Na trama, a cidade de Hawkins é mais uma vez o ponto focal de ocorrências estranhas quando adolescentes começam a morrer de maneiras violentas e sobrenaturais. Inicialmente todos suspeitam do líder do clube de RPG da escola. Dustin (Gaten Matarazzo) e os demais, no entanto, suspeitam que seja algo fruto de alguma entidade do Mundo Invertido e decidem investigar. Ao mesmo tempo, Mike (Finn Wolfhard) viaja para a Califórnia para encontrar Onze (Millie Bobby Brown) e Will (Noah Schnapp) que agora moram lá. A mãe de Will, Joyce (Winona Ryder), tem sua própria missão ao descobrir que Hopper (David Harbour) pode estar vivo e parte para tentar libertá-lo de uma prisão soviética.
De cara impressiona a quantidade de tramas que a série precisa gerenciar simultaneamente. Seria fácil se perder em meio a tantas narrativas ou que os episódios soassem arrastados e sem desenvolvimentos significativos, porém os episódios conseguem manter todas as tramas andando e sempre trazer desenvolvimentos significativos. Enquanto muitas séries com episódios longos sofrem para manter o ritmo, a quarta temporada de Stranger Things mostra como é possível dar a impressão de que a trama está sempre em movimento.
A temporada também é esperta em explorar novas interações entre personagens ao mesmo tempo em que explora outras novas. Se a dinâmica entre Dustin, Steve (Joe Keery) e Robin (Maya Hawke) já tinha sido bem estabelecida antes e continua a funcionar muito bem, a trama encontra novos elementos para explorar ao enviar Robin sozinha em uma missão com Nancy (Natalia Dyer). Do mesmo modo, Mike e Will, cujo afastamento já tinha sido abordado antes, são colocados para interagir com a namorada de Dustin e o amigo maconheiro de Jonathan (Charlie Heaton).
Falando em drogas, a temporada também capta muito bem o clima de pânico moral que tomou os Estados Unidos na década de 1980 por conta dos RPGs de mesa como Dungeons & Dragons. Com os assassinatos misteriosos em Hawkins, o grupo de atletas do colégio imediatamente começa a culpar o presidente do clube de RPG, citando inúmeras reportagens que dão conta de que D&D introduzia os jovens a práticas satanistas. Era uma paranoia bem real que aconteceu no período retratado e que a série explora bem para mostrar como apelar para o medo das pessoas pode levar a resultados horríveis.
Os personagens também são confrontados com as perspectivas (ou falta delas) para o futuro. Onze, por exemplo, precisa redescobrir a própria identidade em um lugar longe de Mike ou de seus poderes. Charlie aos poucos se dá conta de que seus objetivos para o futuro talvez não sejam os mesmos de Nancy. Steve começa a perceber que sua azaração irresponsável não lhe faz feliz enquanto Robin percebe que é impossível se conectar com outra garota continuando no armário.
Essa também é provavelmente a temporada que mais investe em um clima de terror. Com o vilão Vecna invadindo as mentes dos jovens de Hawkins remetendo a filmes como A Hora do Pesadelo ou Hellraiser. Talvez por expor mais suas motivações e se colocar no centro da ação, Vecna consegue ser uma presença mais assustadora e que dá um maior clima de urgência do que criaturas de temporadas anteriores como o Demogorgon ou o Devorador de Mentes.
Com um desfecho que coloca Onze
para finalmente entender o próprio passado, além de trazer surpreendentes
reviravoltas, o desfecho desse primeiro volume da quarta temporada de Stranger Things deixa uma grande
expectativa para o que virá a seguir. Mesmo sem conhecermos plenamente como
tudo vai se encerrar na temporada, ainda assim esse quarto ano consegue criar
desenvolvimentos significativos para os personagens e uma eficiente atmosfera
de tensão.
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