A trama se passa em 2007 e conta como Esther (Isabelle Furhmann) chegou aos Estados Unidos e matou a primeira família por lá. Como qualquer um que viu o primeiro filme sabe, ela não é uma criança, mas uma mulher adulta com mais de 30 anos com um tipo raro de nanismo que prendeu o desenvolvimento do seu corpo ainda na infância. Originalmente chamada Leena, ela foge de uma instituição psiquiátrica na Estônia e acaba assumindo a identidade de uma garota estadunidense desaparecida chamada Esther por conta da semelhança com a menina. Ela então é levada aos EUA para a família da Esther original, sendo aceita por Tricia (Julia Stiles), mãe da garota, e os demais membros da família como a Esther real.
É incontornável comentar sobre a aparência da protagonista. Com mais de vinte anos de idade, Fuhrman tem alguma dificuldade em convencer plenamente como tendo a aparência de uma criança de onze anos. O filme faz o melhor que pode para tentar sustentar essa ilusão, filmando em perspectiva para fazê-la parecer bem menor do que realmente é, assim como recorrer a dublês de corpo em tomadas distantes ou de costas. Do mesmo modo, Furhman faz sua parte ao adotar uma voz mais aguda ou uma corporalidade que evoca alguém menor, no entanto, toda vez que a câmera traz um close de seu rosto é inevitável deixar de ver o rosto de uma mulher adulta, o que quebra um pouco a imersão.
De início parece que o filme seria mais um slasher genérico com Esther matando a torto e direto já que não havia mais a incerteza quanto ao que ela era por conta da reviravolta do primeiro filme. Felizmente a trama encontra uma maneira de nos surpreender mesmo assim, virando nossas expectativas do avesso com uma reviravolta que coloca a protagonista tendo que lutar para sobreviver, sendo simultaneamente vítima e algoz. Por conta disso o filme consegue dar algum frescor a uma produção que poderia ser meramente uma coleção de clichês.
Apesar de sabermos que Esther eventualmente matará toda a família de Tricia, o filme consegue criar alguma tensão e incerteza em relação a como isso acontecerá, já que a família tem sua própria parcela de segredos sombrios para manter Esther. Nesse sentido, Julia Stiles é habilidosa em construir a dualidade de Tricia, transitando com naturalidade entre uma persona de filantropa amorosa e uma faceta de megera implacável. Desta maneira, a narrativa consegue estabelecer uma tensa dinâmica entre as duas na qual ambas estão sempre com um plano oculto contra a outra, podendo agir a qualquer momento.
Os assassinatos são bem sangrentos, mostrando como Esther consegue ser letal e cruel com suas vítimas, costumeiramente terminando com a face a protagonista salpicada de sangue. Como algumas vítimas também são pessoas horríveis, há um certo valor catártico nessas mortes ainda que a trama nunca perca de vista que Esther é uma psicopata agindo em seu próprio benefício, resistindo à tentação de torná-la em algo parecido com uma anti-heroína.
Com uma trama que nos pega
desprevenidos em sua reviravolta e uma boa quantidade de gore, confesso que Órfã 2: A
Origem acabou sendo uma boa surpresa.
Nota: 7/10
Trailer
Nenhum comentário:
Postar um comentário