar. O problema é
que quando a trama parecia engrenar, a partir do momento em que Steve consegue
a tal droga, a trama demora um pouco de desenvolver para que o personagem vá
aos poucos explicando como funciona a questão do deslocamento temporal.
Revendo Morte em Veneza, de Luchino Visconti, me surpreendi com o quanto
alguns de seus temas soam terrivelmente atuais para os tempos pandêmicos em que
vivemos. O filme também traz algumas reflexões sobre arte, beleza e permanência
que, de certa forma, são atemporais.
A trama adapta um romance escrito
por Thomas Mann. Sendo situada na virada do século XIX para o século XX, a
narrativa é centrada na figura de Gustav von Aschenbach (Dirk Bogarde) um
pianista em meio a uma crise criativa, afetiva e de saúde. Para lidar com seus
problemas Gustav viaja a um resort em Veneza e lá se encanta pela beleza do
garoto Tadzio (Bjorn Andresen) e passa a segui-lo. Ao mesmo tempo, o músico
começa a desconfiar que os funcionários do hotel talvez não estejam sendo
sinceros quanto a severidade da epidemia de cólera que se espalha pela cidade.
A fixação de Gustav por Tadzio é
sempre enquadrada em uma chave mais platônica e idealizada, nunca sexual. O
interesse do músico é o da contemplação dessa beleza que emerge naturalmente do
garoto, uma beleza que ele sempre tentou transmitir através de sua música, mas
teve dificuldade. A trama pondera sobre a relação entre a beleza e o desgaste
do tempo. Se a beleza nas artes requer trabalho, ela ao menos sobrevive a
passagem do tempo. Por outro lado a beleza física de Tadzio emerge dele
naturalmente, no entanto, é algo fugidio que se desgastará com tempo. As
andanças de Gustav pela cidade para observar o garoto servem, portanto, como
uma metáfora para a natureza fugaz da beleza.
Depois de um longo hiato causado,
dentre outras coisas, por acusações de assédio sexual contra o criador e
protagonista Aziz Ansari, a série Master of None retorna com um foco renovado. Ao invés de Dev (Aziz Ansari), a
trama dessa terceira temporada é centrada em Denise (Lena Waithe) e na relação
dela com a esposa. Não significa que Ansari tenha sido colocado em escanteio,
além de Dev ainda aparecer ocasionalmente, o ator dirigiu os cinco episódios da
temporada que foram escritos com a Lena Waithe.
A trama parece se passar anos
depois da segunda temporada. Denise é uma escritora de sucesso e vive com a
esposa, Alicia (Naomi Ackie) em uma idílica casa de campo. A protagonista está
tentando escrever seu segundo livro, mas encontra problemas para desenvolver a
escrita. Ao mesmo tempo, Alicia insiste que é hora delas terem um filho, algo
que Denise não embarca completamente.
O subtítulo original desta
terceira temporada, Moments in Love,
dá a tônica do que veremos ao longo dos cinco episódios, uma coletânea de
momentos em uma relação afetiva com todos os complicadores, problemas e
incoerências que as pessoas exibem em uma relação. São tramas relativamente
contidas na intimidade das personagens, dentro de suas casas e com poucos
coadjuvantes além do casal protagonista. Imagino que muitas decisões derivaram
do fato de que toda a temporada foi filmada ano passado e por questões de
segurança em virtude da pandemia mantiveram o elenco razoavelmente pequeno.
A pandemia parece também guiar as
escolhas estéticas de Ansari ao longo da temporada, optando por takes mais
longos, com uma câmera estática e a meia distância dos personagens
provavelmente para diminuir o numero de pessoas necessárias no set caso
resolvesse filmar com múltiplas câmeras em constante movimentação. Mesmo que
pareçam decisões pragmáticas e motivadas por razões extra-fílmicas, esses
elementos fazem sentido dentro da narrativa e do olhar que Ansari e Waithe
construíram para a jornada de suas personagens. É como se a dupla tivesse
pensado na melhor maneira de contar uma história impactante e consistente com
os elementos que tinham em mãos.
A distância da câmera em relação
às personagens dá a impressão de que somos observadores distantes desse
cotidiano afetivo, quase como voyeurs entrando
na intimidade alheia, embarcando no universo pessoal dessas personagens. Os
longos takes, com poucos cortes, contribuem para uma impressão de naturalismo,
construindo a impressão de que estamos vendo tudo aquilo conforme se desenrola,
como em um documentário observacional, evidenciando o trabalho do elenco, em
especial das duas atrizes principais, em transmitir esse sentimento de que
aquelas pessoas tem uma conexão longeva, um afeto e um conhecimento da conduta
da outra.
A trama olha para a complexidade
do relacionamento das personagens e dos desequilíbrios que existem entre elas.
Quando começamos a temporada Denise ainda surfa na onda do sucesso de seu
primeiro livro enquanto Alicia está no meio de uma transição profissional, iniciando
como designer de interiores. Nesse sentido, o desinteresse de Denise em ter
filhos naquele momento vem, em parte, da vontade de querer continuar
aprimorando a carreira. Alicia vê na maternidade um meio de construir algo para
si naquela relação, saindo do papel de coadjuvante, da cônjuge que apoia a
esposa bem-sucedida, uma função que fica claramente definida na entrevista que
Denise dá no início do primeiro episódio.
Os conflitos nascem justamente da
incapacidade delas em tentarem observar as coisas pela ótica da outra. Denise
vê as necessidades de Alicia como caprichos e Alicia vê o foco de Denise na
carreira como desinteresse na relação. Com isso, ao invés de dialogarem e se
entenderem, as duas se afastam ainda mais e a relação vai se erodindo até o
inevitável.
Ao longo da temporada a posição
das duas se inverte, com Denise lidando não apenas com o fracasso da relação,
mas de seus projetos como escritora, tendo que reavaliar as escolhas que tomou
até então. Em paralelo Alicia vai atrás do sonho de ser mãe e apesar dos
percalços, incluindo estruturas homofóbicas dos sistemas de saúde, vai
adquirindo sucesso em suas empreitadas. Essa inversão nas vidas delas da a
ambas perspectiva para analisar o passado da relação das duas, algo que vemos
no episódio final.
O desfecho da temporada é, ao
mesmo tempo, uma culminância natural do arco das duas e uma resolução um pouco
covarde já que a trama não faz as personagens se comprometerem com nada em
relação à situação da vida delas naquele momento. Acompanhamos as duas passando
um final de semana da casa em que moraram, agora sendo alugada via aplicativos,
e descobrimos que elas tem se encontrado regularmente apesar de ambas já terem
se casado e tido filhos com outras pessoas.
Fica evidente o quanto elas se
sentem confortáveis juntas e apreciam uma a outra, principalmente agora que o
tempo lhes deu entendimento sobre o que aconteceu. Trabalhando em um emprego
que odeia apenas para pagar as contas e sustentar a nova família, Denise
entende melhor Alicia e o sentimento de estar se anulando para manter uma
relação. Alicia por sua vez, tendo encontrado sucesso profissional entende
agora o foco de Denise em querer dedicar ainda mais tempo ao trabalho para
continuar subindo a novos patamares.
Apesar de alcançarem um nível mais profundo de
diálogo e conforto do que com suas próprias cônjuges, a temporada termina sem
que isso implique em qualquer mudança de direção para as duas, que parecem,
naquele momento, em manter essa relação extraconjugal em um “não lugar”, reduzindo-a
a uma mera fuga do cotidiano. Em nenhum momento as personagens parecem ponderar
que um cotidiano que as instiga a fugir constantemente talvez não seja tão
saudável assim.
Em uma inesperada terceira
temporada que tenta fazer o melhor com as limitações de filmar durante uma
pandemia, Master of None faz um exame
sensível e intimista sobre um relacionamento conturbado.
Depois de três filmes (Godzilla, Kong: A Ilha da Caveirae Godzilla 2: Rei dos Monstros)
construindo o universo de monstros e preparando terreno para o embate entre os
dois famosos monstros gigantes do cinema neste Godzilla vs Kong. Eles mostram que aprenderam algumas lições com os
filmes anteriores, embora ainda insistam em repetir alguns dos problemas.
Na trama, Godzilla começa
estranhamente a atacar cidades humanas e as pessoas começam a pensar na
criatura, que até então protegia o mundo de outros monstros, como uma ameaça. O
aumento da agressividade do réptil atômico preocupa a pesquisadora Ilene
(Rebecca Hall), que supervisiona o Kong na Ilha da Caveira e teme que Godzilla
o ataque. Ao mesmo tempo, Madison (Millie Bobby Brown) desconfia que haja um
motivo para os ataques de Godzilla, que não seja apenas agressividade
irracional e decide investigar os eventos.
Não fosse a presença de atores
conhecidos do cinemão hollywoodiano, eu seria capaz de dizer que este Vanquish é era um filme amador por conta
de suas múltiplas inaptidões técnicas e artísticas. No entanto, sabendo que foi
feito por profissionais, é só um produto incompetente em todos os níveis que
não serve nem como comédia acidental.
Na trama, Vicky (Ruby Rose) é uma
ex-traficante de drogas que trabalha como cuidadora do policial aposentado e
paraplégico Damon (Morgan Freeman). Um dia Damon revela a Vicky que ele
controla um império de corrupção e drogas e precisa de alguém para recolher o
dinheiro de seus negócios antes que o FBI descubra os locais. Vicky
inicialmente recusa, mas Damon pega a filha dela de refém e assim a personagem
precisa fazer o que ele quer.
É curioso que ao invés de dar
logo de uma vez os cinco locais em que quer que Vicky recolha o dinheiro, Damon
dá um local por vez, fazendo ela retornar à casa dele com o dinheiro antes de
informar o local seguinte. Porque fazer isso ao invés de dar os cinco locais de
vez? Não sei. Faria mais sentido, já que ele está correndo contra o tempo, do
que fazer Vicky perder tempo indo e voltando, mas o filme nunca dá uma razão
consistente para essa escolha do personagem.