Na trama, Chibiusa, uma descendente da protagonista Usagi vinda do futuro, está prestes a voltar para seu tempo de origem, quando o misterioso Dead Moon Circus chega à Terra criando uma onda de energia que a impede de viajar no tempo. Usagi e as demais Sailors decidem investigar o estranho circo, descobrindo que elas servem à misteriosa rainha Nehelenia que veio à Terra roubar o lendário cristal dourado. Ao mesmo tempo, Chibiusa começa a ter visões envolvendo um Pégaso que pode ser a chave para derrotarem esses novos inimigos.
Ao contrário dos meus temores, a narrativa consegue encontrar tempo para focar em cada uma das Sailors, nos fazendo entender as personalidades de cada uma, seus poderes e as relações delas com as demais. O fluxo muito acelerado, no entanto, faz os combates com cada uma das enviadas da vilã, em especial o Amazon Trio, relativamente rápidos, o que é uma pena. Outra questão é que este é um arco avançado dentro da história maior desse universo e o filme não dá muito contexto para os neófitos na trama de Sailor Moon, o que significa que quem não tiver algum conhecimento prévio sobre arcos anteriores pode ficar um pouco perdido, principalmente porque nem a série clássica nem Sailor Moon Crystal estão disponíveis na Netflix.
Ainda assim a narrativa acerta no misto de aventura, romance e humor que é marca das aventuras de Usagi e suas companheiras. Seja nas interações entre Usagi e Chibiusa pela atenção de Mamoru, seja no companheirismo e na unidade familiar entre Haru, Michiro e Setsuna, que tentam criar juntas a pequena Hotaru. Claro, há uma certa pieguice na trama e em seu discurso sobre sonhos e amizade, incluindo previsível derrota da vilã com o poder do amor, mas Sailor Moon sempre foi uma série que soube usar esses atributos ao seu favor. Isso se mantem aqui, com a pieguice sendo parte do charme desse universo, desde as cenas de transformação passando pelo melodrama exagerado da relação entre Usagi e Mamoru.
Eu preciso também comentar algumas questões de tradução presentes no filme. Por um lado acho compreensível que se tenha optado por manter os nomes originais das personagens ao invés da tradução da série clássica (Usagi era Serena, Makoto era Lita, por exemplo) para se manter fiel ao material original. Por outro lado, incomoda o uso constante de expressões inglesas na dublagem brasileira.
Sim, essas expressões estão presentes no original japonês, mas isso diz respeito mais ao modo de falar deles do que a nomes ou conceitos específicos criados para este universo. Não há muita razão para que as personagens se refiram a Usagi ou Mamoru como princess e prince ao invés de princesa ou príncipe da mesma maneira que não há muito motivo para que Chibiusa seja chamada de small lady e não de “pequena dama”, inclusive (alguns personagens até usam o termo em português ocasionalmente, fazendo tudo soar aleatório e descuidado) porque foneticamente não é muito mais longo e não atrapalharia a sincronização. Se fossem expressões que usássemos cotidianamente até seria aceitável, mas como não são soam como um estrangeirismo forçado e desnecessário já que nosso idioma pode dar conta perfeitamente desses significados.
Ainda assim, Sailor Moon Eternal é uma aventura divertida e carismática que
consegue sintetizar bem o quarto arco da série, ainda que isso prejudique um
pouco a ação e não seja generosa com os não iniciados.
Nota: 6/10
Trailer
Um comentário:
Caro Lucas,
Conheci seu blog faz apenas alguns dias, mas já virei fã. Suas análises e criticas são fenomenais, e principalmente adorei sua coluna Lixo Extraordinário. Decidi assistir a cada um desses filmes com meu irmão, adoramos coisas desse tipo e você nos mostrou muitas jóias que não conhecíamos. Obrigado por isso.
Continuarei acompanhando. Continue o bom trabalho.
P. P.
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