segunda-feira, 25 de julho de 2022

Crítica – Agente Oculto

 

Análise Crítica – Agente Oculto

Review – Agente Oculto
Depois de sua primeira incursão em blockbusters de ação de alto orçamento com Alerta Vermelho (2021), a Netflix volta a esse filão em Agente Oculto e a impressão é de o serviço de streaming não aprendeu nada com os problemas da incursão anterior. É certamente uma produção que investe nas cenas de ação e em seus astros, mas não dá nada para sustentar nosso interesse elementos.

A trama é centrada em Seis (Ryan Gosling) um agente oculto da CIA treinado para missões secretas de assassinato. Quando ele topa com um segredo que pode incriminar um de seus superiores, Carmichael (Regé-Jean Page), ele se torna alvo da própria agência. Em seu encalço está o sádico Lloyd (Chris Evans).

É uma trama bem típica do espião com consciência contra o espião sem escrúpulos e se desenvolve sem nenhuma grande surpresa ou qualquer elemento que tente fazer algo diferente dos lugares comuns. Até mesmo as eventuais reviravoltas e mudanças de lado soam protocolares, acontecendo porque precisam acontecer e não por ser uma decorrência orgânica do desenvolvimento daqueles personagens.

Gosling e Evans conseguem injetar algum carisma em seus dois espiões, evitando que sejam tipos entediantes e oferecendo alguns momentos divertidos a exemplo da piada metalinguística em que Lloyd chama seis de Ken (já que Ryan Gosling vai ser o Ken no filme da Barbie). Wagner Moura tem uma breve participação como um mercenário excêntrico e é possivelmente a figura mais memorável do longa, conseguindo ser marcante mesmo com pouco tempo de tela.

Mesmo o carisma desses atores faz pouco para contornar o quanto esses personagens são inanes e o quão pouco o filme nos dá para nos importar com eles além de um conjunto básico e pouco imaginativo de clichês. Além disso, a história se alonga demais para uma narrativa com uma trama tão simplória e poderia ter tranquilamente uns vinte minutos a menos (um problema compartilhado por Alerta Vermelho). A impressão é a de uma produção inchada com dezenas de deslocamentos e países, talvez justamente para usar esse movimento constante de espaços para nos distrair que há muito pouco acontecendo com os personagens e não há muito a dizer sobre eles ou questões relativas ao intervencionismo estadunidense ou a capitalização da guerra.

A ação varia entre cenas criativas, com planos longos que se movem pelos cenários e dão um bom senso de coesão em meio aos embates caóticos, e outras que repetem os dispositivos típicos de câmera tremida e montagem excessiva. Existem momentos bem conduzidos, como toda a luta final entre Seis e Lloyd ou o tiroteio no trem, e outros que fazem muito pouco para empolgar. Ou seja, nem mesmo a ação dá elementos suficientes para fazer a experiência valer a pena.

Apesar dos protagonistas oferecerem algum carisma e bons momentos de ação, Agente Oculto é tão genérico, sem personalidade e protocolar na condução de sua trama que mesmo os elementos positivos não o salvam de ser uma produção pouco memorável.

 

Nota: 5/10


Trailer


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