terça-feira, 10 de agosto de 2021

Crítica – O Esquadrão Suicida

 

Análise Crítica – O Esquadrão Suicida

Review – O Esquadrão Suicida
Depois da decepção que foi Esquadrão Suicida (2016), a Warner tenta retornar ao grupo de supervilões da DC com o diretor James Gunn (de Guardiões da Galáxia) à frente da equipe neste O Esquadrão Suicida e o resultado é anos luz melhor. Gunn traz sua hábil mistura entre senso de humor absurdo e desenvolvimento de personagem que tinha funcionado tão bem para os heróis galácticos da Marvel.

Na trama, Amanda Waller (Viola Davis) coloca mais uma vez o major Rick Flag (Joel Kinnaman) para liderar um grupo de supervilões em uma missão secreta e arriscada. Dessa vez a equipe composta por Arlequina (Margot Robbie), Sanguinário (Idris Elba) e tantos outros é enviada à ilha nação de Corto Maltese para derrubar o novo regime ditatorial do país e destruir a misteriosa arma biológica desenvolvida por eles.

Os membros da equipe foram tirados do fundo do baú da DC, sendo compostos por personagens do quinto escalão com habilidades bizarras, ridículas e nem sempre úteis como a do TDK (Nathan Fillion). Seria fácil reduzir tudo a comédia dada a natureza intrinsecamente patética desses sujeitos, mas Gunn consegue injetar humanidade neles, transformando-os em figuras trágicas, devastadas por trauma, perda e solidão.

Do Bolinha (David Dastmalchian), que matou a própria mãe depois de ter sido usado por ela como cobaia em experimentos, passando pela Caça-Ratos 2 (Daniela Melchior), que cresceu nas ruas com o pai viciado em drogas, todos os membros são indivíduos danificados e marcados por problemas (ainda que recorra a alguns clichês). Até mesmo Nanaue (voz de Sylvester Stallone), apesar de passar boa parte do filme como alívio cômico, tem uma certa melancolia e um forte sentimento de isolamento, se sentindo afastado e rejeitado pelos demais.

Assim como conseguiu fazer em Guardiões da Galáxia, Gunn consegue desenvolver de maneira convincente as relações e conflitos entre os personagens, dando a cada um deles seu momento de brilhar e um momento de se aproximar ou afastar de seus demais colegas (diferente do que aconteceu em Aves de Rapina, por exemplo). Sim, porque sendo eles vilões nem todos se dão bem, especialmente Sanguinário e o Pacificador (John Cena), que tem personalidades bastante opostas. Isso não é por acaso, já que Amanda Waller parece tê-los escolhido a dedo e guarda objetivos secretos para cada um deles, objetivos que eventualmente colocam esses personagens em rota de colisão. Isso faz sentido, considerando que se trata de uma equipe de bandidos e é inevitável que alguém tente passar a perna nos demais.

Falando em Waller, aqui ela funciona melhor do que no filme anterior, quando eram as ações dela que causavam todos os problemas, o que ia de encontro à natureza astuta da personagem. Desta vez Waller é de fato uma pessoa com visão ampla dos eventos, que têm planos e contingências para todos os cenários possíveis e age de maneira implacável, não se importando com nada além do objetivo da missão. Flag é outro que se redime do primeiro filme, já que lá ele foi reduzido é um veículo de exposição da trama e aqui ele é um líder mais carismático, mais próximo do resto da equipe e com uma trama própria, demonstrando ser um soldado com consciência e não apenas um cão de guarda a serviço de Waller.

Gunn também é hábil em transmitir a sensação de que essa é, de fato, uma missão suicida, colocando obstáculos diante dos personagens a todo momento e eliminando aqueles que não conseguem superá-los. Desde a invasão inicial às praias temos a clara sensação de que qualquer um pode morrer e, por conta da construção de um vínculo com muitos deles, as mortes acabam sendo impactantes. Embora algumas mortes sirvam também a propósitos de humor, ridicularizando as habilidades idiotas de alguns ou divertindo pela violência exagerada de cabeças explodindo ou corpos sendo despedaçados.

O ponto fraco acaba sendo os antagonistas da fita. Os líderes de Corto Maltese são ditadores genéricos com alguns clichês preconceituosos em relação a latino-americanos. O ator Peter Capaldi, por sua vez, acaba sendo pouco aproveitado como o vilão Pensador, não tendo muito tempo de tela para causar qualquer tipo de impacto. Já o bizarro Starro não tem personalidade o bastante para funcionar como qualquer coisa além de um pedaço de carne para os protagonistas baterem durante o clímax. Sim, é uma criatura poderosa que serve de âncora para ótimas cenas de ação, mas não é muito enquanto personagem. A ação, por sinal, também diverte por explorar criativamente as habilidades dos seus personagens, desde as várias armas do Sanguinário e Pacificador a poderes bizarros como o controle de exércitos de roedores da Caça Ratos 2 ou os disparos coloridos do Bolinha.

Com humor, bizarrice, ultraviolência e personagens insólitos, este O Esquadrão Suicida é uma divertida aventura elevada pela personalidade singular que o diretor James Gunn consegue imprimir nela.

 

Nota: 8/10


Trailer

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