segunda-feira, 14 de março de 2022

Crítica – Turma da Mônica: Lições

 

Análise Crítica – Turma da Mônica: Lições

Review – Turma da Mônica: Lições
Adaptando a graphic novel de mesmo nome escrita por Vitor e Lu Cafaggi, este Turma da Mônica: Lições é um esforço melhor em levar a turminha ao live-action do que Turma da Mônica: Laços (2019). Não que Laços fosse ruim, longe disso, mas acabava focando demais no Cebolinha e tinha problemas na maneira como construía a relação entre ele e a Mônica. Aqui, no entanto, cada membro da turma tem seus próprios arcos e seu espaço para brilhar.

Na trama, depois que uma tentativa de fugir da escola dá errado e termina com Mônica (Giulia Benite) quebrando o braço, os pais da turminha decidem separar os garotos, colocando-os em atividades extracurriculares e Mônica muda de escola. Sem a proteção de Mônica, Cebolinha (Kevin Vechiatto) e Cascão (Gabriel Moreira) se tornam vítimas dos valentões da escola, enquanto Magali (Laura Rauseo) tem dificuldade de ficar sem a amiga. Mônica, por sua vez, também se sente sozinha na nova escola, principalmente depois que um garoto mais velho rouba seu coelho de pelúcia, Sansão.

A narrativa fala sobre amadurecimento e como inevitavelmente crescer nos afasta um pouco de nossos amigos de infância enquanto descobrimos nossa própria identidade. Há algo de agridoce nessa jornada de deixar algumas coisas de infância pelo caminho ao mesmo tempo em que tentamos preservar algo da infância conosco. Nesse sentido, a trama usa muitos dos elementos que marcam a identidade desses personagens, como o problema de fala de Cebolinha, o medo de água de Cascão ou a fome de Magali como metáforas para a insegurança dessas crianças em traçarem seus próprios caminhos sozinhos, sem o apoio um do outro.

Isso não significa que cada um deles fica completamente sozinho, já que eles encontram outros membros da turminha como Humberto (Lucas Infante), Do Contra (Vinícius Higo) ou Marina (Laís Vilela). Cada um deles tem algo a contribuir com o arco dos quatro protagonistas e mesmo personagens que não estavam presentes da na graphic novel orginal são integrados à trama de maneira mais orgânica do que aconteceu com o Louco (Rodrigo Santoro) no filme anterior, que soava mais como um mero fanservice.

A direção de arte parece misturar roupas e carros de diferentes épocas que variam entre referências aos anos de 1950 a 1970, o que serve para um ar de nostalgia a esse universo, como se remetesse a uma infância que não existe mais. Ao mesmo tempo, essas escolhas dotam o universo ficcional de uma relativa atemporalidade ao não fixar uma época específica, contribuindo para a ideia de que são personagens que sobrevivem ao tempo.

Assim como o filme anterior, tudo transparece afeto e reverência pelas criações de Maurício de Souza, além de um entendimento consistente (que já estava presente nas HQs dos Cafaggi) do que torna esses personagens tão especiais. Mesmo inevitavelmente colocando a turma no caminho para o amadurecimento, o filme faz isso sem abrir mão da essência desses garotos, reverberando a mensagem de que é possível crescer sem deixar de ser criança.

Turma da Mônica: Lições faz aquilo que se espera de uma boa continuação, aprofundando seus personagens e resolvendo os problemas do anterior enquanto constrói uma encantadora mensagem sobre infância e amadurecimento.

 

Nota: 8/10


Trailer

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