terça-feira, 31 de agosto de 2021

Crítica – Monster Hunter

 

Análise Crítica – Monster Hunter

Review - Monster Hunter
É impressionante como Monster Hunter pega um jogo de videogame sobre caçar monstros gigantes com armas absurdas e consegue tornar isso tão entediante. Muito vem das escolhas de tornar esse universo e personagens coadjuvantes em seu próprio filme, mas no cerne está um problema que tem sido comum em Hollywood nos últimos anos: o de que tudo precisa virar uma franquia com múltiplas continuações.

Por conta disso produzem algo cuja história não se desenvolve, o universo é frouxamente construído e há pouca ou nenhuma conclusão para trama, tudo pela promessa de que vão haver mais filmes. Isso deu problemas para Animais Fantásticos (a despeito da bilheteria razoável) e afundou Warcraft (2016) ou o recente Mortal Kombat (2021) tornando-os em produtos que pareciam trailers estendidos sem unidade narrativa. O mesmo sentimento está presente aqui em Monster Hunter.

Na trama, a comandante Artemis (Milla Jovovich) e sua tropa são pegos em uma estranha tempestade durante uma missão e são transportados para um mundo repleto de monstros gigantes. Lá eles são auxiliados pelo Caçador (Tony Jaa) e precisam descobrir como voltar para o mundo deles.

Não sou um profundo conhecedor da mitologia do universo Monster Hunter, mas joguei alguns deles (devo ter mais de 200 horas em Monster Hunter Tri no Wii) e, bem, não eram jogos com uma história muito densa. Ainda assim, todo o expediente da fusão de mundos e militares estadunidenses soa genérico e preguiçoso em um universo que mesmo não sendo nenhum primor narrativo, ao menos era visivelmente singular. Claro, as armas e armaduras estão aqui, os Palicos e outros elementos estão presentes, mas são marginais na trama protagonizada por milicos genéricos.

O próprio Caçador é mais um auxiliar de Artemis do que um protagonista de fato, sem qualquer arco narrativo. A ideia de personagens externos a esse mundo em tese serviria para possibilitar a explicação das mecânicas que governam esse universo, mas nada disso acontece. Vemos os personagens ativarem as propriedades especiais de armas como as espadas duplas, no entanto nada é explicado sobre isso, apenas acontece.

Ritmo é outra questão, já que depois do ataque inicial quando Artemis e sua tropa chegam ao novo mundo temos quase uma hora da protagonista e do Caçador vagando pelo deserto sem que muita coisa aconteça, seja em termos de ação, de desenvolvimento de personagem, de construção de universo, nada. Só quase uma hora de puro tédio. Mesmo quando a ação chega e vemos os confrontos com o Diablos ou Rathalos, é tudo filmado com a aquela mesma câmera trêmula e montagem excessivamente picotada da maioria dos filmes de ação hollywoodianos de hoje que é difícil se empolgar com alguma coisa. Não ajuda que em muitas tomadas a computação gráfica seja incomodamente artificial.

O clímax é prejudicado pela ausência de qualquer senso de resolução. Não é tanto que o filme deixa um gancho para a continuação, mas que ele simplesmente interrompe abruptamente a história sem ter conseguido fechar nenhum dos arcos narrativos que construiu (porcamente, por sinal) até aqui. A impressão é um produto inacabado e insatisfatório. Algo concebido com tanta vontade de se desdobrar em múltiplas continuações que até esqueceram de acabar apropriadamente o filme presente.

Arrastado, sem personalidade, fundamentalmente incompleto e não aproveitando o universo dos games como deveria, Monster Hunter é mais uma péssima adaptação de game e mais uma evidência de como fazer um filme já pensando em múltiplas continuações mais atrapalha do que ajuda.

 

Nota: 3/10


Trailer

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