Na trama, Poirot (Kenneth Branagh) está de férias no Egito quando encontra o amigo Bouc (Tom Bateman), que o convida para acompanhar ele na comitiva de férias da recém-casada ricaça Linnet (Gal Gadot) e seu marido Simon (Armie Hammer). Quando Linnet é encontrada morta em sua cabine durante uma viagem de barco pelo Rio Nilo, cabe a Poirot descobrir qual dos passageiros é o culpado.
A trama demora a engrenar, levando muito tempo posicionando os personagens e explicando o passado deles até efetivamente ocorrer o assassinato. Talvez tivesse sido melhor se boa parte desses eventos passados tivessem sido mostrados em flashbacks e o crime acontecesse mais cedo, já que todo mundo sabe quem vai ser morta (a trama é pouco sutil em prefigurar isso, inclusive) e adiar demais isso torna tudo um exercício de paciência.
Como em boa parte das histórias do Poirot, muito do que nos mantem interessados na trama é o variado plantel de suspeitos de personalidades excêntricas e o filme entrega isso muito bem. Da tia comunista de Linnet, passando pela ex-noiva de Simon, Jackie (Emma Mackey), e a cantora de blues Salome (Sophie Okonedo), todos tem personalidades marcantes e segredos a serem revelados, nos mantendo investidos nos interrogatórios.
A grande surpresa, no entanto, é Russell Brand como o sério e altruísta Dr. Windlesham. O comediante sempre fazia o mesmo tipo aloprado em todos os seus filmes e aqui ele mostra ser capaz de fazer um sujeito mais sério, contido e com mais riqueza interna do que qualquer outro de seus trabalhos. Armie Hammer, por outro lado, é o elo fraco da produção, sendo canastrão demais para dar conta da ambiguidade que cerca Simon. Deveríamos o tempo todo nos perguntar se ele é um aproveitador ou alguém que sinceramente ama Linnet, mas Hammer não consegue nos fazer sentir nada pelo personagem além de indiferença.
A trama também coloca alguns elementos que servem para dar mais humanidade a Poirot, explorando o passado e como o detetive se tornou essa pessoa puramente lógica que conhecemos. O arco dele é o de justamente se abrir às emoções, inclusive ao afeto e à raiva, o que ajuda a justificar a conduta um pouco mais agressiva do que nos livros. Maneirismos já presentes no filme anterior, mas que nunca tinham uma motivação construída ou convincente. Aqui, ao conhecermos mais sobre o universo interior das emoções de Poirot, a conduta dele se torna compreensível.
Com um bom manejo da intriga e um
elenco competente de excêntricos suspeitos, Morte
no Nilo é uma hábil trama investigativa que nos faz conhecer mais sobre
Poirot.
Nota: 7/10
Trailer
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