Clean (Adrien Brody) trabalha como gari numa tentativa de reconstruir a vida depois de um grande trauma pessoal e de experiências como soldado que marcaram sua psique. Ele se afeiçoa a uma menina do bairro em que trabalha por ela lembrar sua filha e passa a ajudar a garota e mãe. O problema é que a garota acaba se envolvendo com membros do grupo criminoso liderado por Michael (Glenn Fleshler), levando Clean a interferir.
O começo do filme é bem lento, mais focado no cotidiano de Clean e dá a impressão de algo mais voltado para o drama e para os efeitos do estresse pós-traumático, meditando acerca da noção de como os soldados enviados para a guerra nunca voltam plenamente e deixam sempre uma parte de si para trás. Assim que o protagonista inicia sua resistência violenta aos criminosos do bairro, porém, tudo muda completamente para um típico filme de ação sobre vingança e vigilantismo urbano que tem muito pouco a dizer sobre as ideias que inicialmente tenta trabalhar, focando mais na pancadaria brutal.
Ainda há a tentativa de pensar na violência como um ciclo vicioso e interminável através da relação tóxica de Michael com o filho, mas é um elemento que não impacta como deveria justamente porque a ação nos direciona a encarar a violência não como algo abjeto e sim como um elemento catártico. Sim, a maneira explícita com a qual Clean despacha seus inimigos pode chocar pela crueza (como no momento em que ele dispara um sinalizador na boca de um criminoso), a questão é que o filme efetivamente nos solicita a torcer por Clean e a nos empolgar com a pancadaria e celebrar o extermínio desses criminosos. Assim, essa abordagem catártica para a violência entra em xeque com a mensagem que o filme quer passar.
Talvez um olhar igualmente melancólico, pessismista e pé no chão para a ação, menos focado em ser criativo na sua brutalidade, talvez funcionasse melhor, como aconteceu com Contrato Perigoso. Ou até uma completa rejeição da violência e do vigilantismo como meio de resolver a situação como Clint Eastwood fez muito bem em Gran Torino (2008). Mesmo observando meramente como um espetáculo de ação, não muita coisa que realmente o diferencie ou chame a atenção em um oceano de produções similares. Tirando alguns momentos pontuais em que o protagonista despacha de maneira criativamente brutal seus inimigos, a ação segue o manual típico de cortes em excesso e câmera chacoalhante que tem se tornado padrão no gênero. Além desses elementos o clímax é prejudicado também pela fotografia demasiadamente escura.
Desta maneira, Passado Violento não funciona nem como
um drama, nem como filme de ação, falhando em desenvolver de maneira
consistente qualquer um desses aspectos.
Nota: 4/10
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