Na trama, Tom (Sam Heughan, da série Outlander) é um agente das forças especiais britânicas que está em uma viagem de trem com a namorada, Sophie (Hannah John-Kamen) rumo a Paris quando o trem é tomado pelo grupo paramilitar liderado por Grace (Ruby Rose). A vilã ameaça explodir o Eurotúnel (que liga a Inglaterra à França) em troca de um resgate e um meio de fuga, já que está sendo acusada de crimes de guerra. Cabe a Tom enfrentar a ameaça de dentro do túnel.
A narrativa segue à risca o tido de arco que se espera de um filme desse tipo. Era de se imaginar que a ideia de Tom ser uma espécie de “psicopata funcional” capaz de algum nível de empatia ajudasse a torná-lo um herói diferente do que já vimos antes, mas é um aspecto pouco desenvolvido e explorado. Sim, ele é implacável, no entanto isso não é exatamente novidade no gênero e já vimos outros heróis de ação implacáveis vividos por Stallone, Schwarzenegger, Steven Seagal ou mesmo Liam Neeson. Nesse sentido, não há nada em Tom que o diferencie.
A habitualmente competente Hannah John-Kamen é desperdiçada como uma mera “donzela em perigo”. A trama até tenta dar a ela algo o que fazer, mas não é muito além de resistir (muitas vezes futilmente) aos membros da gangue de Grace. Do mesmo modo a vilã é só uma militar sádica. A trama tenta falar algo sobre o modo como potências mundiais usam companhias militares privadas para fazerem seu trabalho sujo e manterem as mãos limpas diante do público, porém não tem muito a dizer a respeito disso além de reconhecer que é ruim, ignorando como isso faz parte do ranço colonial que permeia essas nações que tratam o mundo como um playground onde podem fazer o que bem entendem.
A ação é competente, razoavelmente bem conduzida ainda que não apresente nada que realmente chegue a empolgar. É mais burocrática, cumprindo tabela do que se espera do gênero, do que algo dotado de criatividade ou senso de espetáculo. Incomoda também a desnecessária longa duração para algo com uma trama tão simples. Principalmente o modo como o desfecho se alonga indefinidamente em um epílogo que parece que vai resolver algumas pontas soltas (como o destino do traidor da equipe de Tom), mas apenas empurra tudo para uma possível sequência, o que faz as longas narrações seguidas por imagens de drones terem pouca repercussão no filme presente. Dava para resumir tudo de maneira mais concisa e o filme inteiro se beneficiaria de um ritmo melhor se tivesse cerca de vinte minutos a menos.
Com ação que não empolga como
deveria, personagens genéricos e uma narrativa desnecessariamente inchada, Ascensão do Cisne Negro não tem muito a
oferecer, gerando mais tédio do que empolgação.
Nota: 4/10
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