Depois de serem derrotados pelo Cobra Kai de Terry Silver (Thomas Ian Griffith), Daniel (Ralph Macchio) e Johnny (William Zabka) lidam com as consequências. Johnny vê isso como uma chance de recomeço, de deixar para trás suas rivalidades de caratê e focar em sua relação com Carmen (Vanessa Rubio) e em tratar da animosidade entre Miguel (Xolo Maridueña) e Robby (Tanner Buchanan). Daniel, por sua vez, se vê obcecado em derrubar Silver, inclusive recorrendo ao apoio de Chozen (Yuji Okumoto) em sua empreitada.
A temporada começa lidando com essas consequências e isso dá uma chance para vermos o quanto a relação entre Daniel e Johnny evoluiu, ao ponto em que eles praticamente invertem os papéis, com Daniel botando tudo a perder em sua busca por Silver, enquanto que Johnny se torna um homem de família focando em sua vida com Carmen. Chozen é um dos destaques da temporada, entregando tanto humor quanto seriedade como parceiro de Daniel, levando a missão até as últimas consequências.
Silver, por outro lado, não tem muito a fazer além de aterrorizar Daniel. Claro, ele é bem eficiente em ser desprezível, mas agora que derrotou os inimigos ele não parece ter muito mais planos além de ideias vagas de expandir seu dojo para o mundo inteiro, numa espécie de objetivo de dominação global que dá uma dimensão muito grandiloquente a uma narrativa que até então é muito centrada na comunidade local em que esses personagens vivem. Elementos como os senseis estrangeiros com visuais exóticos parecem pertencer a um universo ficcional completamente diferente de Cobra Kai.
O amadurecimento de relações é algo que também acontece nos núcleos mais jovens, com Miguel e Robby deixando as diferenças de lado, bem como Sam (Mary Mouser) aos poucos entendendo Tory (Peyton List). Tudo isso serve para remeter aos temas dos filmes originais de que a violência por si só não vai resolver os problemas. Nesse sentido, a trama é esperta em não fazer Anthony (Griffin Santopietro) aprender a lutar para enfrentar Kenny (Dallas Young), permitindo que Anthony use a inteligência ao invés dos punhos. Do mesmo modo, a temporada subverte as expectativas ao trazer de volta Mike (Sean Kanan), um dos antagonistas de Karate Kid 3 (1989), de uma maneira relativamente inesperada.
Assim como aconteceu na temporada anterior algumas tramas não funcionam ou tem pouca repercussão. A busca de Miguel pelo pai é resolvida nos primeiros episódios e depois é completamente esquecida, não fazendo muita diferença. De maneira semelhante, a trama de Kenny continua sendo uma reciclagem dos arcos de Miguel, Eli (Jacob Bertrand) e Robby, não conseguindo trazer nada de novo, reduzindo Kenny a um dispositivo de roteiro. Inclusive a decisão de Kenny em abandonar o Cobra Kai vem rápido e fácil demais, como se ele pudesse ser facilmente redimido depois de tudo que fez. O arco de Kreese (Martin Kove) na prisão inicialmente dá novos contornos ao personagem ao fazê-lo confrontar os erros na terapia, mas no fim descaba para algo excessivamente mirabolante com seu plano de fuga.
O final resolve de maneira até bem amarrada boa parte dos arcos até aqui. Podendo até servir como desfecho para a série caso ela não volte para mais uma temporada (afinal todos sabemos como a Netflix adora cancelar séries). Se voltar, porém, espero que seja só mais uma temporada, já que a série mostra sinais de desgaste criativo e a trama não tem mais para onde ir depois do torneio mundial apontado nesta temporada.
Cobra Kai continua a acerta no desenvolvimento de seus personagens,
ainda que suas tramas já estejam dando sinais de desgaste.
Nota: 7/10
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