Ou seja, assim como nas duas primeiras temporadas há um apocalipse iminente e os irmãos precisam resolver as diferenças para lidarem com a ameaça. É o mesmo formato das temporadas anteriores e agora já começa a ficar cansativo, principalmente porque os personagens continuam a ter os mesmos problemas uns com os outros e fica a impressão de que tudo está andando em círculos.
Incomoda também como alguns conflitos soam forçados, em especial todo o arco envolvendo Allison (Emmy Raver-Lampman). É compreensível a dor e frustração dela por conta da filha ter sido apagada da existência na nova linha do tempo, mas a hostilidade extrema que ela tem contra Viktor (Elliot Page) soa descabida, já que a família sobreviveu a todo tipo de ameaça e cataclisma maluco para chegar a até ali, sendo bem difícil culpar uma só pessoa por toda a piração temporal/multiversal ao redor deles. Inclusive é até estranho que ela nunca culpe Cinco (Aidan Gallagher) que foi o responsável pelas viagens no tempo. As coisas pioram na cena em que Allison tenta usar o poder dela para forçar Luther (Tom Hopper) a fazer sexo com ela, uma atitude abusiva e gratuita que não adiciona nada ao arco da personagem. Eu sei que todos os personagens da série são pessoas complicadas, machucadas e autossabotadoras, no entanto as ações extremas de Allison nunca soam plenamente justificadas e é difícil aderir a ela.
A trama lida com naturalidade com a transição de gênero de Viktor, refletindo a transição da vida real do ator Elliot Page e resolvendo isso rapidamente. A relação entre Viktor e o agora adulto Harlan (Callum Keith Rennie), porém, acaba sendo subaproveitada pela temporada. Klaus (Roberth Sheehan) continua sendo o personagem mais divertido da série e tem bons momentos ao lado de Sir Reginald, que aqui consegue mostrar uma faceta mais humana embora continue sendo implacável com os filhos. O romance entre Diego (David Castañeda) e Lila (Ritu Arya) envolve pela maneira completamente errada com a qual progride e culmina na decisão deles de terem um filho juntos. É um dos relacionamentos mais aloprados da ficção recente, tão caótico quanto às personalidades dos dois.
Ainda assim, fica a impressão de
que já vimos tudo isso antes e nem mesmo toda a excentricidade, visuais criativos
e momentos divertidamente insólitos (como a sequência em que todos dançam ao
som de Footloose no primeiro
episódio) conseguem afastar o senso de repetição e desgaste que toma conta
dessa terceira temporada. O final apresenta mais uma linha temporal alternativa
que mais uma vez pode servir para reiniciar todos os conflitos entre os irmãos
e desfazer todo o progresso alcançado até aqui. Sinceramente espero que um
eventual quarto ano consiga fazer algo mais interessante com os personagens.
Nota: 5/10
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