A trama acompanha o garoto Connor (Finn Little), que se embrenha em uma floresta depois que assassinos mataram seu pai. De posse das provas que o pai colheu contra uma organização criminosa, Connor encontra Hannah (Angelina Jolie), uma bombeira que está em uma torre de vigilância de plantão para o caso de incêndios florestais. Agora, Hannah vai ajudar o garoto a atravessar a floresta e entregar as provas à imprensa antes que os assassinos os alcancem.
É uma narrativa bem básica de uma agente em fuga com uma testemunha precisando eludir seus perseguidores. Os personagens em si também são uma coleção de clichês, como o fato de Hannah ser a típica profissional que carrega um trauma passado e se apega à missão por uma chance de redenção, ou Ethan (Jon Bernthal) o típico xerife interiorano que se mete em algo além de sua capacidade. Toda a trama é bastante previsível e se desenvolve exatamente como imaginamos que irá. O que impede o filme se ser um produto burocrático e sem graça é a condução e Sheridan e a capacidade do elenco em adicionar alguma nuance a personagens que são relativamente básicos.
O jovem Finn Little se sai muito bem em nos mostrar Connor como um garoto em pânico, completamente sobrecarregado pela situação em que se encontra, não capacitado para lidar com ela e emocionalmente impactado pela morte do pai. Ele consegue forjar uma dinâmica convincente ao lado de Angelina Jolie e o cuidado que Hannah demonstra pelo garoto. Os dois assassinos seriam bastante esquecíveis se não fossem os pequenos vislumbres de humanidade que Nicholas Hoult e Aidan Gillen colocam em colocam em Patrick e Jack respectivamente. Quando, por exemplo, a dupla descobre que Allison (Medina Senghore), a esposa de Ethan, está grávida, os dois demonstram um breve momento de incômodo e hesitação por estarem prestes a torturarem uma gestante.
O diretor Taylor Sheridan consegue criar embates tensos que ilustram o quanto esses personagens são astutos e experientes em combate, a exemplo da tentativa de Ethan em superar os dois assassinos ou o compate entre Allison e Patrick perto do final. Os segmentos envolvendo incêndios florestais ilustram bem a letalidade veloz desses eventos, com qualquer pequena lufada de vento sendo capaz de projetar labaredas a metros de distância. Não lembro de nenhum outro filme que tenha sido tão eficiente em mostrar o quão terrível é esse tipo de incêndio e o obstáculo infernal que eles podem representar para alguém preso em meio a um deles. Inclusive, não deixa de ser simbólico que um dos assassinos seja morto pelo incêndio que eles mesmos começaram, mostrando o que acontece quando o ser humano tenta atacar a natureza.
Assim, é pela tensão que o
diretor imprime em seu modo de filmar e na capacidade do elenco em dar camadas
a personagens que, no papel, seriam bastante clichês, que Aqueles Que Me Desejam a Morte consegue se sustentar.
Nota: 6/10
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