terça-feira, 5 de julho de 2022

Crítica – Thor: Amor e Trovão

 

Análise Crítica – Thor: Amor e Trovão

Review – Thor: Amor e Trovão
Devo confessar que apesar de gostar de muita coisa que o Taika Waititi fez por trás das câmeras, não me agradei muito com Thor: Ragnarok. A impressão é que o filme não conseguia equilibrar seu humor com as necessidades da trama e que Waititi estava mais interessado na maluquice espacial do que nos problemas de Asgard ou em introduzir a chegada de Thanos. Pois neste Thor: Amor e Trovão o diretor se sai bem melhor.

A trama é praticamente a mesma de Ragnarok, depois de perder tudo que valorizava, Thor (Chris Hemsworth) precisa se redescobrir e encontrar um novo propósito. Aqui as coisas se complicam quando o vilão Gorr (Christian Bale) sequestra crianças asgardianas e também pela descoberta de que sua antiga amada, Jane (Natalie Portman), agora empunha o Mjolnir.

Ao contrário do que acontecia no filme anterior do Thor, a condução de Waititi sabe dosar a comédia com os momentos de desenvolvimento de personagem, evitando sabotar a construção das tramas com piadas inoportunas. Isso permite um desenvolvimento mais consistente da relação entre Thor e Jane conforme eles navegam pelo reencontro que abre velhas feridas e tentam encontrar uma maneira de reconstruir a relação.

Tudo bem que é uma trama mais leve e descompromissada, entretanto, a narrativa consegue criar um drama palpável ao redor do conflito de Jane entre se manter como Poderosa Thor, mesmo sabendo de como isso pode prejudicá-la, ou se resignar a enfrentar seus problemas de saúde a despeito das poucas chances que tem. Do mesmo modo, Christian Bale consegue criar um vilão genuinamente sinistro como Gorr abraçando uma composição cheia de excessos que dão conta da fúria incomensurável do vilão e o quanto ele foi corrompido pela necroespada.

Claro, o humor segue presente e dessa vez melhor integrado à narrativa, sem precisar sacrificar o desenvolvimento da trama ou dos personagens. A comédia se faz presente no jeito bonachão de Thor, nas criaturas insólitas que aparecem (como os dois bodes gigantes cujos gritos merecem virar toque de celular) e em alguns coadjuvantes divertidos, como o bizarro sotaque mediterrâneo que Russell Crowe adota como Zeus.

As cenas de ação chamam atenção pelo modo como consegue diferenciar as habilidades de Thor e Jane, principalmente como a heroína manipula os fragmentos do Mjolnir. O filme também recorre a algumas escolhas estéticas criativas, como o embate em um mundo sombrio no qual tudo é preto e branco e apenas a luminosidade dos poderes dos personagens trazem breves momentos de cor. Visualmente deve ser a mais singular cena de ação de todo o universo Marvel.

Por outro lado o desfecho peca por acabar tornando Jane meramente um veículo para a jornada de autodescoberta de Thor. No final, todo o trama da personagem existir mais como um meio de motivar o herói do que realmente trazer alguma transformação a Jane ou trazê-la de volta de modo mais definitivo ao universo Marvel.

Algumas tentativas de comicidade nem sempre funcionam, como algumas piadas envolvendo Korg (Taika Waititi) que se alongam mais do que deveriam e soam como momentos de autoindulgência do diretor. O “ciúme” do Rompe-Tormentas pelo Mjolnir soa como algo gratuito, já que nenhum filme anterior tinha estabelecido que o machado tinha qualquer tipo de consciência, e essas tentativas de comicidade soam desnecessariamente forçadas.

Ainda assim Thor: Amor e Trovão diverte pelo seu senso de aventura descompromissado, visuais criativos e por finalmente encontrar um arco de personagem consistente para o Thor.

 

Nota: 7/10


Trailer

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