A trama se passa na década de 70 e é centrada nas adolescentes Arlene (Michelle Williams) e Betsy (Kirsten Dunst). Numa noite de travessuras no Hotel Watergate elas esbarram sem querer nos invasores que estão grampeando o comitê do Partido Democrata e os invasores acabam detidos pela segurança do hotel. Depois disso, a dupla acaba sendo chamada pelo presidente Nixon (Dan Hedaya) para cuidar do cachorro dele. No tempo que passam na Casa Branca Arlene e Betsy acabam acidentalmente encontrando mais provas do envolvimento de Nixon com Watergate e entram em contato com os jornalistas Woodward (Will Ferrell) e Bernstein (Bruce McCulloch).
Michelle Williams e Kirsten Dunst são ótimas como algumas das personagens mais idiotas que o cinema já criou. Não é fácil agir como completas imbecis incapazes de entender o que acontece ao seu redor e ainda assim angariar alguma simpatia do espectador, mas as duas conseguem graças ao comprometimento com o absurdo e uma ingenuidade sincera que trazem para Betsy e Arlene. É com essa ingenuidade que a dupla inclusive molda eventos-chave da política nacional, como na cena em que interrompem uma negociação entre Henry Kissinger (Saul Rubinek) e o líder soviético Leonid Brejnev (Len Doncheff) para oferecer biscoitos com maconha (elas não sabem que tem maconha nos biscoitos) levando a uma resolução pacífica entre EUA e União Soviética.
A trama é criativa nas conexões absurdas que cria entre as ações estúpidas das protagonistas e as consequências que isso tem para o país, como na cena em que elas convencem Nixon a encerrar a Guerra do Vietnã, ou para as investigações do Watergate. Até mesmo quando elas resolvem denunciar Nixon para o Washington Post (porque ouviram o presidente maltratar um cachorro) elas não tem qualquer noção do impacto do que estão fazendo, do que foi Watergate ou que estão basicamente implodindo a República. Para além da sátira política, o filme também tem momentos divertidos de puro absurdo como no segmento em que Arlene fantasia sua paixão por Nixon ou quando Betsy está completamente chapada no quarto com Chip (Ryan Reynolds)
Além de Williams e Dunst, o filme ainda conta com um competente elenco de apoio que diverte ao fazer versões caricatas das figuras reais que o filme apresenta. Dan Hedaya leva ao extremo do ridículo a cadência particular da fala de Nixon, enquanto Saul Rubinek emula muito bem o jeito com o qual Kissinger fala “para dentro” soando quase incompreensível. Já Will Ferrell e Bruce McCulloch parecem basear mais o trabalho deles nas atuações de Robert Redford e Dustin Hoffman como Woodward e Bernstein em Todos os Homens do Presidente (1976). As interações entre a dupla de jornalistas e as protagonistas estão entre os momentos mais divertidos da trama.
O filme ainda conta com uma trilha musical cheia de canções marcantes da década de 70 e que hoje são facilmente identificadas pelo público contemporâneo pelo fato de que muitas delas foram usadas por James Gunn nos filmes dos Guardiões da Galáxia. De ABC passando por Hooked on a Feeling e Come and Get Your Love as escolhas da paisagem musical para evocar nostalgia setentista remetem muito ao que Gunn posteriormente faria em seus filmes da Marvel.
Todas as Garotas do Presidente é uma divertida paródia do caso Watergate com as performances cômicas de Michelle Williams e Kirsten Dunst que não foram devidamente valorizadas na época em que foi lançado.
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