A narrativa é protagonizada por Becky (Grace Caroline Currey, a Mary do filme Shazam), uma montanhista que fica traumatizada depois da morte do noivo, Dan (Mason Gooding), em um acidente de escalada. Tentando tirar Becky da depressão sua melhor amiga, Hunter (Virginia Gardner), propõe uma viagem para elas espalharem as cinzas de Dan. Não seria, no entanto, uma viagem qualquer, elas subiriam em uma antiga torre de transmissão, a maior do país, e espalhariam as cinzas do alto. O problema é que a torre é muito antiga e durante a subida as escadas enferrujadas colapsam, deixando a dupla presa no topo. Agora elas precisam encontrar um jeito de sobreviverem e saírem da situação.
Claro, num primeiro momento é meio estúpido que elas tenham partido para uma empreitada super perigosa sem avisar ninguém do que fariam, mas não é implausível considerando que isso de fato acontece no mundo real, vide o filme 127 Horas. A partir do momento em que a dupla fica presa, o filme é eficiente em encadear situações de tensão envolvendo a tentativa de recuperar uma mochila de mantimentos, usar um drone para mandar uma mensagem de socorro ou tentar rechaçar ataques de urubus. A narrativa ainda consegue entregar alguns momentos de surpresa que nos fazem reinterpretar alguns momentos aparentemente implausíveis.
Boa parte da tensão vem do uso de planos abertos e de como a câmera explora a amplitude e profundidade de campo para nos deixar imersos na sensação de vertigem provocada pela alta altitude em que as personagens se encontram. Os enquadramentos transmitem bem a imensidão e o perigo da posição em que as personagens se encontram, do mesmo modo que a iluminação dá a medida do calor constante e causticante durante o dia. É justamente porque sentimos o impacto de como é estar naquele lugar que aderimos a elas. É pela tensão da ação que nos mantemos investidos com as personagens, já que toda a trama de tragédia pessoal de Becky é bem genérica e acaba fazendo pouca diferença no grande esquema das coisas.
Se a imagem consegue dar a sensação de tensão vertiginosa, o mesmo não pode ser dito do uso da música, que muitas vezes é tão intensa e intrusiva nas cenas que chama mais atenção para si mesma do que para os apuros que as personagens estão vivendo, muitas vezes tentando forçar tensão onde não tem. Talvez explorar mais os silêncios para dar a sensação do vazio em que se encontram ou usar mais ruídos como sons de lufadas de vento ou o ranger dos objetos enferrujados da torre para implicar em como aquele espaço é perigoso. Poderiam até mesclar esses constantes ruídos com a música experimentando com uma construção musical ao estilo da música concreta.
Com planos vertiginosos, A Queda vale pelo modo como constrói uma
clara sensação de perigo para as protagonistas, mesmo que a trama em si seja
descartável.
Nota: 6/10
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