quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Crítica – Anônimo

 

Análise Crítica – Anônimo

Review – Anônimo
Escrito por Derek Kolstad, responsável pelos roteiros dos filmes do John Wick, este Anônimo pode ser resumido como uma espécie de “John Wick tiozão”, já que tem muitas características similares com os filmes protagonizados por Keanu Reeves, ainda que este aqui penda também um pouco para o humor. Na trama, Hutch (Bob Odenkirk) é um pacato homem de meia idade que trabalha como contador e vive uma tranquila vida suburbana com a esposa e os filhos. Um dia Hutch vê um grupo de homens assediando uma mulher dentro durante uma viagem de ônibus e decide interferir, espancando brutalmente todos os envolvidos. O problema é que um desses homens era irmão de um poderoso chefe da máfia russa, Yulian (Aleksey Serebryakov), colocando Hutch e sua família como alvo. O que os russos não sabem é que Hutch tem um passado secreto e que não é tão inofensivo quanto parece.

Assim como De Volta ao Jogo (2014), primeiro filme do John Wick, o filme inicialmente se estrutura ao redor do que parece ser uma típica trama de vingança quando a casa de Hutch é invadida por ladrões, mas logo se mostra uma história sobre um sujeito que segurou os impulsos homicidas por tempo demais e agora está mais do que disposto a ir para guerra por qualquer razão. É também um filme de ação sem muitas firulas em termos de narrativa indo direto ao ponto de conflito entre Hutch e os russos e usando isso para criar boas cenas de ação.

Bob Odenkirk, um ator mais reconhecido por papéis cômicos ou por seu trabalho em Better Call Saul e Breaking Bad surpreende aqui como herói de ação. Com uma aparência de homem banal de meia idade ele torna compreensível porque todos ao redor de Hutch o subestimam ao mesmo tempo em que consegue imprimir gravidade aos momentos em que o personagem precisa soar intimidador e também dá a ele um certo prazer sádico em todo aquele combate, algo evidenciado na cena em que ele cruza os dedos torcendo para que Yulian recuse sua proposta de trégua.

A ação é beneficiada por planos longos, com a câmera transitando com fluidez pelo cenário dos embates estabelecendo uma coesão espacial e unidade entre o protagonista e seus múltiplos adversários. A violência é bem crua e por vezes exagerada ao ponto do caricato, com sangue e dentes voando a cada golpe. As coreografias são propositalmente mais “desajeitadas” do que esse tipo de filme apresenta, criando embates que parecem mais brigas de rua do que longas coreografias de luta ensaiadas por meses à fio. Isso confere um pouco mais de realismo à ação, embora também seja usado para fins cômicos conforme o protagonista precisa improvisar com objetos inesperados que encontra pelo caminho.

O clímax, por sinal, é quase uma versão de censura alta de Esqueceram de Mim (1990) conforme Hutch atrai os adversários para uma construção cheia de armadilhas. Nesse momento, o filme consegue criar mortes que divertem pelo exagero e inventividade das armadilhas apresentadas. Por outro lado, se até então Hutch era um protagonista que se machucava de verdade e precisava lutar preocupado com ferimentos ou debilitado por eles, durante o embate final ele se torna praticamente invulnerável, nunca demonstrando ser afetado, por exemplo, pelo tiro que toma no início do clímax.

Anônimo não é nenhum primor narrativo, mas entrega exatamente o que promete em termos de cenas de ação, sendo beneficiado por uma performance inesperada de Bob Odenkirk.

 

Nota: 7/10


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