quarta-feira, 27 de julho de 2022

Crítica – Não Me Diga Adeus

 

Análise Crítica – Não Me Diga Adeus

Review – Não Me Diga Adeus
De relance Não Me Diga Adeus é um típico road movie sobre pessoas se reconectando ao longo da viagem. Não faz muito mais do que seguir o que já está estabelecido nesse tipo de história, mas conseguiria envolver por conta dos personagens. Digo conseguiria porque algumas decisões perto do final prejudicam bastante o resultado.

Max (John Cho) é um pai solteiro que descobre um tumor no cérebro cuja chance de sobrevivência é muito baixa. Com cerca de um ano de vida e sem ninguém com quem deixar a filha adolescente, Wally (Mia Isaac), ele decide cruzar o país de carro em busca da mãe de Wally que os abandonou anos atrás. Ele também usará essa viagem para se reconectar com a filha, tentando ensinar a ela tudo que crê ser necessário para a vida adulta.

A narrativa explora o tropo comum de personagens com personalidades opostas que tem algo a aprender um com o outro. Max precisa aprender a correr mais riscos e aproveitar mais vida depois de ter sacrificado tanto para criar a filha sozinho. Já Wally vai aprender a ser mais responsável e conhecer um lado do pai que até então lhe era desconhecido.

Não é nada que vai reinventar a roda, mas tem afeto o suficiente para conquistar. John Cho transmite bem a preocupação de Max em o que vai ser da filha depois que ele se for e o desespero contido de saber que está correndo contra o tempo para tentar deixar algo estável para Wally. Ele e Mia Isaac conseguem construir uma química calorosa que dá uma sinceridade emocional ao relacionamento de pai e filha.

O problema é a reviravolta final. Primeiro que ela soa gratuita. Por mais que a trama até tente justificar, dizendo que inseriu pistas ao longo da narrativa, nem o mais atento dos espectadores, mesmo um médico, conseguiria depreender que certo conjunto de eventos levaria àquele resultado. Segundo porque soa como uma saída covarde para o drama mais complexo do filme: como Wally lida com uma mãe que não a quer, além de lidar com a perspectiva de perder o pai? A impressão é que lidar com essas ideias terminaria tudo de uma maneira muito triste e sombria, então resolveram forçar a barra para tentar entregar algo mais positivo e edificante.

Ao inserir aquela reviravolta o filme foge de responder todas essas perguntas e substitui por platitudes vazias sobre a necessidade de aproveitar a vida. O final também incomoda por reduzir Wally a um acessório na jornada de Max. Ao invés de ter seu próprio arco, a garota simplesmente existe para mostrar ao pai o que ele estava deixando de ver na vida. Certamente não foi a intenção dos realizadores, mas ao encerrar com Max feliz, voltando a encontrar prazer em coisas que tinha deixado de lado, faz parecer que a filha era um estorvo na vida dele e perdê-la foi “libertador” de alguma maneira.

É um encerramento cheio de boas intenções, mas que as executa de uma maneira problemática que não apenas deixa de surtir o efeito desejado como também sabota ou ignora muito do que foi desenvolvido até então. Apesar de bons momentos, principalmente por conta do trabalho de John Cho, Não Me Diga Adeus se perde em um final problemático e equivocado.

 

Nota: 5/10


Trailer

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