segunda-feira, 7 de março de 2022

Crítica – Cyberpunk 2077 (PS5)

 Análise Crítica – Cyberpunk 2077 (PS5)

Review – Cyberpunk 2077 (PS5)
Com versões apenas para as gerações anteriores, o lançamento de Cyberpunk 2077 para consoles dava a impressão de um produto incompleto. Texturas não carregavam, instabilidade completa na taxa de quadros, vários bugs e crashes tornavam impossível de jogar. Alguns patches depois a performance estava razoavelmente estabilizada, mas era evidente que as versões de PS4 e Xbox One estavam muito abaixo da de PC.

Isso ficou claro para mim jogando a versão de PS4 no PS5, já que mesmo com a estabilidade de performance da nova geração, o game ainda tinha problemas. Agora, com o lançamento das versões para a nova geração de consoles e mais alguns patches que adicionam ou modificam alguns elementos da jogabilidade, Cyberpunk 2077 soa como o jogo que a desenvolvedora polonesa CD Projekt Red tinha prometido. As texturas e visuais não tem mais o aspecto borrado de antes e elementos à distância não se materializam do nada.

A trama se passa na futurista Night City e o jogador controla V, um aspirante (ou uma aspirante) a mercenário que tenta se tornar uma lenda na cidade. Quando o roubo de uma valiosa propriedade corporativa dá errado, V acaba com um biochip experimental em sua cabeça. O biochip traz a personalidade de Johnny Silverhand (vivido por Keanu Reeves) um roqueiro e terrorista aparentemente morto há cinquenta anos. Acontece que a personalidade de Silverhand vai aos poucos tomar o cérebro de V, que precisa encontrar um jeito de remover o chip e se vingar das grandes corporações que lhe prejudicaram e a Johnny.

A campanha por si só deve levar umas trinta horas, mas se jogar todas as missões paralelas e objetivos secundários, tudo pode chegar a mais de cem horas. Assim como aconteceu em The Witcher 3 mesmo as missões secundárias tem tramas envolventes que aprofundam o ambiente corrupto e fatalista de Night City. Algumas também trazem um pouco de humor, como a que me coloca para ajudar um sujeito com um implante peniano defeituoso.

O grande mérito é o senso de liberdade que o jogador tem, tanto em relação a escolhas que mudam os rumos da trama (na primeira vez que joguei fiquei impossibilitado de alcançar certos finais por conta de algumas decisões) quanto em termos de jogabilidade. Você pode fazer o build que quiser como V e nunca vai sentir que o jogo ou os espaços a serem explorados te limitam a ter certas habilidades. Qualquer combinação de atributos, vantagens e equipamentos é perfeitamente viável para cumprir qualquer missão.

Essa amplitude de escolha também está presente na variedade de implantes cibernéticos, equipamentos e habilidades de hack que o personagem pode empregar. As armas tem propriedades como ricochetear balas, carregar energia para disparos mais poderosos ou mesmo “armas inteligentes” com tiros que perseguem os alvos. É possível usar hacks para desativar câmeras, dominar torretas, cegar temporariamente os adversários ou causar dano superaquecendo seus implantes. Cada tipo de arma soa singular com seu recuo, cadência de tiro e isso é ampliado no PS5 pelo bom emprego dos gatilhos adaptativos e do feedback háptico do controle. O combate corpo a corpo, no entanto, continua carecendo de peso e intensidade nos golpes, soando frouxo e sem o devido impacto.

A direção também foi reajustada (em todas as versões), com os carros tendo mais peso, mais derrapagem e com uma física mais realista, exigindo mais precisão e cuidado. No PS5, os carros também fazem uso do feedback háptico, com os gatilhos vibrando a cada troca de marcha e o peso sobre os gatilhos mudando dependendo do tipo de automóvel. Há também uma maior interação com os interesses românticos (embora o número de possíveis interesses siga limitado) que o jogador pode se envolver, que agora mandam mensagens, podem sair com o V em outras ocasiões e até mandam fotos sensuais para o jogador. Nas versões dos consoles atuais, as multidões também foram reajustadas, com a cidade tendo mais pessoas perambulando e reagindo de modo mais crível às ações do jogador.

A polícia, por outro lado, continua sendo inútil. Mesmo com vários patches que ajustavam a IA da polícia e o aparecimento de agentes quando o jogador comete um crime, toda a mecânica segue ineficaz. A polícia ou aparece imediatamente ao seu redor, te cercando sem dar chance, ou não faz nada. Mesmo quando você se envolve em um combate, basta se afastar um pouco da área que a polícia deixa de te perseguir e desaparece. No fim, a mecânica acaba não fazendo diferença nenhuma. A possibilidade de adquirir imóveis é outro acréscimo, sendo possível mudar o esquema de cores dos imóveis, mas não muito mais em termos de customização, o que acaba não dando muito motivo para que o jogador adquira esses espaços.

Depois de um lançamento tumultuado e marcado por práticas desonestas da direção da desenvolvedora, a impressão é que a versão para a nova geração finalmente deixa Cyberpunk 2077 como o complexo e envolvente RPG futurista que deveria ter sido desde o início.

 

Nota: 8/10


Trailer

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