terça-feira, 9 de agosto de 2022

Crítica – Multiversus

 

Análise Crítica – Multiversus

Review – Multiversus
Quando foi anunciado Multiversus parecia mais um desses games de luta que tenta emular o sucesso de Smash Bros e que provavelmente morreria na praia como tantos outros (alguém ainda lembra de Playstation All Stars?). A diferença eram as múltiplas propriedades e personagens da Warner que poderiam ser utilizadas bem como a adoção de um modelo free to play o que, em tese, facilitaria o acesso ao game.

Pois tendo jogado ele por tempo considerável, diria que é o melhor “clone de Smash” entre tantos que tentaram não apenas pela variedade de personagens, mas por ter conseguido criar uma identidade própria que eleva de um mero reprodutor. As lutas ainda giram em torno de causar dano ao oponente para expulsá-lo da arena de batalha e modos como 1x1, 2x2 ou todos contra todos. A diferença aqui é o foco nas lutas em dupla e como todos os personagens tem habilidades que beneficiam não apenas o próprio lutador como o outro membro de sua equipe. Quando, por exemplo, Salsicha carrega seu poder total ele aumenta seu próximo ataque e também o do parceiro. Mulher Maravilha pode aumentar a própria capacidade defensiva e compartilhar esse efeito com o aliado caso ele esteja perto.

Com isso o jogo deixa bem evidente que o 2x2 é seu modo principal e buscar estratégias para aproveitar a sinergias de habilidades entre os personagens abre muito espaço para experimentação. O jogo conta com 17 lutadores que variam entre propriedades como o universo DC, Looney Tunes, Game of Thrones, Steven Universo e Hora da Aventura, com mais outros já anunciados, a exemplo de Rick e Morty.

Cada personagem soa bastante singular, com mecânicas próprias para entender. Logicamente alguns são mais simples, como Salsicha ou o Superman, enquanto outros como LeBron James (em sua versão animada de Space Jam: Um Novo Legado) ou Pernalonga exigem mais atenção a mecânicas próprias ou o gerenciamento do cooldown de várias habilidades. Jogar online faz os personagens subirem de nível e adquirirem vantagens que podem ser equipadas para as batalhas. Elas variam de ampliação de atributos gerais, tipo aumentar 5% o dano causado no ar, a modificações de habilidades específicas que dão novas estratégias para cada personagem.

Em geral não tive muitos problemas em encontrar partidas online, precisando esperar pouco provavelmente por conta da função crossplay que permite jogar com pessoas em qualquer plataforma. O netcode, que conta com rollback, também faz as partidas transcorrem de maneira fluida, com raros momentos de lag, algo que já seria impressionante em lutas com dois jogadores, ainda mais em lutas com quatro. Por outro lado, inúmeras vezes tive problemas para entrar no jogo no PS5. Quando o game abria, ele ficava lento e então dava crash ou me jogava de volta para a tela inicial para poder entrar novamente. Felizmente esse tipo de coisa não acontecia durante partidas, mas ocorreu um número considerável de vezes que tentei logar no jogo, o que se tornou aborrecido.

Além do online, também é possível jogar localmente, ainda que seja preciso estar conectado para acessar o jogo do mesmo jeito. Esse, no entanto, não é um problema e sim a pouca oferta de modos de partidas locais. Ao contrário do que acontece online, onde é possível usar bots para substituir a ausência de jogadores em uma dada partida, no multiplayer local só jogadores podem participar. Isso significa que se você tem apenas dois controles só é possível jogar lutas no modo 1x1, não podendo jogar 2x2 ou todos contra todos usando um misto de jogadores e bots. Considerando que esse recurso é oferecido online, não há motivo de estar ausente nas partidas locais. Quem tem interesse em modos mais individuais, tipo arcade ou história, também não vai encontrar nada desse tipo aqui.

Como é um jogo gratuito, obviamente existem microtransações presentes. Em geral esses recursos ficam mais focados em elementos cosméticos, já que elementos que afetam a jogabilidade, como as vantagens de personagem, não podem ser comprados. Existem duas moedas. O ouro, que é obtido em partidas, pode ser usado para destravar personagens e alguns recursos cosméticos. O outro é o Gleamium, que só pode ser comprado com dinheiro, e permite adquirir skins para os personagens e qualquer outra coisa que também possa ser comprada por ouro. O jogo disponibiliza gratuitamente quatro personagens que variam a cada semana, todos os demais precisam ser comprados com ouro ou Gleamium.

De início o jogo até oferece uma boa soma de ouro, mas conforme você vai subindo de nível e o tempo de recompensas maiores aumenta, adquirir recursos para habilitar personagens sem precisar usar dinheiro demanda tempo demais. Alguns usuários na internet estimam que seria necessário cerca de 40 horas para conseguir ouro suficiente para habilitar todos os personagens disponíveis no momento, um tempo que só tende a aumentar quando mais lutadores forem adicionados.

Nesse sentido, o jogo se beneficiaria em ser mais generoso com o ouro, até porque muitos elementos cosméticos só podem ser comprados com Gleamium, então facilitar a obtenção de personagens não desestimularia necessariamente as compras com dinheiro real. Nos modos locais, no entanto, todos os personagens e suas respectivas vantagens ficam disponíveis de cara, o que é uma boa maneira de experimentar com todos eles e decidir quais serão suas prioridades para desbloquear para os modos online.

Eu não poderia deixar de mencionar o cuidado e o afeto que o jogo exibe por seus personagens através das animações que reproduzem o modo de agir deles em suas obras de origem e dos diálogos que são fieis a suas personalidades e produzem interações divertidas ao longo das partidas, como conversas entre o Superman e o Gigante de Ferro ou entre Arlequina e Arya Stark. Por sinal, o jogo também traz os dubladores que eternizaram esses personagens, como Kevin Conroy como Batman ou Matthew Lilard como Salsicha. Até mesmo a Maisie Williams retorna aqui como Arya.

O mesmo cuidado, no entanto, não aparece nas arenas, que mesmo quando reproduzem locações icônicas, como o Coliseu de Steven Universo, tem muito pouco digno de nota acontecendo visualmente. As únicas exceções são a Batcaverna e a Mansão Mal-Assombrada do Scooby Doo, as demais falham em captar a singularidade dos cenários que representam. O que salva essas arenas é o uso da música que conta com ótimos arranjos orquestrais para músicas conhecidas como os temas principais de Steven Universo ou de Rick e Morty.

Multiversus se beneficia da jogabilidade variada e como consegue dar personalidade própria para um tipo de jogo de luta que muitos já tentaram imitar. Por outro lado, a pouca variedade de modos, principalmente locais, e a pouca generosidade com seus recursos quando já há uma boa quantidade de elementos sendo monetizados prejudicam um pouco a experiência.

 

Nota: 7/10


Trailer


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