A narrativa continua no ponto em que a anterior. Depois de serem considerados fugitivos e terem o esconderijo atacado por drone, o time de Jane (Jaimie Alexander) se separa e se espalha pelo mundo. Meses depois, um atendado em Times Square queima nos prédios uma imagem semelhante a uma das tatuagens de Jane. Imaginando que isso é, de alguma forma, um recado para eles, Jane e os demais se reúnem em um bunker subterrâneo na cidade de Praga para decifrar a pista e entender como isso pode ajudá-los a derrubar a poderosa Madeline (Mary Elizabeth Mastrantonio).
O número menor de episódios (apenas 11) beneficia a série eliminando a necessidade de filler e permitindo que foque na construção da trama principal. Mais do que em qualquer outro ano, isso ajuda na construção do suspense e no senso de perigo que circula os protagonistas. Afinal, se eles ficassem o tempo todo desviando da missão principal para fazer outras coisas, isso diluiria a sensação de que eles são fugitivos internacionais constantemente caçados pelas autoridades.
A trama explora bem as dificuldades de operarem na ilegalidade, sem ter todo o aparato do FBI como estavam acostumados e com a preocupação constante de não deixar vestígios. Isso causa tensão entre os personagens principalmente por precisarem ficar afastados de seus entes queridos, como é o caso de Weller (Sullivan Stapleton) e Patterson (Ashley Johnson). Do mesmo modo, a ideia de que Madeline quer causar caos nos Estados Unidos usando ZIP como arma química amarra os planos da vilã com o passado de Jane e o uso da substância o que ajuda a dar contornos pessoais à disputa em jogo, pois a protagonista não está apenas lutando contra a vilã, mas contra o próprio legado sombrio e os erros de seu passado.
O elo fraco continua sendo Zapata (Audrey Sparza), que mesmo depois da morte de Reade (Rob Brown) segue sendo definida apenas por sua relação com ele. Depois de várias temporadas construindo o relacionamento dos dois, a série resolve encerrar isso de maneira violenta, mas sem que isso tenha qualquer impacto na dinâmica entre eles. A morte de Reade serve apenas para um choque momentâneo e para dar uma motivação a Zapata, reproduzindo o clichê das “mulheres na geladeira” só que com gênero invertido. Sim, a personagem segue como uma combatente hábil capaz de ajudar os amigos, mas toda a personalidade dela se baseia na relação com Reade, sem qualquer traço próprio.
Apesar de Madeline seguir como a melhor antagonista da série desde Shepherd (Michelle Hurd), sempre capaz de antecipar os movimentos dos protagonistas, a temporada vacila ao eliminá-la cedo demais, substituindo a ardilosa vilã por uma terrorista genérica incapaz de evocar o mesmo sentimento de ameaça ou tensão. O episódio final é hábil em amarrar toda a jornada dos personagens até esse ponto, embora a ideia de trazer de volta absolutamente todos os coadjuvantes, mesmo que para uma pequena cena, soa forçada em alguns momentos (como a aparição de Nas), como que meramente para apelar para a nostalgia do espectador.
Do mesmo modo, o final em si, que poderia ser impactante, tem sua força diluída pela solução covarde de apresentar duas “possibilidades”. A série nunca sequer tinha tocado em temas de realidades paralelas, multiverso ou qualquer coisa assim, então usar isso no literal último minuto para apresentar dois finais possíveis e deixar isso a cargo do público soa como uma escolha medrosa que teme desagradar alguma parcela da audiência e resolve entregar tudo para todo mundo ao mesmo tempo.
Uma coisa é deixar em aberto o destino de um personagem, como o final de Família Soprano, outra coisa é dar múltiplos finais deixar para o público decidir o que lhe agrada. Seria melhor se a série efetivamente escolhesse um deles, seja o final feliz em que tudo dá certo, seja o desfecho mais trágico que, de certa forma, é mais coerente pela simetria que traz ao arco de Jane, encerrando a história dela retornando ao início e fechando o ciclo. Não chega a ser um final indigno para a série, mas é um que não tem o impacto devido por decisões covardes.
A quinta temporada de Blindspot constrói bem o suspense da
jornada final de seus personagens e consegue dar a eles desfechos que são
coerentes, ainda que seja prejudicada por alguns arcos que não funcionam e um
final medroso que tira o peso das escolhas da protagonista.
Nota: 6/10
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CRÍTICA INSENSÍVEL CHOREI PRA PORRA COM FINAL DESSA SÉRIE, MOSTRAR APÓS A JANE MORRENDO ACABOU CMG
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