quinta-feira, 17 de junho de 2021

Crítica - Awake

 

Análise Crítica - Awake

Resenha Crítica - Awake
A despeito do título e da temática sobre pessoas despertas, Awake é um filme extremamente sonolento. É um daqueles casos em que alguém pensou uma premissa curiosa sem a menor ideia de como desenvolvê-la em algo interessante achando que essa premissa sozinha seria capaz de carregar o filme. Não é.

Na trama, Um evento eletromagnético queima todos os aparelhos eletrônicos e deixa as pessoas incapazes de dormirem. Isso tem consequências apocalípticas, já que o corpo humano não consegue sobreviver durante muitos dias sem sono. A ex-militar Jill (Gina Rodriguez) tenta manter a família em segurança, principalmente a filha Matilda (Ariana Greenblatt), que parece ser uma das poucas pessoas capazes de dormir. O caos que toma a humanidade, no entanto, torna isso mais difícil.

A narrativa estabelece algumas regras sobre como as pessoas se comportariam depois de um período prolongado sem dormir, mas nunca explica como a família principal consegue se manter minimamente lúcida mesmo depois de dias se passarem e praticamente todas as outras pessoas que encontram se tornaram irracionais e violentas. A impressão é que isso acontece por pura necessidade de roteiro, já que se eles também sucumbissem rápido à irracionalidade, o filme não duraria tanto.

Na verdade, durante boa parte da minha experiência não consegui afastar a sensação de que talvez ele ficasse melhor como um curta metragem, já que não há muita substância para tornar a narrativa interessante depois que o conflito inicial é estabelecido. Os personagens são vazios e não há neles muito em termos de crescimento, mudanças ou aprendizados. O apocalipse em si e a situação de não dormir também não rende muito em termos de reflexões sobre a humanidade, existem breves menções à privação de sono como tortura, mas não há muito sendo dito em relação a isso.

A minutagem é preenchida com alguns encontros fortuitos com multidões enfurecidas que não tem nada de muito diferente do que já vimos em histórias de zumbis ou de fim do mundo. O clímax, quando os personagens chegam a uma instalação militar e o local é tomado por caos conforme os soldados enlouquecem pela privação de sono, é tão exagerado que se torna cômico e o mesmo pode ser dito das performances de Gina Rodriguez ou Jennifer Jason Leigh que ao invés de soarem instáveis ou frágeis ficam tão exageradas que geram mais risos que tensão.

Tecnicamente o filme possui algumas ideias bem sacadas em termos de montagem e fotografia. A montagem, muitas vezes abrupta, saltando de um ponto a outro da viagem dos personagens sem nos situar muito em termos de espaço ou tempo contribui para a sensação de confusão cognitiva experimentada pelos sujeitos privados de sono. Do mesmo modo, durante o clímax o filme adota uma fotografia com mudanças bruscas de foco na imagem ou estourando as luzes e desfocando as bordas do quadro para dar a sensação de colapso cognitivo daquelas pessoas.

Isso, logicamente, é muito pouco para sustentar Awake, um filme arrastado e inane que só não provoca sono por conta do humor involuntário que por vezes apresenta.

 

Nota: 4/10


Trailer

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