quarta-feira, 18 de maio de 2022

Lixo Extraordinário – Meia-Noite no Switchgrass

 

Crítica – Meia-Noite no Switchgrass

Review – Meia-Noite no Switchgrass
Primeiro longa-metragem do diretor Randall Emmett, Meia-Noite no Switchgrass é provavelmente o pior cartão de apresentação possível para um realizador estreante. Dividido entre ser uma trama investigativa sombria e um drama sobre a condição da mulher em nossa sociedade, o filme não desenvolve nenhum desses elementos direito, exibe vários problemas técnicos e um elenco que parece completamente desinteressado.

A trama se passa no município de Pensacola no estado da Flórida e acompanha uma investigação que tenta encontrar um serial killer de mulheres. O policial Byron (Emile Hirsch) desconfia que os casos recentes de desaparecimentos e mortes de mulheres estão conectados em um único assassino, apesar de seus superiores não acreditarem. Ele acaba se articulando com o FBI, trabalhando com os agentes Karl (Bruce Willis) e Rebecca (Megan Fox).

Em tese a trama investigativa deveria ser para falar do modo como nossa sociedade trata as mulheres, subestimando-as e colocando-as como objetos descartáveis. O problema é que o filme é todo contado pela perspectiva dos homens, com as personagens femininas reduzidas a serem personagens submissas, como a esposa de Byron interpretada por Jackie Cruz (a Flaca de Orange is the New Black), ou como vítima. Mesmo a agente interpretada por Megan Fox é inevitavelmente presa pelo assassino Peter (Lukas Haas), sendo torturada por ele antes de se libertar.

Dessa maneira, o filme acaba não tendo nada a dizer sobre a violência estrutural contra as mulheres, muitas vezes até espetacularizando as cenas de violência e tortura contra elas de uma maneira que é um desserviço à discussão. Não ajuda que as performances no piloto automático do elenco, da apatia robótica de Megan Fox, passando por uma composição desinteressada de Emile Hirsch, a impressão é de que nenhum desses atores queria realmente estar ali. Se não fossem os longos diálogos expositivos em que esses personagens falam sobre seus problemas passados não saberíamos nada a respeito deles, já que as ações dos atores ou situações propostas pelo roteiro pouco fazem para dar alguma personalidade a esses indivíduos.

Há uma tentativa de tentar mostrar a força e independência de Rebecca através de cenas de ação nas quais a personagem mostra suas habilidades marciais, mas é tudo tão picotado que chega a ser quase incompreensível. Na verdade, toda a montagem é abrupta e picotada, com um plano cortando para o seguinte um ou dois segundos antes de quando deveria realmente cortar.

É um tipo de montagem grosseira que remete a produções de baixo orçamento de trinta ou quarenta anos atrás, quando as câmeras paravam de rodar assim que o personagem terminava de falar ou agir e não se gravavam planos de transição ou cobertura para economizar película (e consequentemente dinheiro). É um procedimento de trabalho que não faz mais sentido filmando com digital e que só se explica em uma produção contemporânea por falta de planejamento ou gestão da produção. Não sei se esses foram de fato os motivos para a montagem do filme parecer tão ruim, mas, de todo modo, tem uma das piores edições da minha memória recente.

Com uma trama vazia, elenco apático, uma direção que não sabe o que quer extrair de sua história e problemas de montagem, Meia-Noite no Switchgrass é inane e entediante.


Trailer

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