quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Crítica – John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo

 

Análise Crítica – John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo

Review – John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo
A produção John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo é mais um daqueles documentários sobre crimes que está mais interessado em especulação sensacionalista do que uma apuração consistente dos fatos ou mesmo ter algo a dizer sobre as mensagens que produz. O documentário acompanha uma dupla de jornalistas que acompanhou o programador John McAfee, que criou o programa antivírus que leva seu nome, em sua fuga depois de ser acusado de matar um vizinho em Belize.

O filme se concentra nas imagens que os dois jornalistas captaram durante o tempo em fuga de McAfee, que o mostram como um sujeito instável, mas que parece também performar muito dessa instabilidade, como se fosse um esforço consciente da parte dele em querer parecer louco, tanto que ele se compara ao Coringa em dado momento. Isso poderia ser usado para pensar sobre egocentrismo, culto à personalidade ou como uma pessoa consegue criar um mito em torno de si mesmo, no entanto, o documentário nunca tem nada a dizer sobre essas imagens além de expor a bizarrice do comportamento de McAfee, sendo de um sensacionalismo rasteiro.

O mesmo pode ser dito sobre a apuração dos fatos e crimes narrados. O filme passa boa parte do tempo especulando sobre o assassinato do vizinho ou as declarações de McAfee a respeito de estar sendo perseguido pelo cartel de Sinaloa e outros grupos criminosos. Não há, porém, nenhum esforço concreto de apurar os fatos. A morte do vizinho é explicada em termos vagos e perguntas básicas, que ajudariam a aproximar nosso entendimento sobre a culpa de McAfee, nunca são feitos. Por exemplo, a bala que matou o vizinho era do mesmo calibre de alguma das armas que McAfee tinha em sua posse? Certamente é uma informação que poderia ser investigada, mas isso nunca é feito.

Assim, o documentário se entrega a um conspiracionismo irresponsável que atinge o ápice em seus minutos finais. Depois de narrar que McAfee se suicidou numa prisão na Espanha, o filme exibe declarações de pessoas próximas dele de que ele não se suicidaria. As circunstâncias do suicídio, o que dizem os relatórios policiais ou mesmo as pessoas que trabalhavam na prisão durante os eventos não são ouvidas, não há qualquer materialidade. O pior, no entanto, é que o filme encerra com uma declaração de uma das ex-esposas do programador que diz ter recebido uma ligação do próprio McAfee dizendo que estava vivo e forjou o próprio suicídio.

A maneira como tudo é mostrado dá a entender que essa seria uma possibilidade crível, no entanto, mais uma vez, o filme apresenta essa informação sem qualquer interesse em verificar a confiabilidade disso. O que os relatórios policiais do suicídio dizem? Há fotos (eles não precisariam mostrar as imagens no filme, só pra verificar mesmo) do corpo? Essa ligação realmente existiu? Que dia foi? Quanto tempo durou? É possível rastrear e descobrir de onde veio? São inquirições que qualquer documentarista ou repórter sério faria nessa situação e, ainda assim, o filme não faz, preferindo o choque e a espetacularização do que realmente apurar e analisar criticamente os eventos.

Entregue a um conspiracionismo irresponsável e inane, John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo não faz qualquer esforço de apurar os fatos narrados, se limitando a especulações sensacionalistas.

 

Nota: 2/10


Trailer

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