segunda-feira, 12 de julho de 2021

Crítica – Viúva Negra

 Análise Crítica – Viúva Negra


Review – Viúva Negra
Apesar de ter sido apresentada no início do universo Marvel nos cinemas em Homem de Ferro 2 (2010), a Viúva Negra nunca estrelou em um filme próprio, o que parecia um desperdício, já que a personagem tinha potencial para explorar outras facetas desse universo em tramas mais voltadas para a espionagem e suspense. Pois a vez da espiã sob os holofotes chegou, ainda que tardiamente, neste Viúva Negra e o resultado, ainda que positivo, não aproveita todo o potencial da personagem.

A trama se passa imediatamente depois dos eventos de Capitão América: Guerra Civil (2016). Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) está foragida das autoridades depois de ter ido contra os acordos de Sokovia. A espiã tenta se manter escondida, mas é colocada na mira do perigoso Treinador quando recebe um pacote misterioso de Yelena Belova (Florence Pugh), que Natasha considera uma irmã de criação e que também foi treinada na Sala Vermelha para se tornar uma Viúva Negra. Assim, Natasha precisa reencontrar Yelena e acertar as contas com o seu passado.

Scarlett Johasson é ótima em construir a dor que seu passado como assassina ainda lhe causa, bem como a mágoa que ainda guarda de sua antiga família adotiva formada por Alexei (David Habour) e Melina (Rachel Weisz), além de Yelena. As interações entre eles ajudam a compreender como Natasha se tornou a pessoa que conhecemos e há uma convincente dinâmica de uma família disfuncional, como o fato de Alexei se mostrar orgulhoso por Yelena e Natasha terem se tornado assassinas, que mostra que esses personagens até tem algum afeto uns pelos outros, mas demonstram de uma maneira equivocada.

Essa dinâmica poderia render muito ao explorar os traumas da protagonista em ter sido basicamente uma criança soldado, a questão é que a despeito do talento do elenco muito do drama potencial é diluído pelos diálogos “padrão Marvel”. Como em muitos outros filmes do estúdio (a exemplo de Doutor Estranho, Thor Ragnarok ou os dois últimos Homem-Aranha) o desenvolvimento dos personagens é constantemente sabotado pela insistência em trocas de farpas e frases de efeito engraçadinhas entre eles. É como se o estúdio não acreditasse que podemos embarcar no drama desses indivíduos e precisasse fazer graça o tempo todo para não dispersar nossa atenção. O material se prestaria a algo mais cheio de suspense e intriga, como Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014), no entanto, o resultado traz o mesmo clima de aventura típico dos filmes do estúdio.

Na ação o principal destaque é o Treinador e o modo como o personagem consegue imitar as técnicas de outros heróis do universo, com um estilo de luta versátil e imprevisível que o torna um formidável oponente, criando um senso palpável de perigo quando as heroínas o enfrentam. Já o outro vilão, o general Dreykov (Ray Winstone), aparece muito pouco para construir o sentimento de ameaça e trauma que o texto tenta incutir nele.

A ideia de Dreykov construir seu poder em cima da subjugação e controle de mulheres acaba servindo como uma metáfora para as estruturas de poder machistas de nossa sociedade. Com homens explorando e usando mulheres como objetos descartáveis enquanto fomentam rivalidades femininas apenas para que ninguém perceba que eles são o real problema e o que esses conflitos fabricados só facilitam que se mantenham no poder.  Como o personagem aparece tão pouco, porém, essas ideias e temas também não tem seu potencial plenamente aproveitado.

O desfecho consegue amarrar os principais conflitos que foram desenvolvidos na Viúva Negra ao longo dos outros filmes da Marvel e funciona como uma despedida correta para a personagem. Mesmo sendo uma aventura bacana, não dá para afastar a sensação de que Viúva Negra não aproveita todo o potencial da personagem.

 

Nota: 6/10


Trailer

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