A capitã Collins (Elsa Pataky) é transferida para uma estação de interceptação de mísseis intercontinentais localizada no meio do oceano. No seu primeiro dia no posto, o local é tomado por terroristas que visam desativar o local para poderem disparar ogivas nucleares roubadas dos russos. Com boa parte da tripulação abatida, Collins e outros dois colegas precisam manter os vilões liderados pelo militar Alexander (Luke Bracey) longe da sala de controle da estação.
Apesar da trama envolver uma corrida contra o tempo, é impressionante como não há sensação de urgência ou dinamismo, ao invés disso a impressão que fica é que a narrativa se arrasta pelos seus curtos noventa minutos. O principal problema é que as tentativas de criar situações de perigo ou são rapidamente resolvidas ou são muito pouco críveis, exigindo demais da boa vontade do espectador. Um exemplo é o clímax em que a protagonista escala a plataforma inteira, do oceano ao topo, em questão de dois minutos.
A maior fragilidade, no entanto, são os personagens. Poderíamos até deixar de lado as situações implausíveis e defeitos da narrativa se ao menos heroína e vilão tivessem personalidades minimamente envolventes que nos fizessem nos importar com o duelo de forças e inteligência entre os dois ao ponto de ser possível extrair disso algum drama ou tensão.
Elsa Pataky interpreta Collins com uma canastrice típica de protagonistas de ação da década de 80, porém essa escolha por uma composição mais exagerada vai de encontro com o que o texto traz para a personagem, em especial quando explora questões sérias de abuso sexual. Assim, há um descompasso entre os excessos da atriz e os momentos de seriedade que o texto requer da personagem. Em um filme que realmente assumisse um tom mais “farofa” talvez o trabalho de Pataky pudesse render algo divertido, aqui, como o material tenta levar a personagem a sério, não funciona.
Não que o roteiro tenha muito a dizer sobre o tema, na verdade é tudo muito superficial e resumido a frases de efeito constrangedoras que deixam evidente que tudo não passa de um expediente cínico para soar atual e politizado quando não há qualquer interesse em explorar isso. O passado da personagem tem pouca pertinência no esquema geral da trama.
O vilão consegue ser ainda pior já que a narrativa nunca decide exatamente qual a motivação e o que quer do personagem. No início ele é apresentado como uma espécie de anarquista, depois como um psicopata que só quer ver o mundo queimar, para em seguida ser definido como um mercenário que só está atrás de dinheiro e logo adiante ser um moleque mimado que quer se vingar do pai ricaço. Como ele muda de personalidade a cada cinco minutos não há como aderir a ele ou gerar qualquer expectativa pelo que ele pode fazer a seguir. Tal como a heroína, o vilão também é prejudicado por diálogos constrangedores que tentam algum tipo de comentário político, mas simplesmente vomitam a esmo um monte de ideias aleatórias que mal conseguem se conectar em um encadeamento lógico.
A ação é conduzida com alguma competência, mas não tem nada que já não tenhamos visto antes em termos de situações de perigo ou coreografia de luta, não oferecendo nada que realmente empolgue. Na verdade, há uma morte envolvendo arame farpado que é ao menos criativa, embora seja muito pouco para salvar um filme tão inane.
Com diálogos vergonhosos,
atuações canastronas que não divertem, tentativas cínicas e vazias de algum
comentário político, além de ação burocrática, Interceptor é uma produção sem graça e entediante.
Nota: 3/10
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