quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Crítica – Fim da Estrada

 

Análise Crítica – Fim da Estrada

Review – Fim da Estrada
Alguns filmes conseguem transitar bem entre vários gêneros, caminhando com fluidez por diferentes tons e temas. Fim da Estrada, porém, não é um desses filmes. Existem muitas ideias em jogo que poderiam render algo interessante, mas o resultado final não coloca esses elementos em um conjunto coeso.

Na trama, Brenda (Queen Latifah) está se mudando com a família de Los Angeles para o Texas depois da morte do marido tornar impossível custear a vida na cidade. Ela viaja acompanhada do irmão, Reggie (Chris “Ludacris” Bridges), e dos filhos Kelly (Mychala Faith Lee) e Cam (Shaun Dixon). No caminho eles passam pelo interior do Arizona, lidando com o racismo dos locais, mas as coisas se complicam quando testemunham um crime e acabam pegando uma mala de dinheiro que não lhes pertence.

O início, com Brenda repreendendo Reggie por fumar muita maconha e ele pensando em como vai ficar a viagem inteira sem erva parecem dar um tom de comédia a todo o processo. Assim que eles pegam a estrada, no entanto, a seriedade aparece mais forte conforme eles são alvo de condutas racistas. Mais adiante, conversas entre Brenda e Reggie falam sobre o trauma do falecimento do marido de Brenda, das dívidas que a família assumiu durante a doença do falecido e dos conflitos entre Brenda e Reggie, construindo um drama familiar. Posteriormente, a família toma posse da mala de dinheiro e tudo vira um thriller de ação.

O problema nem é tentar colocar múltiplos gêneros e temas, mas não conseguir fazer essas múltiplas abordagens funcionarem em conjunto. Os momentos cômicos são similares a qualquer comédia familiar que já vimos antes, o drama nunca é desenvolvido a contento e assim nunca nos envolvemos plenamente nas dores e traumas dos personagens. Já o suspense é prejudicado por reviravoltas previsíveis e uma ausência de urgência.

Queen Latifah e Ludacris conseguem convencer do quanto o racismo que os envolve afeta os personagens, conseguindo dar o devido peso a essas situações mesmo quando o roteiro não as constrói bem. Há uma sensação clara de desconforto conforme esses personagens transitam por espaços em que eles são observados com hostilidade. Não chega a oferecer nada que já não tenhamos visto antes em termos de discussão sobre racismo, mas ao menos o elenco nos faz embarcar na tensão desses momentos.

Tentando equilibrar simultaneamente muitos temas e gêneros, Fim da Estrada entrega um resultado que é menor do que a soma de suas partes.

 

Nota: 5/10


Trailer

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