Na trama, Padget (Addison Rae) é uma garota popular e influenciadora digital que esconde das amigas ricas que é pobre. Quando Padget passa vergonha na internet e perde os patrocínios de marca, faz uma aposta com Alden (Maddison Pettis), a garota mais rica do colégio, de que é capaz de tornar qualquer perdedor em um cara popular. O escolhido é Cameron (Tanner Buchanan, o Robbie de Cobra Kai), um rapaz sem muitos amigos que gosta de fotografia.
Desde Ela é Demais a escolha do alvo sempre parecia longe do pior possível, mas se lá ao menos fizeram o esforço de “enfeiar” a protagonista com óculos fundo de garrafa, roupas extremamente largas e outros adereços, o mesmo não acontece aqui. Cameron é, desde o início, dentro de qualquer padrão de beleza e o filme tenta se esquivar dessa questão ao abordar o fato dele não ter redes sociais ou não ser conhecido, como se fosse difícil para alguém extremamente atraente conseguir seguidores na internet. A ideia de que ele é um pária por gostar de música e cinema da década de 70 não faz o menor sentido, isso é a personalidade de qualquer hipster básico (e posteriormente ainda descobrimos que ele é um excelente lutador, algo que a trama nunca se dá ao trabalho de explicar). Alguém com esse tipo de gosto dificilmente ficaria isolado em um colégio em área nobre, com muitos pretensos músicos e cineastas.
Desta maneira, todo o percurso de Cameron ao longo do filme soa difícil de embarcar, principalmente porque o romance com Padget vem tão fácil e tão rápido, ainda que o casal principal tenha uma boa química. Falta também os diálogos rápidos e sagazes que deram ao original um senso de humor bem próprio, que ajudou a diferenciá-lo do resto dos romances adolescentes da época. Talvez fosse melhor, considerando a fragilidade da premissa principal, apostar em algo mais autoconsciente, ciente da natureza ridícula do conflito da trama, embora isso pudesse deixar tudo muito parecido com Não é Mais um Besteirol Americano (2001).
Alguns membros do elenco original como Rachel Leigh Cook ou Matthew Lillard têm pequenas aparições que não passam de um apelo à nostalgia. O final tenta trazer uma lição de moral óbvia sobre a natureza construída e falsa da vida das influenciadoras digitais, mas toda a mensagem é sabotada por um epílogo em que vemos Padget e Cameron como influenciadores digitais, aquilo que minutos antes a protagonista criticou. Só porque eles estão mostrando uma vida supostamente “sem filtro” não significa que é algo menos problemático ou possivelmente nocivo em criar expectativas irreais.
Com uma mensagem inconsistente,
uma trama que não consegue convencer em seus principais conflitos e diálogos
que carecem de sagacidade, Ele é Demais é
um daqueles remakes que nunca justifica a própria existência.
Nota: 3/10
Trailer
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