terça-feira, 9 de novembro de 2021

Crítica – Marvel’s Guardians of the Galaxy

Análise Crítica – Marvel’s Guardians of the Galaxy

Review – Marvel’s Guardians of the Galaxy
Eu fiquei com um pé atrás com o anúncio deste Marvel’s Guardians of the Galaxy, afinal a incursão anterior da Square-Enix neste universo foi o problemático, ainda que divertido, Marvel’s Avengers, que tentava ser várias coisas ao mesmo tempo e não fazia nenhuma direito. Tudo bem que ele foi desenvolvido pela Crystal Dynamics (responsável pelos recentes Tomb Raider), enquanto que este novo jogo dos Guardiões da Galáxia estava sob a batuta da Eidos Montreal (que desenvolveu os recentes Deus Ex), mas ainda assim temi que a Square, que era a publisher, poderia interferir e repetir os mesmos problemas do game dos Vingadores. Felizmente isso não aconteceu e Marvel’s Guardians of the Galaxy é uma experiência concisa e focada em uma narrativa de um jogador, que mostra o valor desse tipo de experiência que a indústria parece disposta a não fazer a despeito de sucessos como God of War e Jedi Fallen Order.

Na trama, os Guardiões já estão juntos há algum tempo e tentam faturar alto ao capturarem e venderem um monstro poderoso para a temível Lady Hellbender. A missão dá errado e eles são pegos pela Tropa Nova, acidentalmente se colocando no caminho da Igreja da Verdade Universal e seus planos de dominação galáctica. Agora o grupo precisa se unir e superar as diferenças para salvar o universo.

A trama progride em capítulos em uma estrutura que me lembra Uncharted, com o jogador controlando exclusivamente Peter Quill, o Senhor das Estrelas. Até tem alguns espaços amplos mas no geral é um game relativamente linear, sendo fácil identificar os caminhos alternativos que guardam os colecionáveis. Talvez seja um pouco linear demais considerando que os personagens são caçadores de recompensa vagando pela galáxia. Não que eu quisesse um jogo de mundo aberto, ele é ótimo como uma aventura linear, mas poderíamos ao menos ter algumas áreas que pudessem ser revisitadas e exploradas com novas habilidades e algumas missões secundárias, a exemplo dos já citados God of War e Jedi Fallen Order.

A progressão envolve exploração, com alguns quebra-cabeças ambientais que dependem das propriedades elementais das armas de Quill ou de ordens que o jogador pode dar aos demais companheiros de equipe, como pedir para Drax derrubar uma parede ou para Groot criar uma ponte com seus galhos. O jogo também apresenta alguns segmentos em que se controla a Milano, a nave dos Guardiões, seja para fugir de algum lugar esquivando de inimigos, seja em breves segmentos de combate. Isso ajuda a dar alguma variedade ao gameplay.

Durante o combate o jogador se mantem no controle de Quill, mas pode dar ordens aos demais companheiros para usarem habilidades específicas ou para interagirem com certos elementos da arena para atacarem os inimigos, como Gamora cortar algo pesado suspenso sobre os inimigos ou Rocket explodir algo inflamável. Cada personagem tem uma função muito clara, com Gamora causando dano alto a inimigos individuais, Drax causando alto atordoamento nos inimigos, Rocket causando dano por área e Groot prendendo os adversários com suas raízes.

As lutas são velozes graças a mobilidade de Quill, que pode usar suas botas à jato para se esquivar ou flutuar acima dos inimigos. Os diferentes elementos das armas de Quill são usados para explorar as vulnerabilidades dos inimigos ou obter vantagens táticas, como usar o disparo eólico para trazer snipers para perto de você rapidamente. Durante o combate há uma barra de especial que quando preenchida pode ser usada para reunir a equipe. Ao fazer isso todos tem a energia restaurada e Quill tem a chance de inspirar os companheiros escolhendo algumas opções de discurso, é preciso atentar para o que os aliados estão falando para fazer a escolha certa de palavras. Acertando, toda a equipe recebe um incremento temporário de atributos. Se errar, apenas Quill recebe a melhoria.

Independente do resultado, Quill liga seu walkman e o jogador começa a enfrentar os inimigos com alguma das canções pop que compõem a trilha musical e é inegável o entretenimento oferecido por explodir monstros alienígenas ao som de Never Gonna Give You Up de Rick Astley. Essa mecânica reforça a ideia da narrativa de Quill como a “cola” que une essa família disfuncional e o papel dele em manter todos unidos, integrando com inteligência narrativa e jogabilidade.

Apesar de veloz e tático, o combate só fica realmente interessante lá pela metade do jogo, quando Quill desbloqueia alguns dos elementos de suas armas e os demais personagens começam a aprender mais habilidades. Nas primeiras horas os inimigos são muito fáceis e a pouca variação de habilidades deixa as coisas um pouco repetitivas. Novas habilidades são adquiridas subindo o nível da equipe com a experiência obtida em batalha, mas algumas só são obtidas avançando na trama e as melhores habilidades de alguns personagens só surgem perto do final, o que não dá muitas oportunidades para usá-la. Um melhor ritmo de distribuição das habilidades ajudaria a manter tudo mais consistente. Além das habilidades obtidas com experiência, é possível coletar matérias primas para construir alguns upgrades para Quill nas mesas de trabalho que melhoram principalmente as armas do herói.

Durante a exploração é possível coletar novos uniformes para seus personagens, além de alguns colecionáveis que habilitam novas conversas com os membros da equipe na Milano, a nave do grupo. Essas conversas servem para aprender mais sobre o passado dos companheiros e estreitar o laço entre Quill e eles. A relação do grupo, aliás, é o coração da narrativa e é muito bem construída, nos fazendo entender porque aquelas pessoas estão juntas e os traumas que movem aqueles indivíduos. Em alguns casos são melhor desenvolvidos até do que nos filmes, como o passado de Drax e a relação deles com a família. A interação do grupo encontra um bom equilíbrio entre emoção e humor, com muitos momentos divertidos.

Em alguns momentos o jogador precisa fazer algumas escolhas de diálogo como Quill. A maioria delas serve como um leve roleplaying sem muita repercussão na trama, mas algumas escolhas mudam o modo como certos segmentos se desenvolvem. Em uma visita a uma nave da Tropa Nova, por exemplo, eu escolhi não responder a uma mensagem em um comunicador que estava largado na estação. Por conta disso os inimigos da área não estavam cientes da minha presença e pude atacá-los de uma posição de vantagem. Se tivesse respondido, Drax teria corrido na direção dos adversários e Quill e Drax ficariam sozinhos para lutar com os inimigos enquanto o resto do grupo tentava chegar até eles. Nenhuma escolha vai mudar as batidas principais da narrativa, mas algumas delas mudam os caminhos que você toma, dando algum grau de agenciamento ao jogador.

Com uma ótima narrativa, personagens carismáticos e uma jogabilidade que consegue fazer o jogador sentir como é liderar seu grupo de heróis, Marvel’s Guardians of the Galaxy acerta em capturar o espírito das aventuras dos heróis espaciais.

 

Nota: 8/10


Trailer


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