Na trama, o casal Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) está prestes a realizar um exorcismo em uma criança. O ritual é bem sucedido, mas ninguém percebe que a entidade deixou o corpo do garoto para possuir o jovem Arne (Ruari O’Connor), namorado da irmã do menino. Ed é o único a notar esse acontecimento, mas é acometido por um infarto e não consegue avisar ninguém até acordar dias depois num hospital, até aí é tarde demais, já que um Arne possuído começou a matar pessoas e agora os Warren precisam provar a possessão para evitar que Arne seja condenado à morte.
É uma trama diferente dos outros dois filmes que consistiam do casal protagonista investigando algum fenômeno sobrenatural para tentar entende-lo. Aqui eles já sabem mais ou menos o que aconteceu, mas precisam encontrar provas para convencer o tribunal. Isso leva os personagens em uma trama que é mais um suspense investigativo do que um terror propriamente dito e mesmo que a ideia de discutir como efetivamente provar possessão possa ser interessante, a condução disso deixa bastante a desejar.
O crescente de tensão construído nos outros filmes é substituído aqui por sustos súbitos das visões de Lorraine ao tocar certos objetos. Além disso, o tom do filme é completamente diferente dos demais. Se antes eram histórias sobre os demônios que se escondiam em lugares e situações mundanas, aqui tudo parece mirabolante demais para um universo em que a magia e sobrenatural, apesar de presentes, não são coisas facilmente acessíveis. Aqui, no entanto, o casal Warren enfrenta uma cultista capaz de batalhas mediúnicas com Lorraine, controlar mentes e um confronto final em um labiríntico covil subterrâneo. Todos esses elementos parecem mais próximos de uma história do John Constantine ou Indiana Jones do que as tramas presentes nos filmes dos Warren até aqui.
A cena inicial do exorcismo até traz a tensão e o pavor que os filmes anteriores fizeram tão bem, com o garoto possuído arranhando as paredes e se contorcendo de maneira grotesca, mas assim que termina esse segmento inicial, tudo vira algo mais próximo de uma trama aventuresca que só risível diante da abordagem mais “pé no chão” que os filmes anteriores estabeleceram para esses personagens. Mesmo ignorando os dois outros filmes, este aqui é um terror sem muito horror ou tensão.
Patrick Wilson e Vera Farmiga seguem ótimos como o casal Warren, construindo o carisma e empatia do casal, bem como evidenciando um genuíno afeto que eles tem um pelo outros. A eles se junta John Noble como um excêntrico pesquisador do oculto, embora ele praticamente repita o tipo de personagem que ele já fez em uma série de outros produtos, como Fringe. O elenco consegue dar uma credibilidade mínima para que a trama não se torne risível, mas não a salva de ser desnecessariamente grandiloquente e quase que inane em termos de terror. Além disso, o texto não consegue amarrar direito toda a questão do tribunal, já que depois da cultista ser derrotada toda a argumentação acontece fora de cena, apenas com um letreiro nos informando que Arne conseguiu uma pena mais branda.
No fim, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio guia seus personagens pelos
caminhos menos interessantes possíveis, se afastando demais do que fez os
outros dois filmes produtos tão envolventes do cinema de terror.
Nota: 4/10
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