sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Crítica – Morte no Nilo

 

 

Análise Crítica – Morte no Nilo

Review Crítica – Morte no Nilo
Confesso que apesar de adorar as histórias de Hercule Poirot, achei Assassinato no Expresso do Oriente (2017) aquém do que poderia ter sido, inclusive por não lidar com alguns problemas do romance original. Já este Morte no Nilo funciona melhor, inclusive dentro da proposta de um Poirot menos “calculadora humana” que o filme anterior já ensaiava e não construía tão bem. Ou talvez o romance original Morte no Nilo não esteja tão fresco em minha memória quanto Assassinato no Expresso do Oriente estava quando vi o anterior.

Na trama, Poirot (Kenneth Branagh) está de férias no Egito quando encontra o amigo Bouc (Tom Bateman), que o convida para acompanhar ele na comitiva de férias da recém-casada ricaça Linnet (Gal Gadot) e seu marido Simon (Armie Hammer). Quando Linnet é encontrada morta em sua cabine durante uma viagem de barco pelo Rio Nilo, cabe a Poirot descobrir qual dos passageiros é o culpado.

A trama demora a engrenar, levando muito tempo posicionando os personagens e explicando o passado deles até efetivamente ocorrer o assassinato. Talvez tivesse sido melhor se boa parte desses eventos passados tivessem sido mostrados em flashbacks e o crime acontecesse mais cedo, já que todo mundo sabe quem vai ser morta (a trama é pouco sutil em prefigurar isso, inclusive) e adiar demais isso torna tudo um exercício de paciência.

Como em boa parte das histórias do Poirot, muito do que nos mantem interessados na trama é o variado plantel de suspeitos de personalidades excêntricas e o filme entrega isso muito bem. Da tia comunista de Linnet, passando pela ex-noiva de Simon, Jackie (Emma Mackey), e a cantora de blues Salome (Sophie Okonedo), todos tem personalidades marcantes e segredos a serem revelados, nos mantendo investidos nos interrogatórios.

A grande surpresa, no entanto, é Russell Brand como o sério e altruísta Dr. Windlesham. O comediante sempre fazia o mesmo tipo aloprado em todos os seus filmes e aqui ele mostra ser capaz de fazer um sujeito mais sério, contido e com mais riqueza interna do que qualquer outro de seus trabalhos. Armie Hammer, por outro lado, é o elo fraco da produção, sendo canastrão demais para dar conta da ambiguidade que cerca Simon. Deveríamos o tempo todo nos perguntar se ele é um aproveitador ou alguém que sinceramente ama Linnet, mas Hammer não consegue nos fazer sentir nada pelo personagem além de indiferença.

A trama também coloca alguns elementos que servem para dar mais humanidade a Poirot, explorando o passado e como o detetive se tornou essa pessoa puramente lógica que conhecemos. O arco dele é o de justamente se abrir às emoções, inclusive ao afeto e à raiva, o que ajuda a justificar a conduta um pouco mais agressiva do que nos livros. Maneirismos já presentes no filme anterior, mas que nunca tinham uma motivação construída ou convincente. Aqui, ao conhecermos mais sobre o universo interior das emoções de Poirot, a conduta dele se torna compreensível.

Com um bom manejo da intriga e um elenco competente de excêntricos suspeitos, Morte no Nilo é uma hábil trama investigativa que nos faz conhecer mais sobre Poirot.

 

Nota: 7/10


Trailer


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