Crítica - The Legend of Vox Machina

 

Baseada na websérie do Critical Role com dubladores famosos jogando o RPG de mesa Dungeons & Dragons, a série animada The Legend of Vox Machina consegue captar bem o espírito de jogar D&D com um grupo de amigos. Tecnicamente a série apresenta alguns problemas similares a outras produções animadas da Prime Video, como Invencível, mas os personagens são tão carismáticos que é difícil não se deixar envolver por eles.

A trama se passa no mundo de Exandria e acompanha o excêntrico grupo de mercenários Vox Machina. A narrativa começa com o grupo sendo contratado para enfrentar um dragão atacando um reino pacífico, mas como em qualquer trama de RPG a simples missão logo se desenvolve em uma jornada para salvar um reino de forças sombrias.

Embora a trama em si não seja nada diferente do que já vimos em histórias de fantasia, com monstros, intrigas palacianas, rebeliões contra déspotas e feiticeiros sombrios tentando convocar horrores ancestrais no mundo, o que envolve em The Legend of Vox Machina são os personagens. Com um grupo de personalidades excêntricas sempre trocando piadas e frases de efeito, além de ocasionalmente ficarem às turras uns com os outros, a série acerta na dinâmica de um grupo de RPG ao mesmo tempo que evoca o espírito de produções como a série Firefly, que também tinha seu grupo de mercenários excêntricos.

É difícil não se deixar conquistar pela canastrice grandiloquente do bardo Scanlan, do humor bruto e estúpido do bárbaro Grog ou da tentativa dos irmãos Vax e Vex em manter o grupo coeso em meio ao caos. A temporada consegue encontrar espaço para dar tempo para cada um deles brilharem e mostrarem suas conexões uns com os outros, embora nem todos tenham suas próprias subtramas ou que elas sejam desenvolvidas a contento.

Um exemplo é a trama da clériga Pike, dividida entre o compromisso com sua divindade e a amizade pelos companheiros. A jornada da personagem acaba se desenvolvendo muito distante da trama principal, soando desconectada dos principais conflitos e só se conectando aos demais perto do fim. Por mais que ela seja uma personagem interessante, o arco dela acaba soando como uma distração da trama principal.

A ação diverte tanto pela brutalidade dos combates quanto pela maneira criativa que explora os poderes de heróis e vilões. Da mão espectral de Scanlan, passando pelas habilidades vegetais da druida Keyleth, as habilidades com arco de Vex ou as armas de fogo de Percy, as lutas sempre trazem momentos empolgantes para cada personagem. O que não empolga, por outro lado, é como a animação muitas vezes parece rígida demais, com poucos quadros de movimento em algumas cenas, algo visível, por exemplo no dragão que aparece nos dois primeiros episódios.

Ainda assim The Legend of Vox Machina é uma divertida aventura que vale pelo carisma de seus personagens e o modo como ela capta o sentimento de sair em campanha com os amigos em um RPG de mesa.

 

Nota: 8/10

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