Na trama, Max (Archie Yates) fica sozinho em casa no Natal depois que a família esquece ele lá ao sair correndo para uma viagem para o Japão. Em casa, Max aproveita a solidão até que o lugar é invadido por Pam (Ellie Kemper) e Jeff (Rob Delaney), pais de família que estão prestes a perder a casa e estão tentando recuperar uma boneca valiosa que foi roubada da casa deles. O casal acredita que o item está na casa de Max, daí a tentativa de roubá-los.
De cara já se percebe que a ideia é humanizar os ladrões, que agora tem uma motivação compreensível e, na verdade, não são exatamente ladrões, já que estão tentando recuperar algo que pertence a eles. Isso já seria motivo o suficiente para que toda a disputa não funcione, afinal Max não esta se defendendo e torturando ladrões sádicos que querem lhe fazer mal como acontecera com Kevin (Macaulay Culkin) nos primeiros filmes. Ver pessoas boas que estão apenas querendo manter um teto sobre a cabeça dos filhos ter os dentes quebrados por uma criança sádica acaba não tendo efeito cômico, já que a comédia exige o rebaixamento e ridicularização do alvo da piada e o roteiro tenta fazer isso com pessoas cujas circunstâncias já os coloca em posições rebaixadas.
Sim, nos filmes originais esse “conflito de classe” já estava presente considerando que Kevin também morava em um palacete e os bandidos eram pés de chinelo, mas eram vilões que de fato queriam machucar Kevin e saquear a casa, configurando uma ameaça genuína para o garoto. Aqui, ver um rico mimado humilhando pobres que apenas querem poder pagar as contas dá a impressão que estamos diante de um quadro do programa do Luciano Huck.
Isso piora com o fato de que Max não tem nenhuma qualidade que o redima, reclamando de tudo o tempo todo sem exatamente ter um motivo para isso. Nos originais Kevin também tinha uma certa petulância infantil, mas, ao mesmo tempo, ele era perturbado pelos irmãos, primos e até os tios, então ele tinha alguma razão para detestar o fato da família inteira estar na casa dele. Aqui, porém, isso não acontece e não há muitos motivos para simpatizar com Max.
Talvez a ideia até tenha sido
essa, inverter o eixo de simpatia da história tornando o menino o antagonista
da história. O problema é que Max nunca é enquadrado realmente como vilão e o
filme quer que achemos engraçado o tormento ao qual o garoto submete Jeff e
Pam. Para que isso funcionasse, era preciso assumir um tom cômico mais sombrio,
tratando Max como um psicopata infantil sádico, algo que o filme não tem como
fazer considerando sua abordagem voltada para um público infantil na maior
parte do tempo. Digo isso porque algumas piadas certamente não serão acessíveis
a crianças, como a cena em que Max come uma mesa cheia de doces em referência a
Scarface (1983), o que dá uma certa
inconsistência tonal ao filme.
Apesar de um elenco coadjuvante cheios de bons comediantes como Kenan Thompson, Chris Parnell e Pete Holmes, nenhum deles tem nada de muito engraçado para fazer e todos acabam sendo desperdiçados. As únicas cenas engraçadas envolvem uma pequena ponta de Devin Ratray retornando como Buzz McCallister, o irmão de Kevin dos filmes originais.
Inconsistente, Esqueceram de Mim no Lar, Doce Lar não
consegue decidir quem deve ser o foco da história, tornando difícil rir dos
ladrões ou torcer pelo garoto. Quando os créditos começaram a subir, fiquei em
dúvida a respeito de qual público os realizadores tinham em mente. Ele parece
atirar em várias direções ao mesmo tempo e acaba não funcionando em nenhuma.
Nota: 3/10
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