quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Crítica – John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo

 

Análise Crítica – John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo

Review – John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo
A produção John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo é mais um daqueles documentários sobre crimes que está mais interessado em especulação sensacionalista do que uma apuração consistente dos fatos ou mesmo ter algo a dizer sobre as mensagens que produz. O documentário acompanha uma dupla de jornalistas que acompanhou o programador John McAfee, que criou o programa antivírus que leva seu nome, em sua fuga depois de ser acusado de matar um vizinho em Belize.

O filme se concentra nas imagens que os dois jornalistas captaram durante o tempo em fuga de McAfee, que o mostram como um sujeito instável, mas que parece também performar muito dessa instabilidade, como se fosse um esforço consciente da parte dele em querer parecer louco, tanto que ele se compara ao Coringa em dado momento. Isso poderia ser usado para pensar sobre egocentrismo, culto à personalidade ou como uma pessoa consegue criar um mito em torno de si mesmo, no entanto, o documentário nunca tem nada a dizer sobre essas imagens além de expor a bizarrice do comportamento de McAfee, sendo de um sensacionalismo rasteiro.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Drops – Influencer de Mentira

 

Análise Crítica – Influencer de Mentira

Review – Influencer de Mentira
Estrelado por Zoey Deutch, Influencer de Mentira é mais um filme a falar sobre os problemas de nossa obsessão com redes sociais, likes e engajamento. Não tem nada de novo exatamente, mas é bem conduzido o suficiente para funcionar. Danni (Zoey Deutch) é uma aspirante a escritora sem muitos prospectos de futuro. Um dia ela finge uma viagem a Paris para chamar a atenção de um influencer de que gosta, Colin (Dylan O’Brien). O problema é que no momento em que ela posta fotos dizendo que está um ponto turístico de Paris o local é alvo de um ataque terrorista. Assim, Danni continua a mentira, se posicionando como sobrevivente e emplacando uma hashtag sobre saúde mental.

É uma trama de certa forma similar a Querido Evan Hansen (2021), com a diferença que Evan era um garoto inseguro diante de pais enlutados e Zoey é, desde o início, uma mentirosa fútil. Nesse sentido a trama acerta em não tentar relativizar as ações da protagonista, deixando evidente desde a cartela inicial que ela não é uma boa pessoa. A trama aponta não apenas para a futilidade do universo dos influencers como também para a virulência dos linchamentos virtuais uma vez que alguém se torna infame e o modo como portais de notícia, para não ficarem de fora do que é tendência, replicam conteúdo sem devida apuração.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Drops – De Férias da Família

 

Crítica - De Férias da Família

Review - De Férias da Família
Não esperava muita coisa de De Férias da Família, imaginei que seria uma comédia lotada de lugares comuns, mas que fosse ao menos capaz de me divertir ao longo de seus 100 minutos dados os nomes envolvidos. Infelizmente nem essas baixas expectativas foram atendidas.

A trama é protagonizada por Sonny (Kevin Hart) um dedicado pai de família que vive para cuidar dos filhos. Um dia, a esposa dele, Maya (Regina Hall), uma ocupada arquiteta, propõe que ela fique uma semana sozinha com os filhos enquanto Sonny aproveita um tempo livre. Sonny aproveita para encontrar Huck (Mark Wahlberg) um antigo colega dos tempos de farra. Em tese confusões deveriam acontecer a partir daí, no entanto, o roteiro é tão pouco criativo que não consegue criar sequer uma situação engraçada, preferindo apelar para escatologia rasteira, com menções gratuitas a fezes e vômitos, ao invés de criar situações interessantes para inserir esses elementos.

É uma colagem aleatória de situações que mesmo num regime absurdista não conseguem se conectar e nem provocar riso. Não ajuda que o roteiro não saiba exatamente quem é Sonny, que varia entre um marido dedicado, um tirano com os filhos e crianças da escola, um idiota manso e um babaca rancoroso. Como o personagem muda de personalidade a cada cena fica difícil criar qualquer expectativa a seu respeito, tornando quase impossível subvertê-las para fins dramatúrgicos.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Crítica – Cuphead: The Delicious Last Course

Análise Crítica – Cuphead: The Delicious Last Course


Review Crítica – Cuphead: The Delicious Last Course
Lançado em 2017 Cuphead chamou atenção pelos seus visuais que remetiam a animações da década de 1930 e também por sua dificuldade extrema. Esses dois atributos seguem presentes na expansão The Delicious Last Course, que introduz novos chefes, armas e uma personagem jogável.

Em uma trama paralela à campanha principal, Cuphead e Mugman recebem uma mensagem da Ms. Chalice pedindo ajuda. Assim, os irmãos navegam para a Ilha Tinteiro IV para ajudar Ms. Chalice a sair do mundo espiritual. Logicamente, isso envolve derrotar mais um monte de chefões difíceis.

O primeiro grande novo elemento é a possibilidade de jogar com Ms. Chalice. Ela, no entanto, não é uma personagem selecionável direto do menu. Para jogar com ela, é preciso equipar um acessório chamado Biscoito Astral, efetivamente fazendo Ms. Chalice substituir o personagem com o qual se está jogando. A troca tem suas vantagens considerando que a garota tem acesso a uma série de habilidades que os outros dois não tem. Ela tem um ponto de vida a mais, pode dar pulos duplos, seu dash automaticamente apara projéteis e ela pode realizar um rolamento no chão que a deixa invulnerável enquanto rola (similar ao que acontece com o acessório Bomba de Fumaça). Assim, trocar uma nova personagem por um espaço de acessório não soa como injusto.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Crítica – Bom Dia, Verônica: 2ª Temporada

 

Análise Crítica – Bom Dia, Verônica: 2ª Temporada

Review – Bom Dia, Verônica: 2ª Temporada
Quando escrevi sobre a primeira temporada de Bom Dia, Verônica mencionei a qualidade do elenco principal, as tensões do mistério que servia de fio condutor para a narrativa. Apontei também como a trama da grande conspiração com figuras sombrias manipulando tudo os bastidores era mirabolante demais para o realismo do resto da série e fragilizava o universo ficcional. Pois nessa segunda temporada Bom Dia, Verônica retorna com os méritos da primeira temporada, mas também reproduz os mesmos problemas.

Depois dos eventos do ano de estreia, Verônica (Tainá Muller) forjou a própria morte e vive sob uma identidade falsa investigando o grupo criminoso por trás do orfanato Cosme e Damião. Ela chega ao provável líder do grupo no pastor Matias (Reynaldo Gianecchini), que usa sua igreja pra prospectar mulheres vulneráveis e abusar delas. Em meio a isso está Angela (Klara Castanho), filha do pastor que aos poucos começa a desconfiar que há algo errado acontecendo em sua casa e com as mulheres que o pai traz para fazer rituais de “cura”.

Como no ano de estreia o caso principal, aqui a investigação em Matias, é permeado por personagens envolventes e boas interpretações. Gianecchini está sinistro como Matias, um sujeito de fala suave que consegue convencer as pessoas de qualquer coisa e usa da fé para manipular seus fieis. Mesmo nos momentos em que ele abusa de outras mulheres ou da filha é desconcertante como ele mantem a serenidade, como se tudo fosse incrivelmente normal para ele.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Crítica – Marte Um

 Análise Crítica – Marte Um


Review – Marte Um
Com toda a instabilidade política e social que vem se instaurando no Brasil nos últimos anos é natural que a nossa produção audiovisual tente abordar esses temas e vivências. Muitas produções são feitas na urgência de denunciar os problemas do país e acabam descambando em produções excessivamente expositivas em que os personagens conversam como se estivessem dando uma aula ao espectador. Esse não é um problema de Marte Um, dirigido por Gabriel Martins. Como é recorrente nas produções da Filmes de Plástico, o olhar afetuoso e naturalista para a realidade brasileira se mostra muito mais eficiente em transmitir a experiência sensível das alegrias e dificuldades do cidadão do que discursos empostados.

A trama segue uma família humilde na região de Contagem, em Minas Gerais. O patriarca Wellington (Carlos Francisco, de Bacurau) trabalha como porteiro em um prédio de luxo em Belo Horizonte. Tércia (Rejane Faria) trabalha como diarista. Eunice (Camilla Damião) é a filha mais velha e pensa em sair de casa para morar com a namorada. Devinho (Cícero Lucas) é um pré-adolescente que sonha em integrar uma missão tripulada à Marte, contrariando o desejo do pai de que ele se torne um jogador de futebol. Depois das eleições de 2018, o cotidiano da família começa a mudar.

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Crítica – Como Seria Se...?

 

Análise Crítica – Como Seria Se...?

Review – Como Seria Se...?
Apesar de vendido como um filme dotado de uma estrutura narrativa inovadora, a produção da Netflix Como Seria Se...? é basicamente uma repetição do que já tinha sido feito há mais de vinte anos atrás em De Caso Com o Acaso (1998), estrelado por Gwyneth Paltrow. Duas narrativas concomitantes que mostram duas vidas diferentes de uma mesma protagonista sem que nenhum dos desfechos seja mais “cânone” que o outro.

Essa ideia de explorar possíveis desdobramentos de uma mesma escolha também já tinha sido explorada por Tom Tykwer em Corra Lola, Corra (1998). É possível que toda a onda de multiverso que tem tomado a indústria hollywoodiana tenha devolvido o interesse a esse tipo de estrutura, mas fazer parecer que há algo de novo quando diretores vem experimentando com esse tipo de formato soa bastante míope.

A trama acompanha Natalie (Lili Reinhart) às vésperas de sua formatura. Depois de transar com o melhor amigo, Gabe (Danny Ramirez), e terminar a faculdade, ela passa mal na festa de formatura. Dando ouvidos ao conselho de uma amiga, ela faz um teste de gravidez e daí a trama se divide em duas, com uma seguindo como seria se ela estivesse grávida e precisasse abrir mão dos planos para ficar com a filha e como seria se Natalie não estivesse grávida e fosse para Los Angeles com a amiga Cara (Aisha Dee) para tentar o emprego dos sonhos.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Crítica – Não! Não, Olhe!

 

Análise Crítica – Não! Não, Olhe!

Review – Não! Não, Olhe!
Uma das primeiras imagens de Não! Não Olhe! é um versículo bíblico do livro de Naum (3:6) e é difícil não pensar no jogo de palavras que Jordan Peele coloca aqui. Não apenas o texto do versículo bíblico, mas o próprio título do evangelho evoca uma conexão com o imperativo negativo no título do filme. Esse é só um dos muitos elementos com múltiplas camadas de interpretação numa trama que se vale da estrutura típica de um filme de monstro para refletir sobre exclusão, exploração e o ato de olhar.

A narrativa acompanha O.J (Daniel Kaluuya) um jovem treinador de cavalos que prepara animais para aparecerem em filmes. Quando seu pai morre em circunstâncias misteriosas, O.J deseja tocar adiante o negócio da família enquanto que sua irmã Emerald (Keke Palmer) quer vender o rancho. Antes de tomar qualquer atitude, no entanto, ambos notam o fenômeno estranho que provavelmente matou seu pai: um estranho disco voador nas redondezas da fazenda. Os irmãos então decidem encontrar um jeito de filmar e provar a existência do objeto.

É possível pensar como a premissa está fundamentada no desejo e no prazer de olhar, algo que está na base do cinema em si. As tentativas de filmar o objeto e descobrir o que é ponderam sobre a centralidade do olhar e como as coisas só tem valor e sentido na medida que são capturadas por nossos sentidos. Os irmãos sabem que só acreditarão neles com imagens e sabem que só podem extrair valor da história se tudo for bem filmado.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Crítica – Dog: A Aventura de Uma Vida

 

Análise Crítica – Dog: A Aventura de Uma Vida

Resenha Crítica – Dog: A Aventura de Uma Vida
Dirigido por Channing Tatum, Dog: A Aventura de Uma Vida remete a outro filme estrelado por Tatum: Magic Mike (2012). Nele, assim como no filme aqui analisado, Tatum observava a contradição de que mesmo homens que parecem se adequar a certos padrões sociais de masculinidade sofrem por pertencerem a certo ideal conservador do que é ser “homem”. Em Magic Mike e sua continuação isso era observado sob o ponto de vista dos strippers e dos estereótipos que normalmente acompanham a profissão. Aqui ele analisa a partir de soldados que voltam da guerra e a coisa não funciona tão bem, já que a trama passa ao largo das complexidades do militarismo estadunidense em um contexto global.

A trama é focada em Briggs (Channing Tatum) um ex-soldado com dificuldades em reconstruir a vida depois de voltar a ser civil. Quando um companheiro de farda morre em um acidente, o antigo comandante de Briggs pede a ele que transporte Lulu, uma cadela de resgate treinada pelo amigo morto, para o funeral dele. Como Lulu também foi muito afetada pela experiência de guerra, Briggs não pode levá-la de avião. Agora ambos vão pegar a estrada em uma viagem que logicamente obrigará o protagonista a lidar com os traumas passados.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Crítica – Better Call Saul: 6ª Temporada (Parte 2)

 

Análise Crítica – Better Call Saul: 6ª Temporada (Parte 2)

Review – Better Call Saul: 6ª Temporada (Parte 2)
Em Breaking Bad Walter White dizia que a química consistia de crescimento, degradação e transformação. Ao final a série nos mostrava o crescimento e a degradação da vida de Walt, que se encerrava em um ato de sacrifício no qual o personagem retomava as rédeas, mas não necessariamente o redimia de tudo que fez porque ele encontrava uma saída fácil na morte ao invés de enfrentar as consequências de tudo que fez. Em Better Call Saul, por outro lado, vemos todo esse processo de crescimento, degradação e transformação de Jimmy McGill.

Eu já cheguei a escrever a respeito de como essa segunda parte da sexta temporada constrói de maneira magistral a ruptura entre Jimmy/Saul (Bob Odenkirk) e Kim (Rhea Seehorn), bem como já comentei sobre a primeira metade da temporada, então não irei me repetir. Ao invés disso, irei me concentrar nos episódios que se passam após esse rompimento e acompanham os personagens na linha temporal após os eventos de Breaking Bad.

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Crítica – Eu Nunca...: 3ª Temporada

 

Análise Crítica – Eu Nunca...: 3ª Temporada

Review – Eu Nunca...: 3ª Temporada
Poucas séries conseguem manter alguma regularidade em qualidade conforme avançam, principalmente depois de passar da segunda temporada (a recente quarta temporada de Westworld é um exemplo disso). Essa terceira temporada de Eu Nunca... é um desses raros casos. A série poderia dar voltas ao redor de si mesma repetindo o vai e vem amoroso da protagonista e seus possíveis pretendentes, mas ao invés disso escolhe levar seus personagens adiante, aprofundando o que conhecemos sobre eles.

A narrativa segue onde o segundo ano parou. Devi (Maitreyi Ramakrishnan) agora está namorando Paxton (Darren Barnet), o garoto mais popular da escola. Isso deveria significar que os problemas de autoestima estariam resolvidos, no entanto, os comentários de colegas de escola que questionam o porquê do garoto mais popular estaria com ela a fazem ainda mais insegura. Ao mesmo tempo, o relacionamento de Ben (Jaren Lewison) e Aneesa (Megan Suri) se desgasta por Ben não conseguir superar Devi.

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Crítica – Westworld: 4ª Temporada

 

Análise Crítica – Westworld: 4ª Temporada

Review – Westworld: 4ª Temporada
Ao falar sobre a terceira temporada de Westworld mencionei como a série acertava ao evitar o hermetismo do segundo ano e levar o conflito a novos espaços e direções. Pois a quarta temporada de Westworld soa, em muitos aspectos, como um passo para trás, que foca demais em conflitos similares a tramas anteriores e em truques de ocultar informação apenas para produzir surpresas depois. Aviso que o texto contem SPOILERS da temporada.

A narrativa se passa alguns anos depois do terceiro ano. Robôs e inteligência artificial foram praticamente proibidos de serem utilizados. Caleb (Aaron Paul) reconstruiu a vida e agora tem esposa e filhos. Isso, no entanto, não significa que a humanidade está completamente livre de ameaças. Hale (Tessa Thompson) continua a tentar controlar a humanidade e substituir humanos por anfitriões. Agora ela conta com a ajuda da versão anfitriã de William (Ed Harris) que obedece a todos os seus comandos.

Os primeiros episódios parecem apenas repetir os mesmos conflitos e ideias do ano anterior, apenas mudando o plano de Hale, que agora quer controlar diretamente as mentes dos seres humanos com parasitas carregados por moscas. Do mesmo modo, a série usa o mesmo truque de reter informação para dar um clima de mistério a certos núcleos de personagem.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Crítica – X: A Marca da Morte

 

Análise Crítica – X: A Marca da Morte

Review – X: A Marca da Morte
Desde o início de X: A Marca da Morte é visível que a produção escrita e dirigida por Ti West que evocar tanto os slashers quanto os exploitations da década de 70. O diretor, no entanto, não está apenas replicando essas estruturas dramatúrgias, ele as usa para comentar o que lhe parece ser um ponto de virada cultural para o país.

A narrativa se passa em 1979 quando uma equipe de filmagem liderada por Wayne (Martin Henderson, de Virgin River) viaja até uma área rural do Texas para gravar um pornô. Não qualquer pornô, mas um com “cara de cinema” como diz o cinegrafista RJ (Owen Campbell). Wayne prevê que com a chegada do home video mais pessoas consumiriam pornô e que suas atrizes, Maxine (Mia Goth) e Bobby-Lynne (Brittany Snow), se tornarão estrelas. O que eles não esperavam é que as atividades deles desagradassem os idosos donos da propriedade e mortes começassem a acontecer.

De certa forma é a típica estrutura de filme de terror dos jovens cosmopolitas que se perdem em meio aos Estados Unidos rural e são “punidos” por sua devassidão, consumo de drogas e visões de mundo progressista. De certa maneira é isso, mas, ao mesmo tempo, esse cenário é usado para pensar como esse momento marca um ponto de virada no modo de vida estadunidense cujos sentidos permanecem em disputa nos campos sociais e políticos até hoje.

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Crítica – Passado Violento

 

Análise Crítica – Passado Violento

Review – Passado Violento
O principal problema de Passado Violento é não saber que tipo de filme ele quer ser. De um lado ele começa como um noir melancólico e pessimista sobre as consequências da violência. Do outro ele quer ser um típico filme de vigilantismo urbano no qual um sujeito solitário resolve iniciar uma guerra pessoal contra criminosos que estão atormentando uma pequena comunidade. Com isso o filme acaba entrando em contradição ao simultaneamente condenar a violência, expondo as marcas indeléveis que ela deixa sobre quem convive com isso de perto, e usar a violência de forma catártica e espetacularizante.

Clean (Adrien Brody) trabalha como gari numa tentativa de reconstruir a vida depois de um grande trauma pessoal e de experiências como soldado que marcaram sua psique. Ele se afeiçoa a uma menina do bairro em que trabalha por ela lembrar sua filha e passa a ajudar a garota e mãe. O problema é que a garota acaba se envolvendo com membros do grupo criminoso liderado por Michael (Glenn Fleshler), levando Clean a interferir.

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Crítica – Sandman

 

Análise Crítica – Sandman

Review – Sandman
Não tenho muita familiaridade com os quadrinhos de Sandman escritos por Neil Gaiman apesar de já ter ouvido bastante sobre ele e lido algumas histórias soltas. O anúncio de uma série baseada nele me deixou curioso e igualmente cauteloso considerando o quanto Deuses Americanos, outra série baseada em obra de Gaiman, desandou rápido depois de um começo promissor. Aparentemente Gaiman se fez mais presente durante Sandman justamente para evitar os problemas que Deuses Americanos teve.

Na trama, Sonho (Tom Sturridge) é um dos perpétuos, seres que controlam aspectos chave da nossa realidade. Ele reina sobre o Sonhar, dimensão na qual os seres humanos vão quando estão sonhando, e tem pleno domínio sobre nossos sonhos e pesadelos. Preso por humanos durante um ritual de magia que dá errado, Sonho passa quase todo o século XX em cativeiro. Quando finalmente escapa descobre que seu reino ficou em ruínas, os sonhos e pesadelos escaparam para o mundo material e seus objetos de poder estão na mão de humanos. Assim, Sonho parte em uma busca para reconstruir seu reino e seu poder.

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Crítica – Multiversus

 

Análise Crítica – Multiversus

Review – Multiversus
Quando foi anunciado Multiversus parecia mais um desses games de luta que tenta emular o sucesso de Smash Bros e que provavelmente morreria na praia como tantos outros (alguém ainda lembra de Playstation All Stars?). A diferença eram as múltiplas propriedades e personagens da Warner que poderiam ser utilizadas bem como a adoção de um modelo free to play o que, em tese, facilitaria o acesso ao game.

Pois tendo jogado ele por tempo considerável, diria que é o melhor “clone de Smash” entre tantos que tentaram não apenas pela variedade de personagens, mas por ter conseguido criar uma identidade própria que eleva de um mero reprodutor. As lutas ainda giram em torno de causar dano ao oponente para expulsá-lo da arena de batalha e modos como 1x1, 2x2 ou todos contra todos. A diferença aqui é o foco nas lutas em dupla e como todos os personagens tem habilidades que beneficiam não apenas o próprio lutador como o outro membro de sua equipe. Quando, por exemplo, Salsicha carrega seu poder total ele aumenta seu próximo ataque e também o do parceiro. Mulher Maravilha pode aumentar a própria capacidade defensiva e compartilhar esse efeito com o aliado caso ele esteja perto.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Crítica – O Predador: A Caçada

 

Análise Crítica – O Predador: A Caçada

Resenha Crítica – O Predador: A Caçada
Apesar de cerca de meia dúzia de filmes, a franquia Predador nunca entregou um filme que fosse tão bom quanto o original de 1987 estrelado por Arnold Schwarzenegger. A tentativa mais recente tinha sido com O Predador (2018), de Shane Black, que fez pouco para revitalizar o personagem. As coisas mudam com este O Predador: A Caçada, que entrega o melhor resultado desde o original.

A trama se passa no início do século XVIII e é protagonizada por Naru (Amber Midthunder), uma Comanche que quer se tornar uma das caçadoras da tribo. O resto dos membros creem que ela não é capaz de passar na provação de caçar algo poderoso, mas quando ela e outros membros da tribo começam a ser caçados por um Predador na floresta, a garota precisará de toda a sua astúcia para sobreviver.

Apesar de se ambientar no passado, o filme tem uma estrutura narrativa bem similar ao original, com um grupo de guerreiros sendo caçado por um Predador na floresta. A diferença aqui é o foco na construção de personagem. Ao invés de ser meramente um tipo “durão” há um arco narrativo envolvendo Naru, sua jornada por amadurecimento e também para ser valorizada por sua tribo.

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Crítica – Em Defesa de Jacob

 

Análise Crítica – Em Defesa de Jacob

Review – Em Defesa de Jacob
Dúvida pode destruir uma pessoa. O fato de não sabermos algo com certeza pode minar nossa confiança em uma pessoa ou em nós mesmos, tornar difícil seguir adiante quando não sabemos exatamente o que está por trás de algo que transformou nossa vida. O peso da dúvida é o tema central da minissérie Em Defesa de Jacob, que adapta o livro de William Landay.

A narrativa é protagonizada por Andy (Chris Evans), promotor de uma pequena cidade em Massachusetts. Andy é incumbido de acompanhar a investigação do assassinato de um adolescente, mas precisa se afastar quando seu filho, Jacob (Jaeden Martell), se torna suspeito do crime. A partir daí, Andy se afasta do caso e, ao lado a esposa, Laurie (Michelle Dockery) tenta defender o filho das acusações ao mesmo tempo em que busca desvendar o caso.

O elenco é a principal força da série. Evans faz de Andy um homem determinado e diligente, cuja confiança na inocência do filho não deriva somente de um amor parental, mas por já ter visto de perto como é um real psicopata. Já Michelle Dockery torna Lauren uma mulher aterrorizada pela possibilidade de seu filho ser um assassino, reavaliando cada pequeno evento da infância do garoto como uma pista de que havia algo errado com ele e como se sua falha como mãe em perceber esses supostos sinais fosse a razão de tudo ter acontecido. Jaeden Martell traz uma esperada dubiedade à Jacob, nos deixando incertos se estamos apenas diante de um garoto retraído e sobrecarregado pela situação ou um jovem psicopata desprovido de empatia que sente prazer em manipular as pessoas.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Drops – Em Perigo

 

Análise Crítica – Em Perigo

Review – Em Perigo
Nos últimos anos vimos a ascensão da divulgação de conteúdos falsos e desinformação online, bem como a chegada ao poder de figuras que se elegeram com base nessas práticas e passaram a hostilizar a imprensa. O documentário Em Perigo, produção da HBO Max, visa discutir o trabalho da imprensa nesse contexto.

O filme acompanha quatro jornalistas, dois deles nos Estados Unidos, uma no México e uma no Brasil. Em comum está o fato de que todos lidam com a truculência do Estado, o tratamento hostil de políticos e daqueles que os seguem. No Brasil, por exemplo seguimos Patrícia Campos Mello, jornalista da Folha responsável por expor o esquema de disparo de mensagens falsas via aplicativo de mensagem da campanha de Jair Bolsonaro. Depois da matéria Patrícia é alvo de ofensas do presidente, que inclusive insinua que a repórter teria trocado favores sexuais pela informação.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Rapsódias Revisitadas – Nosferatu

 

Análise – Nosferatu

Review – Nosferatu
Lançado em 1922 e dirigido por F.W Murnau, Nosferatu é um marco no cinema mundial. Considerado um dos primeiros filmes de terror já feitos, o filme sobrevive na memória coletiva até hoje, cem anos depois de lançamento, por conta da atmosfera macabra que imprime em sua narrativa.

A trama se passa no ano de 1838, sendo narrada por um escritor que reconta os eventos de como a peste assolou a pequena cidade Wisborg. O jovem Hutter (Gustav von Wangenheim) é incumbido pelo chefe a viajar até a Transilvânia para realizar uma venda de imóveis ao misterioso Conde Orlok (Max Schreck). Lá, Hutter descobre que Orlok é um sujeito sinistro e o Conde se encanta pela esposa de Hutter, Ellen (Greta Schröder) ao vê-la em uma foto. Assim o Conde decide comprar uma propriedade próxima à de Hutter e sua chegada traz desgraça para a pequena cidade.

Como é possível ver por esse breve sumário, a trama é basicamente uma adaptação do Drácula escrito por Bram Stoker, levando aos cinemas o folclore de vampiros. O roteiro de Nosferatu, por sinal, foi escrito por Henrik Galeen, responsável por incursões anteriores do cinema alemão no gênero do horror, tendo trabalhado em O Estudante de Praga (1913) e escrito o roteiro de O Golem (1920).

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Crítica – Crush: Amor Colorido

 

Análise Crítica – Crush: Amor Colorido

Review – Crush: Amor Colorido
O termo comfort food designa aquela comida de casa que não tem nada necessariamente especial, mas faz a gente se sentir pelo valor afetivo que ela traz. O mesmo acontece com a arte. Existem produtos que não trazem nenhuma grande inovação, são previsíveis, mas ainda assim tem um valor afetivo que nos deixa de coração quentinho ao consumir. Crush: Amor Colorido, produção da Hulu que chega ao Brasil pelo Star+, é exatamente esse tipo de “comfort movie”

A trama é protagonizada por Paige (Rowan Blanchard) uma jovem aspirante a artista que vê ameaça a sua chance de entrar na faculdade em que deseja. Acusada de ser a responsável por algumas pichações da escola, ela precisa encontrar o real culpado antes do fim do ano letivo para limpar o nome. Ao mesmo tempo, ela entra na equipe de atletismo para se aproximar de Gabby (Isabella Ferreira) por quem é apaixonada há anos. Aos poucos ela se aproxima de Gabby e também da irmã dela, AJ (Auli’i Cravalho), e se vê dividida entre as duas.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Crítica – Turma da Mônica: A Série

 

Análise Crítica – Turma da Mônica: A Série

Review – Turma da Mônica: A Série
Depois de dois filmes, Turma da Mônica: Laços e Turma da Mônica: Lições, a trilogia live-action da turminha criada por Maurício de Souza se encerra neste Turma da Mônica: A Série, feita para a Globoplay. Tinha minhas dúvidas se o material iria funcionar no contexto de uma série, mas felizmente o resultado é tão bom quanto os filmes.

A trama gira em torno de descobrir quem sabotou a festa da Carminha Frufru (Luiza Gattai), com a fofoqueira do bairro, Denise (Becca Guerra), assumindo a investigação e interrogando as crianças do local. As suspeitas, claro, recaem sobre Mônica (Giulia Benite) e sua turma, já que eles não se davam bem com a garota. Devo confessar que, de todas as possibilidades de contar uma história da turminha, uma trama investigativa/policialesca seria a última coisa que imaginaria, principalmente com um mistério tão bem manejado.

Claro, quem conhece a história e o universo da turminha vai conseguir perceber com certa antecedência quem estava por trás de tudo, no entanto, saber o real culpado não significa que o desenvolvimento da trama não tenha suas surpresas. Cada episódio é centrado no testemunho de um dos personagens envolvidos, nos dando a perspectiva dessa pessoa para os eventos e permitindo que pouco a pouco montemos o quebra cabeça.