sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Crítica – Venom: Tempo de Carnificina

 

Análise Crítica – Venom: Tempo de Carnificina

Review – Venom: Tempo de Carnificina
O primeiro Venom (2018) não era lá grande coisa, mas encerrava com um gancho para continuação que talvez rendesse algo melhorzinho por conta da presença do serial killer Cletus Kasady. Pois bem, este Venom: Tempo de Carnificina tenta pegar o gancho final do primeiro e não faz nada de muito interessante.

Na trama, Eddie Brock (Tom Hardy) consegue uma entrevista exclusive com o serial killer Cletus Kasady (Woody Harrelson), mas durante a conversa Brock é mordido por Kasady, que fica com o pedaço do simbionte de Eddie. Usando o novo simbionte para se tornar o perigoso Carnificina, Cletus foge da cadeia e começa a causar destruição por onde passa. Cabe a Eddie Brock e ao simbionte Venom deter a nova ameaça.

De cara incomoda como a relação entre Brock e Venom parece estagnada em relação aos eventos do filme anterior. No final do primeiro Brock parecia ter aceito a condição de “protetor letal” permitindo que Venom devorasse bandidos. Aqui, no entanto, tudo parece ter voltado à estaca zero, com o filme dando a desculpa de que as autoridades ainda estavam à procura do simbionte por causa dos eventos do filme anterior, sendo que nada disso tinha sido dito no final do primeiro filme quando Eddie deixa Venom devorar um assaltante. Assim, ao invés de mover adiante a relação dos personagens, tudo soa estagnado, repetindo o que já tinha sido feito no primeiro filme, sendo que o primeiro filme não é exatamente bom.

Muitos defeitos do anterior também retornam, como o fato de que o texto não consegue fazer Eddie soar como um competente repórter investigativo. Porque inicialmente ele recusaria uma exclusiva com um serial killer? Porque ele aceitaria publicar uma fala de Cletus que claramente é uma mensagem cifrada sendo que isso poderia ser um código para que crimes fossem cometidos em nome dele? É um tipo de coisa que deveria passar pela cabeça de um jornalista experiente, mas Brock continua a agir como um amador estúpido.

Do mesmo modo, a relação entre Venom e Eddie continua sendo apresentada mais como uma espécie de comédia romântica e menos como um sujeito lidando com um parasita alienígena querendo controlar seu corpo. Ao fazer Venom engraçadinho, o filme diminui a capacidade intimidadora da criatura como um predador voraz e letal, impedindo que Venom seja aqui a presença imponente que o texto visa construir.

Qualquer um que já tenha assistido Assassinos por Natureza (1994) sabe que Woody Harrelson é perfeitamente capaz de fazer um serial killer caipira cruzando o país ao lado de um interesse romântico igualmente letal. A escalação dele como Cletus Kasady seria um acerto fácil, no entanto, não funciona por conta de um texto que não sabe fazer com o personagem. Kasady muda de personalidade o tempo todo, uma hora sendo enquadrado como um completo lunático e sádico, um psicopata cruel que busca destruição e dor. Em outros momentos o filme tenta transformar Cletus em uma vítima das circunstâncias, um coitado solitário e incompreendido que se tornou violento por causa dos abusos que sofreu e só queria ser amado. Essas duas abordagens entram em conflito uma com a outra e o personagem acaba soando vazio.

Não ajuda que o roteiro tenha uma série de incoerências e elementos mal explicados ou desenvolvidos. Porque, por exemplo, Cletus só queria dar entrevista para Eddie? O filme nunca dá uma justificativa crível para isso e soa mais como algo que acontece porque precisa acontecer para mover a trama. Do mesmo modo, porque exatamente o simbionte Carnificina precisa matar Venom? É estabelecido desde o início que Carnificina é naturalmente mais poderoso que Venom, então qual a razão dessa obsessão em matar o “pai”? Porque Venom fica assustado ao ver Carnificina pela primeira vez, explicando que é por ele ser vermelho? Qual o motivo do inimigo ser um simbionte vermelho afetar tanto Venom?

A ação abusa de névoa e espaços mal iluminados, provavelmente para facilitar os efeitos especiais que criam as criaturas, mas assim como no anterior são escolhas que tornam tudo incomodamente escuro. As lutas entre simbiontes continuam parecendo que duas manchas de tinta foram jogadas em uma folha de papel. São menos confusas que o filme anterior por causa das cores mais díspares entre as criaturas, entretanto não empolgam como deveriam. Parte do motivo da ação não empolgar é que o filme nos diz o tempo todo como esses seres são monstros carniceiros devoradores de gente, porém nunca vemos essa violência e brutalidade nas cenas de ação, já que o filme tem classificação indicativa baixa e não pode mostrar nada muito explícito.

Não esperava nada de Venom: Tempo de Carnificina e ainda assim o filme conseguiu decepcionar sendo pior que o primeiro em praticamente tudo.

 

Nota: 3/10


Trailer

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