segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Crítica – The Witcher: Segunda Temporada

 

Análise Crítica – The Witcher: Segunda Temporada

Review – The Witcher: Segunda Temporada
A primeira temporada de The Witcher era uma competente introdução ao universo criado nos livros de Andrzej Sapkowski, mas se atrapalhava com uma estrutura narrativa de múltiplas temporalidades que tinha dificuldade de comunicar ao espectador onde e quando na trama estávamos, algo agravado pelo fato de que muitos personagens não envelhecem, dificultando essa localização temporal. Pois esta segunda temporada corrige esse problema, apresentando uma narrativa mais linear ainda que tenha alguma parcela de problemas.

A trama segue do ponto em que o ano anterior parou, com Geralt (Henry Cavill) encontrando Ciri (Freya Allan). Sabendo do perigo que Ciri corre, Geralt decide levá-la para Kaer Morhen, a fortaleza ancestral dos bruxos liderada por Vesemir (Kim Bodnia), mentor de Geralt. Ao mesmo tempo, Yennefer (Anya Chalotra) lida com as consequências da batalha em Cintra, tendo perdido seus poderes mágicos e buscando recuperá-los. Cientes do poder de Ciri, diferentes reinos e monarcas buscam encontrar a garota.

A companhia de Ciri beneficia o desenvolvimento de Geralt enquanto personagem, obrigando ele a se abrir mais, tirando o bruxo de seu estoicismo rígido cuja comunicação se dava principalmente através de grunhidos (algo que acabou virando meme). Assim, a temporada nos permite ver outra faceta de Geralt conforme ele começa a desenvolver uma preocupação genuína pela garota e eles começam a forjar uma relação de pai e filha. A presença de Vesemir também permite que vejamos outras facetas de Geralt conforme ele interage com o mentor a quem tem como pai.

Na verdade, Vesemir exibe um grande senso de responsabilidade com os demais bruxos. Sendo o mais velho e tendo treinado todos os demais, Vesemir se vê como o principal protetor do legado dos bruxos depois da queda de Kaer Morhen séculos atrás (algo que foi mostrado no longa animado The Witcher: A Lenda do Lobo). Esse senso de responsabilidade justifica a ambição dele em tentar experimentar a criação de novos mutagênicos a partir do sangue ancestral de Ciri, mesmo sabendo os pesados riscos que isso impõe.

Por outro lado, a trama de Yennefer demora a engrenar e a se conectar com a trama principal. Claro é compreensível a busca desesperada da personagem em recuperar seu poder considerando o quanto isso acabou definindo sua personalidade ao longo dos séculos. A questão é que a narrativa demora a levar a personagem até onde ela precisa chegar e principalmente que a decisão dela em relação a Ciri contradiz o que foi desenvolvida na primeira temporada. Outra questão, presente desde a primeira temporada, é que em muitos momentos há uma dificuldade da narrativa em apresentar de maneira orgânica a densa mitologia deste universo, as várias facções que o compõem e as complicadas disputas políticas que existem. Em muitos momentos a série simplesmente recorre uma cena expositiva atrás da outra para dar conta disso, criando a impressão de que estamos vendo alguém resumir a série para nós ao invés de efetivamente contar a história.

Isso, porém, não significa que a temporada não consiga apresentar bem novos personagens. O melhor exemplo é o espião Dijkstra vivido por Graham McTavish. Mesmo com pouco tempo de cena McTavish consegue dar conta da natureza ardilosa e sem escrúpulos do espião, cuja rede de informação e capacidade de raciocínio conseguem colocá-lo adiante de seus oponentes. Em um mundo cheio de feiticeiros e monstros, Dijkstra é um ótimo exemplo de como um humano normal pode ser mais perigoso que qualquer criatura.

De todo modo, a segunda temporada de The Witcher funciona ao evitar alguns dos problemas do ano de estreia, aprofundando seus protagonistas e as relações existentes entre eles ao mesmo tempo em que mostra os caminhos para futuros desenvolvimentos.

 

Nota: 8/10


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