quinta-feira, 2 de junho de 2022

Crítica – O Poder e a Lei: Primeira Temporada

 

Análise Crítica – O Poder e a Lei: Primeira Temporada

Review – O Poder e a Lei: Primeira Temporada
Depois de uma adaptação para os cinemas estrelada por Matthew McConaughey, os livros de Michael Connelly sobre o advogado Mickey Haller que atende clientes do banco de trás de seu Lincoln ganham a televisão na série O Poder e a Lei. Assim como nos livros, são narrativas que misturam tramas investigativas e dramas jurídicos que hoje são formatos comuns em séries, vide Law & Order e todos os seus derivados.

Na trama, depois de um ano afastado do direito por conta de traumas e problemas com drogas, Mickey (Manuel Garcia Rulfo) recebe uma segunda chance quando “herda” os casos e clientes de um colega de profissão que foi assassinado misteriosamente. Entre os clientes está Trevor (Christopher Gorham), um milionário do ramo da tecnologia acusado de matar a esposa e o amante dela, mas que se diz inocente. Assim, Mickey precisa correr contra o tempo para inocentar Trevor enquanto tenta descobrir quem matou seu colega.

A temporada tenta mesclar uma estrutura de “casos da semana” com Mickey ajudando novos clientes a cada episódio, com a trama contínua do julgamento de Trevor e a investigação do assassinato do outro advogado. Nenhuma dessas tramas tem nada de realmente novo ou muito diferente em relação ao que já vimos antes em outras produções do gênero, no entanto, conseguem manejar bem a intriga e as revelações para nos manter suficientemente entretidos. É difícil negar o valor catártico das cenas em que Mickey rebate ponto a ponto os argumentos de promotores rivais durante julgamentos, nos lembrando da importância do conhecimento e da análise dos fatos, algo que nossa sociedade vem subestimando nos últimos tempos.

Parte disso vem da construção do próprio Mickey, um sujeito arguto, com amplo conhecimento do sistema jurídico e suas iniquidades, mas que equilibra seu lado técnico com uma sabedoria de senso comum das ruas fruto de uma vida em espaços menos privilegiados. Com isso, o protagonista transita por entre vários espaços, usando tanto os meios técnicos da lei quanto sua esperteza para vencer casos. Além disso, Manuel Garcia Rulfo dota Mickey de uma vulnerabilidade, por conta de erros do passado e por conta do peso que certas decisões tem em sua consciência, que ajudam a humanizar o personagem.

Por outro lado, algumas subtramas, em especial a que envolve a ex-esposa de Mickey, a promotora Maggie (Neve Campbell) são subaproveitadas. Todo o caso de tráfico de pessoas de Maggie mal se conecta às tramas principais e só vai ter algum impacto real nas principais narrativas da série no último episódio. A temporada também apresenta alguns despistes bem óbvios, como a noção de que Trevor de algum modo seria refém de um oligarca russo. É algo tão mirabolante diante da natureza mais realista e urbana do restante da série que fica evidente desde o primeiro momento em que é mencionado que se trata de um despiste para uma revelação maior que virá depois.

Mesmo sem nada de muito novo em relação ao gênero ao qual se vincula, O Poder e a Lei consegue entreter pelo carisma de seu protagonista, boas intrigas e pelas reflexões sobre as limitações e desigualdades do sistema jurídico.

 

Nota: 6/10


Trailer

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