quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Crítica – As Passageiras

 

Análise Crítica – As Passageiras

Review – As Passageiras
Pela sinopse e pelos trailers, As Passageiras prometia ser uma divertida mistura entre horror, ação e comédia. Com isso em mente fui assistir esperando algo que ao menos funcionasse como entretenimento bacana, mas o produto final, embora tenha alguns bons elementos, não diverte como deveria.

Na trama, Benny (Jorge Lendeborg Jr) substitui o irmão por uma noite em seu trabalho como motorista. Nesta noite específica ele precisa levar duas mulheres, Blaire (Debby Ryan) e Zoe (Lucy Fry), para uma série de festas. Rapidamente Benny descobre que as duas são vampiras e estão em uma missão de eliminar os chefes de todos os territórios de Los Angeles para que o vampiro Victor (Alfie Allen) domine a cidade sozinho. A ação viola uma antiga trégua entre vampiros e humanos, fazendo de Benny e suas duas passageiras alvos de vampiros rivais e também humanos caçadores de monstros.

Apesar da trama se estruturar com uma intensa corrida contra o tempo, o filme nunca consegue transmitir essa sensação de movimento. Toda vez que a trama parece se acelerar e engatar na urgência que o texto sugere, tudo cessa subitamente com os personagens parando para se esconder, dando início a longos diálogos expositivos que tentam explicar a complicada política que rege a conduta de vampiros e humanos naquele universo.

Essa construção de mundo é outro problema, já que tudo é transmitido apenas longas exposições, com muito pouco do funcionamento do universo sendo efetivamente mostrado. As exposições, por sinal, fazem todas as ideias sobre facções, divisões de territórios e tréguas soarem muito mais complicadas do que realmente parecem ser e, com isso, tudo fica desnecessariamente embolado. Como a trama para a todo momento para jogar essas explicações no nosso colo, o filme fica truncado, com um ritmo irregular e incapaz de dar o tom de corrida contra o tempo que a premissa sugere.

A fotografia investe na iluminação neon repleta de tons de vermelho e roxo, em muitos momentos chegando até a parecer com um filme do Nicolas Widing Refn. Todo esse estilo, no entanto, não sustenta a falta de substância, já que o texto não tem nada a dizer sobre essa Los Angeles cosmopolita que nunca dorme. Vez ou outra se tenta usar os vampiros como metáfora para uma elite financeira ou mesmo a elite hollywoodiana (em uma determinada cena alguém diz que a cidade é comandada por sanguessugas), mas nunca vai adiante nessas ponderações. Mesmo em termos de ação não há muita substância, com sequências corretas, mas pouco memoráveis.

Falta a Alfie Allen charme e autoridade suficientes para funcionar como Victor. O texto coloca o personagem como um vampiro tão poderoso que consegue matar as duas matriarcas vampiras que controlam a cidade (Megan Fox e Sydney Sweeney, completamente desperdiçadas), mas o ator nunca consegue transmitir a força e a ameaça que o personagem deveria evocar. Apenas Lucy Fry consegue fazer algo digno de nota como Zoe, uma vampira alegremente sádica, que aprecia ser cruel e ao mesmo tempo exibe um cuidado e afeto bastante sinceros por Blaire.

Desta maneira, As Passageiras desperdiça o potencial de sua premissa com uma narrativa truncada, desprovida de urgência, e uma construção de mundo que quer soar complexa, mas termina desnecessariamente bagunçada.

 

Nota: 4/10


Trailer

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