sexta-feira, 13 de maio de 2022

Crítica – Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

 

Análise Crítica – Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

Review Crítica – Doutor Estranho no Multiverso da Loucura
O primeiro Doutor Estranho (2016) apresentava ao lado mais bizarro da Marvel, ainda que preso a uma trama excessivamente convencional que era basicamente uma versão com magia do primeiro Homem de Ferro (2008). Este Doutor Estranho no Multiverso da Loucura prometia levar as coisas ainda mais para o lado sombrio e psicodélico e graças à direção de Sam Raimi o filme cumpre o que promete.

Na trama, a viajante interdimensional America Chavez (Xochitl Gomez) chega ao nosso universo, sendo encontrada pelo Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) que tenta protegê-la dos poderosos seres que a perseguem. Para entender o poder de viajar entre universos possuído por America, o Doutor Estranho recorre à ajuda de Wanda (Elizabeth Olsen), mas a Feiticeira Escarlate tem seus próprios planos para a garota.

Colocar Stephen Strange para viajar pelo multiverso é uma ótima desculpa para que Raimi exercite sua capacidade de introduzir criaturas bizarras, visuais psicodélicos e momentos de horror que só não são mais impactantes pela baixa classificação indicativa do filme. Ainda assim, encontrei sustos que não esperava em uma produção voltada para o publico mais novo. A condução de Raimi consegue criar cenas bem singulares, como o segmento em que um Estranho zumbi comanda um exército de espíritos sombrios e que não soaria deslocado em um filme da franquia Evil Dead. Do mesmo modo, a ação usa de maneira criativa as diversas habilidades de heróis e inimigos, seja na luta contra Gargantos em Nova Iorque, seja no modo como America usa seus portais para lutar ou na batalha que envolve os Illuminati, a ação sempre tem algo inesperado a nos oferecer.

Benedict Cumberbatch consegue forjar uma amizade bem sincera ao lado da novata Xochitl Gomez e essa química é importante para embarcarmos no arco de Strange, que precisa provar a si mesmo e aos outros ao redor que é capaz de deixar o ego de lado e confiar em outras pessoas. Por outro lado, é uma pena que Rachel McAdams continue subaproveitada como Christine Palmer, limitada a ser um interesse amoroso que não tem qualquer outra função de existir a não ser motivar o protagonista.

Já Elizabeth Olsen convoca a dor irreparável de Wanda e o modo como isso (e a corrupção do Darkhold) a levam a tomar ações extremas para tentar encontrar alguma medida de conforto em relação a todas as perdas que sofreu (inclusive durante os eventos de WandaVision). É o realismo emocional da performance de Wanda que nos faz entender a personagem mesmo quando o texto nem sempre faz as melhores escolhas em conduzir Wanda. Sim, é compreensível que a magia sombria tenha nublado a sua percepção, mas, ao mesmo tempo, o filme pede para que olhemos para ela como uma figura trágica e é difícil fazer isso quando a trama faz dela uma genocida multiversal.  Considerando as vezes em que os quadrinhos conseguiram tornar os poderes de Wanda uma ameaça sem torná-la tão explicitamente maligna, é lamentável que o filme reduza a complexidade da jornada da Feiticeira Escarlate até esse ponto.

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura funciona pelo seu senso de bizarrice e encantamento conforme explora as possibilidades criativas de um multiverso ainda que certos elementos da trama não funcionem como deveriam.

 

Nota: 8/10


Trailer

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