terça-feira, 7 de setembro de 2021

Crítica – Cinderela (2021)

 

Análise Crítica – Cinderela (2021)

Review – Cinderela (2021)
Esta nova versão de Cinderela soa como uma tentativa da Amazon de produzir um conteúdo semelhante ao da Disney (sendo que eles fizeram seu próprio Cinderela em live action em 2015), mas a produção estrelada por Camila Cabello não consegue sair da sombra da casa do Mickey. A trama até tem boas ideias, o problema é que a estrutura de musical contado a partir de números com novas versões de canções famosas não consegue ter personalidade suficiente para encantar.

Na trama, Ella (Camila Cabello) é uma jovem que sonha em se tornar estilista e vender vestidos por todo o mundo, mas seus sonhos vão de encontro à realidade do reino, no qual mulheres apenas servem para serem esposas e donas de casa. Ela é constantemente maltratada pela madrasta, Vivian (Idina Menzel), que deseja arrumar bons maridos para as duas filhas. Enquanto isso, o rei Rowan (Pierce Brosnan) quer que o filho, o príncipe Robert (Nicholas Galitzine) encontre uma esposa para que ele possa ser anunciado como o próximo rei.

Existem ao longo da trama ideias bacanas para tornar a trama mais palatável aos dias atuais, como uma protagonista que sonha em ser independente ao invés de alguém passiva a espera de um homem que a salve. Do mesmo modo, a trama dá alguma nuance à madrasta ao fazer dela uma mulher amargurada por ter desistido dos sonhos e se resignado ao papel de dona de casa. O problema é o ritmo arrastado da narrativa e os números musicais pouco envolventes.

A maioria das cenas musicais usa canções não originais, mas ao invés de fazer algo diferente ou inesperado nos arranjos dessas canções conhecidas, como Moulin Rouge (2001) transformando uma canção do The Police em um tango, o filme embala todas as músicas em uma roupagem pop genérica e sem graça. O resultado é tão insosso que consegue tornar entediante uma cena da veterana da Broadway (e voz da Elsa de Frozen) Idina Menzel cantando Material Girl de Madonna. Ao longo do filme outras canções como Somebody to Love do Queen, Seven Nation Army do White Stripes ou Perfect de Ed Sheeran recebem um igual tratamento inane.

Não ajuda que o casal principal seja carente de química. Camila Cabello faz o que pode como Ella, mas Nicholas Galitzine não consegue dar muito carisma ou charme ao príncipe para convencer de que ele seria capaz de arrebatar qualquer garota. Na verdade, o conflito no casamento do rei Rowan com a rainha Beatrice (Minnie Driver) é mais interessante que o romance principal.

Alguns elementos parecem soltos, jogados a esmo sem que tenham muita pertinência na trama, como os ratos falantes que acompanham a protagonista e parecem estar ali apenas para remeter aos animais falantes dos contos de fada da Disney. Billy Porter é único que consegue dar alguma medida de encantamento como a Fabulosa Madrinha, mas aparece tão pouco que obviamente não torna o filme mais aproveitável.

É uma pena, já que a diretora Kay Cannon tinha mostrado um talento para brincar com tramas batidas como a comédia adolescente sobre virgindade, algo que fez em seu longa de estreia, o bacana e pouco visto Não Vai Dar (2018). Em Cinderela, no entanto, o que encontramos são boas ideias que nunca se concretizam por conta dos números musicais sem graça e um casal principal que nunca convence, resultando em um conto de fadas desprovido de maravilha ou encantamento.

 

Nota: 4/10


Trailer

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