segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Crítica – Perdidos no Espaço: 3ª Temporada

Análise Crítica – Perdidos no Espaço: 3ª Temporada


Review – Perdidos no Espaço: 3ª Temporada
Uma das coisas que mais me atraiu para essa nova versão de Perdidos no Espaço era o modo como a série exaltava o trabalho em equipe, a racionalidade e a ciência na superação de problemas. No contexto em que vivemos hoje, com a ascensão de um negacionismo científico que prejudicou e prejudica o combate à pandemia da covid-19 é ainda mais importante que a arte nos lembre e nos inspire com o poder da ciência e engenhosidade humana.

Esta terceira e última temporada inicia um ano depois dos eventos da temporada anterior. Judy (Taylor Russell) lidera o grupo de crianças que fugiram da Resolute em busca de Alfa Centauro. Eles chegaram a um planeta diferente e estabeleceram uma colônia temporária enquanto reúnem recursos para consertar a nave e partir para Alfa Centauro. Enquanto isso, os adultos que ficaram para trás tentam se manter ocultos dos robôs enquanto consertam o que restou de suas naves e tentam encontrar um jeito de chegar ao destino em Alfa Centauro.

De cara a temporada resolve alguns problemas que tive com o ano anterior, dando peso e consequência ao sacrifício da Resolute, mostrando o quão acuados estão os adultos que ficaram para trás liderados por John (Toby Stephens) e Maureen (Molly Parker) ao mesmo tempo em que as crianças sentem o isolamento em seu lar temporário e Judy se vê insegura com seu papel de líder. A série também resolve o problema de Smith (Parker Posey) delineando aos poucos um caminho de redenção para a personagem, evitando que ela fique colocando esquemas mesquinhos quando há coisas tão maiores em risco. 

O último ano também oferece desfechos competentes para os arcos desenvolvidos até aqui. Com Judy se tornando confiante e confortável em seu papel de líder, Penny (Mina Sundwall) encontrando a heroína dentro de si e Will (Maxwell Jenkins) abraçando seu destino ao lado do Robô independente das consequências que isso possa ter para ele. Como nos outros anos, os membros da família Robinson continuam a exibir uma ótima química entre si e a série evita cair em clichês com a introdução do pai biológico de Judy, Grant (Russell Hornsby). Seria fácil, por exemplo, tentar forçar um conflito entre Grant com John e Maureen, mas os personagens são maduros o suficiente para abraçarem a nova condição familiar e reconhecerem o valor um do outro sem animosidade. Qualquer outro caminho trairia o que a série estabeleceu até aqui.

Até mesmo o vilão SRA ganha mais alguns contornos quando descobrimos sua real motivação de querer eliminar qualquer um que queira reprogramá-los (como ele crê que Will fez com Robô). Isso ajuda a dar uma motivação compreensível para uma criatura que não tinha uma personalidade, ao mesmo tempo em que deixa evidente o motivo do construto ser tão implacável. Por um tempo temi que as pesquisas de Will nas ruínas de uma antiga civilização conectada aos robôs fosse pecar por explicar demais o que aconteceu, felizmente isso não acontece e não precisaríamos de uma mitologia super complicada para entender o passado desses construtos. O destino final de Smith, por sua vez, é competente em oferecer uma redenção à personagem sem, no entanto, varrer para debaixo do tapete as coisas horríveis que ela fez.

Os últimos episódios oferecem uma tensa corrida contra o tempo conforme os personagens tentam se defender de uma iminente invasão liderada por SRA. Por um tempo temi que a série colocasse os personagens para lutar e vencessem pelo poder bélico, mas como de costume é a ciência, o trabalho em equipe, somando conhecimentos e habilidades, e o afeto familiar que põe um ponto final à crise. É uma apoteose encantadora e impactante para tudo que a série tinha desenvolvido até então, cumprindo seu propósito de nos inspirar a crer como podemos ser melhores e alcançarmos coisas incríveis se usarmos nossa inteligência e trabalharmos em conjunto.

 

Nota: 8/10


Trailer

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